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Roubaram meu por de sol!

Atualizado dia 20/02/2011 11:56:43 em Psicologia
por Cássia Marina Moreira


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  Isto foi uma tristeza, um choque, uma lástima; embora tenha sabido desde sempre que mais dia menos dia contemplar o pôr-do-sol da minha sacada de casa acabaria.

Mas foram tantos anos comungando, partilhando da grandeza e beleza infinda que existe num cair de tarde, sentada na rede, só escutando os silêncios cavernícolas da mente.

Parecia tão meu, caía tão bem naquela janela, ficava tão em paz por entre as nuvens que, dançando, desfilavam por um céu colorido pelos tons do entardecer.

Ledo engano, o pôr-do-sol é de todos, mas não pertence a ninguém, talvez por um tempo como ele que foi para mim um companheiro devotado e fiel a cada dia. Por isso, pensei que fosse meu.

Construíram, finalmente, um novo edifício do outro lado da rua, e foi ele quem roubou de mim o pôr-do-sol...
Tenho fotos e lembranças... assim como já tenho saudades da companhia iluminada e bela deste amável companheiro. Nem mesmo terminada a construção está, e já devasta minhas tardes, onde a calma e a sonoridade da alma em contemplação do belo mergulham céu adentro, mente adentro, o que reluz em vida e deleite fora.

Nada, no final ,é nosso!

A beleza permanece, porém, em outras janelas, em outras sacadas. Embora a fila ande e vida continue a acontecer, uma tristeza de saudade boa fica em mim, como toda saudade boa deve ficar... a lembrança do belo e da comunhão com a alegria que só natureza traz e traduz. E que a nós vem e vai.

Foram inúmeros instantes entre o estar e não estar, que o pôr-de-sol por mais de duas décadas tentava me dizer: hoje estou amanhã talvez não mais!

Curti sem querer pensar no que ele significava além da beleza intensa, o sofrido e derradeiro fim. Fim do dia, fim de ciclo, fim - apenas fim por fim!

Cada vez que abro a janela, e vejo mais um andar ser construído do outro lado da rua, eu não tenho como não ficar arrasada! Penso que daqui para frente, perdi definitivamente o previlégio de ter uma rede cativa na sacada para contemplar o céu com pôr-do-sol mergulhando entre as macias e coloridas nuvens de algodão.

Só não deixei de usufruir e, claro, de agradecer, a cada entardecer o presente maravilhoso que literalmente recebia do céu, o mais puro deleite.

Que não me roubem a aurora, que a cada novo dia me chama para vida, e me faz despertar com a luz da manhã. Que vivaz rompe as enevoadas madrugadas de São Paulo. 

   E que, por favor, não me roubem as luas brancas, amarelas ou vermelhas, que pairam solitárias, bem além das antenas e luzes de alertas dos altos edifícios, que dribla as mais espessas camadas de fumaça e névoa das incríveis noites paulistanas só para mostrar-se tão poderosa como a cidade e ainda mais brilhante e bela do que esta.

Que não me roubem mais nada! Nem mais um bem, que como o pôr-do-sol bem sei não me pertence, mas que me acalma a alma neste vai-e-vem dos dias que toda vida traça.

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Conteúdo desenvolvido por: Cássia Marina Moreira   
Cássia Marina Moreira Psicóloga / Terapeuta Floral - Vibracional Pesquisadora do Sistema das Essências Vibracionais D´Água
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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