Sua casa, seu Santuário!

Voltava de uma apresentação, onde havia falado sobre como as pessoas estão distantes de valores importantes, quando observei uma casa de frente ampla, bom terreno e construção, porém, maltratada não só pelo tempo, mas pelo descuido de seus ocupantes.

 

Meu pensamento imediato foi “Meu Deus, será que eles não sabem que nossa casa é nosso Santuário?”. Este pensamento me acompanhou até chegar à minha casa. Peguei-me alegre por estar em um ambiente limpo, arrumado, com tudo em seus lugares. Até a louça de meu café da manhã já havia lavado. Uma sensação de bem-estar tomou conta de mim. Refleti sobre as vezes que, com pressa ou mesmo com preguiça (a maior parte das vezes), deixei as coisas desarrumadas. A sensação de mal-estar sempre estava presente.

Já em outros textos falei sobre o fato que a arrumação externa dos espaços que vivemos refletem nosso estado interior. A bagunça externa reflete a bagunça interna. Várias pessoas já me relataram em consultório que, ao se disporem a arrumarem suas coisas, no início se sentiram oprimidas, com o peito apertado, e à medida em que foram deixando os espaços ajeitados, foram sendo tomadas gradativamente por uma calma interior que lhes possibilitava uma reflexão tranquila de suas situações.

 

Estas arrumações dos espaços foram aquietando as mentes e, conforme conseguiram ir mantendo os mesmos arrumados, perceberam que internamente seus conflitos começaram a ser melhor identificados, possibilitando assim uma ação mais eficaz na busca da solução dos mesmos.

 

Não só nossa casa é nosso Santuário. Já escutamos também “nosso corpo é o Santuário de nossa alma!”. Qual o cuidado que dedicamos a ele? Cuidado que vai desde a higiene pessoal até e principalmente ao que ingerimos, em comida, bebida e ideias, programas de TV etc?

 

Não é possível se sentir bem em um ambiente sujo, desarrumado, desorganizado, com as coisas fora do lugar e atrapalhando os caminhos. Também não o é o caso de internamente estamos vivendo um turbilhão de pensamentos e sentimentos. Essa agitação interior impede que se possa raciocinar com clareza, assim como objetos no meio do caminho impedem o ir e vir de forma tranquila e sem maiores riscos.

 

Assim como o número de acidentes aumenta substancialmente em locais mal-estruturados, em mentes conturbadas, o raciocínio fica truncado e as conclusões raramente são a expressão da razão.

 

Como nas casas, existem cômodos que de tão atulhados seus donos mantêm as portas fechadas e têm horror de neles entrarem, quando os pensamentos se encontram desordenados. Da mesma forma, há uma relutância em se olhar o que de fato está em nós, e com isso mantemos as causas de nossas dores e infortúnios vivas, atuando e mantendo nossa infelicidade.

 

Santuário é o nome dado ao local onde se guardam ou conservam objetos dignos de veneração. Local onde se encontram grandes e nobres sentimentos; a parte mais íntima de um ser.

 

Há aqueles que sofrem por acharem que não possuem nada de nobre, nada digno de veneração. Grande engano. Todos possuímos algo de valor. Organizar-se internamente é o meio de identificar e cuidar para que esse “achado” se manifeste e provoque grandes renovações em nossas vidas.

 

Texto Revisado