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Zona Defensiva de Neutralidade

Atualizado dia 10/12/2013 11:01:00 em Psicologia
por João Carvalho Neto


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Pesquisas recentes têm apontado que todo ser humano possui 90% de chance de passar por eventos traumáticos ao longo da vida. Se somarmos a esta possibilidade o fato de que todos nós viemos de múltiplas existências, através do processo reencarnatório, dificilmente exista alguém que nunca, na sua história palingenésica, tenha vivenciado situações deste tipo.

Claro que passar por um evento traumático não significa construir um trauma psicológico, isto porque, a traumatização depende tanto da magnitude do evento quanto (ou até mais) da capacidade de se adaptar à situação pós-traumática, aquilo que hoje temos chamado de resiliência (termo trazido da Física para a Psicologia).

Diante de situações traumáticas, o psiquismo humano desenvolve estratégias de elaboração e superação ou, quando não consegue resolvê-las, estratégias defensivas que não eliminam a questão mas aliviam os sintomas através da repressão das causas, deixando a sequela de comportamentos repetitivos ligados à sua opção defensiva. Ou seja, quando você usa um mecanismo de defesa porque não superou o trauma pela elaboração, este mecanismo precisa continuar vivo e se reproduzindo para manter a homeostase emocional, já que a causa do trauma está reprimida mas não resolvida. A pessoa se torna, então, prisioneira de um comportamento que a alivia por um lado mas que a escraviza por outro a condutas muitas vezes indesejáveis e que despendem energia psíquica improdutiva.

Uma estratégia que observo com muita frequência no consultório, ligada a traumas oriundos de relacionamentos afetivos, é o que estou chamando de fixação na zona defensiva de neutralidade.

Existem pessoas que quando passam por algum tipo de perda afetiva, por morte ou separação indesejada, diante de um sofrimento que se apresenta insuportável, optam por não se ligarem mais afetivamente a ninguém, e mesmo quando o fazem, mantém um estado de neutralidade afetiva, sem se permitirem a vivência do que um relacionamento pode oferecer no campo da afetividade, por medo de voltarem a sofrer a mesma dor anterior.
Pessoas desse tipo vivem parcialmente a vida. Se, por um lado se protegem do sofrimento, por outro, não gozam suas plenas possibilidades de serem felizes. São mornas no amar, no sentir, no gozar, no viver. Não querem sentir dor, mas nem tanto sentem prazer.

Apesar desse tipo de estratégia defensiva acontecer majoritariamente nas questões afetivas, dentro da perspectiva que percebo, também acontece com alguma frequência com pessoas que foram censuradas com violência nas suas formas de expressão contra alguém ou contra o sistema, principalmente em vidas passadas, quando isso era muito mais comum. (Não que não continue a acontecer mais!)

Diante de traumas causados por penalizações violentas, algumas pessoas assumem esta postura defensiva de neutralidade e passam a serem omissas quanto a possíveis situações que vêem como riscos eminentes de punição, mesmo que isso não seja uma possibilidade real. Transferem o medo do sofrimento que passaram para a vida atual e não arriscam a se expressarem com assertividade porque, na construção neurótica que fizeram, estariam à mercê de novos castigos. São aqueles sem postura diante da vida.

No Livro Apocalipse, João Evangelista afirma: “Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”. (Cap. 3, 15-16)

Esta passagem sugere que as leis da vida parecem não tolerar os omissos, ou os que não participam plenamente da vida. E não poderia ser diferente já que a vida nos foi dada para receber e doar, para fluir, e não para estagnar.
Não entendam os amigos leitores que estou propondo comportamentos radicalizados e extremistas. A parcimônia traz pacificação interior quando vivida por opção e não defensivamente. Refiro-me aqui ao medo de amar e de se expressar que não significam uma parcimônia saudável, mas uma autocensura restritiva e neurótica.

As pessoas que vivem na zona defensiva da neutralidade sentem-se em uma situação de conforto mas que é estacionária, e o universo não tolera a estagnação e o vazio. Quando isso acontece, as forças das leis cósmicas agem no sentido de mobilizar o estacionário, quase sempre de uma forma que ele não gosta, até porque preferia a sua zona de conforto.
Com isso, a zona defensiva da neutralidade pode até trazer alguma sensação de alívio, mas será passageira, pois mais cedo ou mais tarde o universo vai conspirar para mobilizar o que estava paralisado. É só questão de tempo.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor dos livros
“Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal”
www.joaocarvalho.com.br




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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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