A parte mais segura de você
Atualizado dia 15/05/2013 17:00:52 em Vidas Passadaspor Flávio Bastos
Eu parto do pressuposto de que para melhor compreender o amor, o homem precisa penetrar nos mecanismos psíquico-espirituais geradores do mal e extrair de suas entranhas as explicações e significados que transcendam ao histórico infantil do indivíduo.
E a principal pista para uma investigação estrutural e profunda do insconsciente humano ligado à sua transcendentalidade é o ego sob a influência de valores materialistas associados ao "ter" e ao "poder" como forma de crescimento pessoal.
O problema, na verdade, não é o ego freudiano visualizado como importante instância do psiquismo que busca o equilíbrio entre as pulsões do ID e as exigências do superego. Mas o uso do ego de uma forma centralizadora, egocêntrica, que faz do indivíduo o "centro de atenções" no palco da vida. Tendência, que ao longo dos milênios, tem levado o homem ao desequilíbrio através da insana busca pelo poder.
Muitos conseguiram "perpetuar" o ego na história da humanidade. No entanto, deixaram para trás um rastro de sangue e desespero. Conseguiram atingir seus egocêntricos objetivos e satisfazer as exigências de um ego desarmonizado pela influência de processos obsessivos.
Imaginemos, então, quando vários egos em desequilíbrio associam-se em torno de interesses individuais ou coletivos. É um "vale-tudo" onde o personalismo, a manipulação, as táticas de sedução e ilusão, e a mentira, sufocam a transparência dos fatos. Vimos muito destes exemplos no cenário político onde o maniqueísmo tem gerado a densa energia que envolve -a qualquer custo- a disputa de interesses pelo poder.
Certa vez, José Saramago, nobel da literatura, registrou em seus escritos: "O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas covardias do cotidiano, tudo isso contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental, que consiste em estar no mundo, ou só ver dele o que em cada momento for suscetível de servir os nossos interesses".
Reflexão que sintetiza a crise de desconfiança que atualmente vivenciamos. Crise que iniciou há milênios, quando o homem deixou-se seduzir pelas artimanhas de um poder efêmero, e passou, consequentemente, a explorar o seu semelhante para atingir um "estado de coisas" que garantisse o seu status de indivíduo poderoso na sociedade a qual pertencia.
Vários destes indivíduos reencarnaram e reproduziram na nova experiência vital o que haviam aprendido nas suas relações com o poder dos homens. Formou-se, então, um círculo vicioso onde o ego em desarmonia tornou-se a vedete no palco da vida.
Observa-se tais comportamentos, praticamente em todas as áreas de atuação do indivíduo na sociedade. Mas, em especial, na política e em certos credos religiosos, onde verifica-se egos inflados pelos desajustes psíquico-espirituais proporcionados pela sede de poder.
Portanto, o momento mundial sinaliza que o homem chegou à síntese daquilo que voluntária ou involuntariamente construiu ao longo de sua história. Ou seja, o ápice de uma experiência na qual o ego foi o principal ator no palco das reencarnações. Ator que conseguiu centralizar, isto é, chamar a si a atenção daqueles que viram as suas vidas passarem sem alterar um "estado de coisas" que promoveram egos inflados ao poder.
Contudo, o atual momento também é de reflexão e de questionamentos sobre o que o homem criou para si mesmo com as suas escolhas egocêntricas, individualistas e centralizadoras. É momento de visualizar o passado para alterar o presente com perspectivas de futuro. Um futuro que contemple um mundo sem a patológica interferência do ego nos desígnios da humanidade.
Neste sentido, referiu-se Charles Chaplin em uma de suas mensagens: "Aos que me podem ouvir eu digo - Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura dos homens que temem o avanço humano".
Do epílogo de uma velha era, o homem ingressa no limiar de uma nova era, na qual os delírios de grandeza deixam de existir para dar lugar a um eu transparente, verdadeiro e comprometido com os interesses do bem-comum.
De prisioneiro de si mesmo, ou seja, de seu orgulho e egoísmo, o homem liberta-se de um passado atrelado ao seu lado obscuro para a transcendência cristalina de uma era de sensibilidade, cujas escolhas promovem os valores da alma em sintonia com a arte de viver.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 87
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Vidas Passadas clicando aqui. |