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Almas gêmeas: mito ou realidade?

Atualizado dia 9/12/2012 7:01:21 PM em Vidas Passadas
por Flávio Bastos


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"A afinidade é mesmo o fruto mais saboroso das afeições livres que o amor sustenta e agasalha na oficina do tempo". (autoria desconhecida)

Segundo o espiritismo, O fato de vibrarmos no mesmo diapasão emocional, moral e intelectual de pessoas que encontramos no caminho que o nosso destino percorre, não carcteriza em moldes inteligíveis as linhas dessa relação recém descoberta. O que nos mostra a variedade em que nos apresenta o reencontro.

Nesta direção, as relações amorosas, afetivas, filiais e amistosas, trazem em seu próprio arcabouço, o condão de nossas necessidades e aprendizados. E o vértice de abertura do leque relacional, não se prende às medidas humanas. Até porque na esteira das reencarnações, poderemos ou deveremos mudar os papéis de contato e envolvimento, visando ajustes e reconciliações; observando também apoio, ajuda e influências necessárias para o melhor aproveitamento desses reencontros.

Para o Espiritismo não há destino, não há predestinação, não há sorte ou azar. O futuro é construído todos os dias. Através de pensamentos e ações, o espírito escolhe e determina o seu caminho, exercitando uma característica indissociável do ser inteligente: o livre-arbítrio.

Portanto, se associarmos o conceito de "afinidade espiritual" de indivíduos que vibram no mesmo diapasão moral, emocional e intelectual, com o conceito de "livre-arbítrio", quando o indivíduo escolhe os seus desígnios através de pensamentos e atos, verificaremos que a existência de almas gêmeas entre nós, torna-se uma possibilidade somente entre espíritos de um nível superior de evolução espiritual, que não é o caso da grande maioria de espíritos que reencarnam no planeta Terra.

Ora, se considerarmos que não existem privilégios na criação, por termos sido criados "simples e ignorantes" e, com o passar das vivências, adquirido conhecimento e aperfeiçoado a moral, o fato de haverem dois espíritos com destino de se encontrarem, vai contra esse princípio e nega totalmente a premisssa de nosso livre-arbítrio.

Quatro questões do Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec, nos esclarecem a respeito do mito das "almas gêmeas". É o que veremos a seguir.

Questão 298. As almas que devem unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós, tem, em alguma parte do universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá?
Resposta: "Não, não há união particular e fatal de duas almas. A união que há é de todos os espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a felicidade".

Questão 299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de alguns espíritos que sevem para designar os espíritos simpáticos?
Resposta: "A expressão é inexata. Se um espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos".

Questão 300. Se dois espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para todo o sempre ou poderão separar-se e unir-se a outros espíritos?
Resposta:  "Todos os espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um espírito se eleva, já não simpatiza como dantes, com os que lhe ficaram abaixo".

Questão 301. Dois espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia existente entre eles é o resultado de identidade perfeita?
Resposta: "A simpatia que atrai um espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua identidade".

COMENTÁRIO

Nos últimos anos, tenho recebido muitos e-mails e tratado de vários casos  em que a "alma gêmea" é o tema que ilustra relacionamentos amorosos reais ou platônicos. Geralmente, são mulheres que acreditam na existência de sua "cara-metade" e, que por este motivo, se entregam de corpo e alma em relações que apresentam como característica o traço passional.

No entanto, na totalidade dos casos analisados, observa-se os sentimentos de frustração, dependência ou posse que ainda resta da relação que está por um fio ou que acabou de uma forma traumática. Tudo porque a pessoa acreditou que a outra fosse a sua alma gêmea, e insistiu até o relacionamento ser consumido por sentimentos negativos gerados pela própria experiência.

Na verdade, é uma ilusão acreditar que existem caras-metades que se completam no relacionamento a dois, pelo menos na dimensão que vive a esmagadora maioria dos espíritos encarnados.

Antigos afetos podem reunir-se através de uma relação afetiva, para tentarem evoluir um pouco mais a partir do patamar evolutivo de cada um. E, desta forma, ajudarem-se mutuamente no sentido do progresso consciencial que passa pelas leis naturais da vida. Estes espíritos são considerados afins, ou seja, reunidos pela afinidade moral, ética, emocional e intelectual. Contudo, cada um tem o seu livre-arbítrio que pode orientá-los tanto para caminhos iluminados, quanto para caminhos nebulosos, fazendo com que se separem -ou não- um do outro.

Portanto, podemos concluir, considerando-se a experiência de quase dois séculos do espiritismo, associada às minhas experiências enquanto psicoterapeuta interdimensional e dirigente mediúnico espírita, que não existem almas gêmeas da forma como é descrita e veiculada pela mídia e, sim, indivíduos ligados pela simpatia ou afinidade espiritual, que se encontram ou reencontram para definirem os seus desígnios conforme o princípio do livre-arbítrio.

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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