As Moiras do Destino
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Autor Regina Ramos
Assunto Vidas PassadasAtualizado em 8/29/2011 11:38:02 AM
“Depois que todas as almas escolheram suas vidas, apresentaram-se diante de Laquesis. E ela enviou com cada uma, como guardião de sua vida e realizador de sua escolha, o daimon escolhido por cada uma.” ( Platão, A República.)
Na mitologia grega, a deusa Ananque, ou a Necessidade, estabelece o que é necessário viver para o nosso processo evolutivo. Ela não faz julgamento moral sobre o que é bom ou ruim; ela determina o que é necessário, o que nos cabe viver. Suas filhas, as três Moiras ou Parcas, ajudam-na para o que o destino de cada um de nós se cumpra.
Cloto, em grego fiar, tece a vida; Laquesis, (em grego sortear) enrola o fio e sorteia o que ou quem vai morrer, determinando a qualidade e a durabilidade da existência, e Átropos, que significa não voltar, ser inflexível, corta o fio.
Quando optamos por algo e dá certo, pode saber que aquilo estava no nosso destino, caso contrário, é fracasso. Lisa decidiu mudar de cidade e tudo deu certo, até prosperou. Deu certo porque as Moiras permitiram, porque fazia parte do fio de sua vida, senão, ela não teria conseguido se mudar por mais que quisesse e se esforçasse para isso.
Quem não já teve experiências assim? Uma pessoa empenha todos os esforços para conseguir algo, mas no momento que esse algo está ao alcance de suas mãos um incidente ocorre e tudo vai por água abaixo. A pessoa se levanta de novo, se empenha de novo, mas não consegue. Se estivesse em seu destino, conseguiria. A religião diz que “Foi melhor assim.” ou que “Deus não quis.” A psicologia vê como um boicote da psique, ou seja, por alguma razão inconsciente a pessoa mesma não permitiu que aquilo se realizasse. Pode até ser. Há casos que se encaixam nesse aspecto psicológico. Todavia, há que se pensar também nelas, nas Moiras!
Se a ação for delas, não adianta continuar confrontando-as. É melhor não agir, voltar atrás, ficar quieto como uma montanha e aguardar. Pode ser que na época certa aquilo se realize, ou pode ser que nunca se realize. Se nunca vier a se realizar é porque não fazia parte do destino.
Não se pode fugir do destino por se tratar, talvez, da força cósmica mais forte. Muitas pessoas tentam escapar daquilo que é o seu quinhão na terra, porém, mesmo que tardiamente, o destino se apresenta de forma inexorável. Se cada um examinar a própria vida, constatará que suas vitórias vieram por meio de esforço, ou não; algumas vitórias ocorrem com grande facilidade, outras com enorme esforço, porém, quer seja de um modo ou de outro, elas somente acontecem porque Átropos, a cortadeira, não fez o corte. Ela corta o que não faz parte do destino da pessoa, para que o mesmo se cumpra, e corta a vida quando chega a hora. Contudo, certas pessoas não aceitam alguns cortes de Átropos e se revoltam, gritando que tal corte é injusto, que nada fez por merecê-lo. Mas a questão não diz respeito a merecer, e sim ao que é necessário.
Então, não há poder de escolha? Então já está tudo determinado? Não, não se trata de determinismo. Como nos explica Platão, no mito de Er, o indivíduo escolhe o seu daimon, ou seja, o aspecto pessoal do destino, e o daimon tem apenas uma participação em nossa vida, chamando-nos para cumprir aquilo que escolhemos antes de reencarnar. Ele nos chama por sinais, por acontecimentos diversos, felizes ou tristes. Acontecimentos que nos induzem a questionar e a refletir. “Por que isso?” O daimon, com suas intervenções, nos chama a análise e não nos exime de nossas responsabilidades.
O modo como Ananque e suas filhas Moiras atuam em nossas vidas é místico.
Místico porque é insondável. Entretanto, se prestarmos atenção, podemos sentir a presença delas nos acontecimentos mais sutis, porém que nos fazem mudar de rumo para que o nosso destino se realize.
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Professora de Português, Francês, História da Educação e Filosofia da Educação. Orientadora Educacional e Consultora Pedagógica. Palestrante. Taróloga. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Vidas Passadas clicando aqui. |