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Por falar em amor

Atualizado dia 20/08/2014 18:58:49 em Vidas Passadas
por Flávio Bastos


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"Tanto minha experiência médica quanto minha vida pessoal, colocaram-me constantemente diante do mistério do amor e nunca fui capaz de dar-lhe uma resposta válida". (Carl Jung)

Desde tempos remotos, dois enigmas acompanham o homem em sua trajetória existencial: a morte e o amor. Incógnitas que confundem e desorientam gerações de humanos à procura da felicidade.

No entanto, por se apresentar "real" aos nossos olhos e sentimentos, o mistério da morte é aceito pela resignação ou pela dor que acompanha aqueles que permanecem na dimensão física. Por outro lado, o mistério do amor aprisiona e, ao mesmo tempo, liberta aquele que o experiencia em seus diversos níveis de intensidade ou entrega.

Contudo, no contexto que envolve a relação do homem com o seu mundo, repleto de interações onde a energia do amor se faz presente, ainda nos direcionamos para caminhos onde o imediatismo das sensações, traduzido por sensações momentâneas de prazer, representam duas palavras: fazer amor.

"Fazer amor" banaliza, reduz e limita a energia do amor a um momento canalizado para o gozo, que pode ser praticado de forma consensual entre parceiros (prazer), mediante violência (estupro), em troca de dinheiro (prostituição) ou por interesse (segundas intenções).

Neste sentido, muitas pessoas se decepcionam com as experiências afetivas porque alimentam as suas expectativas para o sexo em função do ideal de amor romântico. Outras vivem à procura de receitas ou fórmulas milagrosas, até se darem conta que uma relação amorosa é construída com duas ferramentas imprescindíveis: emoção e razão.

A história e a modernidade nos mostram, que por medo ou desconhecimento de seu amplo significado, reduzimos o amor ao "fazer" como se o ato sexual bastasse para nos sentirmos felizes e realizados em nossas caminhadas vitais. Ilusão que faz do orgasmo uma droga que pode ser de efeito anestesiante ou alienante.

A polêmica sobre o amor contagiou estudiosos da psique humana como Sigmund Freud, Carl Gustav Jung e Wilhelm Reich, entre outros. Reich, na primeira metade do século vinte, afirmou "que nunca se denunciará suficientemente a influência perniciosa dos preconceitos morais na área da sexualidade". O psicanalista austríaco causou escândalo ao defender a função libertária do orgasmo, inspirou a contracultura e gerou discípulos pelo mundo, antes de sair de moda. Porém, na era da banalização do sexo, suas ideias voltam a ganhar sentido e seguidores.

Sobre a libido, Freud e Jung divergiram. Freud considerava a libido como motor das atividades humanas. Jung contestava, postulando que a libido sexual era uma força poderosa da psique humana, mas não a única como registrou em seus escritos: "Quando somos jovens, a libido sexual pode governar a vida, mas à medida que envelhecemos, outro fator pode adquirir importância".

Segundo o Budismo, precisamos compreender os tipos de motivação e de comportamento que são destrutivos e os que são construtivos. Ou seja, precisamos aprender a distinguir entre o que nos vai causar infelicidade e o que vai nos trazer felicidade. Com relação à ética sexual, a abordagem budista é de não-julgamento. Determinados tipos de comportamentos e motivações sexuais são destrutivos, enquanto que outros são construtivos. A escolha é nossa. Se quisermos ter problemas devido ao nosso comportamento sexual, vamos em frente e cedemos aos nossos impulsos e desejos. Mas, se não quisermos ter problemas, então há certas coisas que precisamos evitar.

O amor, por ainda ser um sentimento incompreendido, tem gerado muitas dúvidas e a sua experiência humana é dividida em duas categorias, amor-sexo e amor-expansão, sendo que a primeira categoria contempla as visões freudiana e reichiana, e a segunda categoria aproxima-se das visões junguiana e budista sobre a sexualidade.

No âmbito relacional, onde o amor é sinônimo de sexo, reduzimos o valor deste sentimento ao desejo e a satisfações fugazes, e momentaneamente nos conformamos com o desejo realizado sem percebermos que a completude é a lógica que buscamos no amor.

Nesta direção, creio que o maior desafio das próximas gerações de humanos é encontrar o "caminho do meio", ou seja, o equilíbrio entre a libido e a sexualidade experienciada num âmbito mais amplo. Nível de conhecimento que possa ressignificar o amor além de uma visão reduzida às nossas necessidades básicas.

O desconhecimento do amor como fonte de cura e de felicidade possível interfere na nossa concepção de mundo, e o resultado está na forma de como julgamos o outro e a nós próprios através da visão liberal ou conservadora do sexo nas relações afetivas.

Por falar em amor, falta-nos o conhecimento e a experiência de sua amplitude, pistas que filósofos, poetas,  espíritos benevolentes, cientistas e estudiosos da psique humana deixaram para que possamos seguir além de seus passos, rumo ao que somos em verdade e essência.

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
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