Feche para balanço - Blog Autoconhecimento
 


Feche para balanço

Autor: Nelson Sganzerla
Feche para balanço
 

Feche para balanço

por Nelson Sganzerla - [email protected]

Muito bem... Comece pelas gavetas do quarto, de preferência aquelas do seu criado-mudo, jogue fora os remédios que sobraram da última crise de estresse; você por certo não irá mais tomá-los, então pra que guardá-los? Pegue a Bíblia que está na cabeceira da cama mude a página com o marcador pois você, com certeza, não anda lendo muito a Bíblia. Rebusque lá no fundinho das suas gavetas aquelas fotos das viagens, com tios ou tias, fotos daquele carnaval de muito tempo atrás com seus amigos e amigas, das ex-namoradas ou namorados, daquele tempo de solteiro ou solteira - devem estar amareladas pelo tempo - então desfaça-se delas! Esse tempo já foi, essa energia já passou, dê possibilidade para outras fotos, outras paisagens, outras pessoas e mesmo que sejam as mesmas e os mesmos amigos, que sejam renovadas, passadas a limpo... isso é muito bom, sinal que você ainda os conserva em sua vida; é bom ter velhos amigos renovados.

Guarde tudo em sua mente e libere a energia, abra espaços para o novo, deixe o novo entrar em sua vida.

Vá até sua sapateira e separe aqueles pares de sapatos que você julgava usar, aqueles que só usou em uma festa, no casamento do irmão, da irmã, do melhor amigo ou amiga, então... pra que guardá-los? Doe a uma instituição; há muitas pessoas que poderão precisar e, cá entre nós, você não está indo em tanta festa assim... a quantos casamentos você foi neste ano? Percebeu que todos os seus amigos já se casaram?

Chegou a vez do armário... Coragem! Este precisa de maiores limpezas; comece pelas malhas, aquelas que você tirou do armário do seu irmão ou irmã e trouxe para o seu e nunca usou; aquelas que você, quando limpou o guarda-roupas da sua mãe, levou para o seu e nem desdobrou. Desfaça-se, livre-se da maioria pois, se pensar bem, nem lhe servem mais ou você julga fora de moda, então, guardar para que? Existem muitas pessoas que necessitam mais do que você; aqueles casacos pesados que você levava em suas viagens; na certa não está mais viajando tanto e nem consegue usá-los nesse nosso clima tropical; então, está esperando o que? Desfaça-se, dê lugar ao novo, libere essa energia estagnada em sua vida.

Muito bem! Feito isso, vire-se para a sua estante de livros, vamos... não tenha dó, desça todos eles e olhe um a um; primeiro retire tudo que você guarda entre as páginas e, com certeza, irá se surpreender com quanta coisa que você anotou, deixou lá e nunca leu. Conhecimento é bom mas é necessário passá-lo à frente; não se deve guardar; existem muitas pessoas que também necessitam fortalecer a alma, não guarde o conhecimento só para você: vá a um sebo e troque esses livros por outros que você ainda não leu ou, então, doe-os a uma instituição. Para que toda essa energia presa em sua estante? Da mesma forma, os livros da faculdade: você irá usá-los novamente em que? E mesmo que necessite, temos a internet; nem seu filho ou filha vai querer manuseá-los mais.

Imagino que todos tenham um lugarzinho, um cantinho, seja na garagem, no depósito do prédio, no antigo quarto de solteiro ou solteira na casa da mãe, debaixo da escada, onde se costuma guardar todas as tranqueiras que podemos chamar de diversas (quadros antigos, gravuras que foram representativas, cocar do Xingu, berimbau, vidro de bola de gude, renda portuguesa da avó, pingüim de geladeira, rádio do carro antigo, luva de boxe, coleção de gibi, jornais com matérias que você só leu uma vez... enfim, ficaria aqui enumerando coisas de A a Z. Agora, me digam, pra que tudo isso? Quem irá precisar disso? Quanta energia acumulada e quanta falta de espaço para o novo e para o agora!

Como somos conservadores, como somos egoístas e guardamos tudo para nada; acumulamos sem necessidade; temos muito mais do que necessitamos para viver e assim passam-se anos e anos e não nos damos conta de tudo isso.

Proponho que façamos um balanço neste final de ano; que possamos abrir espaço para o novo em nossas vidas, em nossas casas e mesmo que não seja o novo, que seja o renovado, que seja o limpo, sem o ranço e os ácaros. Que vivamos o agora.
"Não vos preocupeis pelo dia de amanhã, pois a cada dia já basta o seu cuidado." Palavras sábias de um mestre que viveu sem acumular nada e, no entanto, se faz presente até hoje em nossas vidas e em nossos corações.

Que, em nosso reveillon, o banho seja não só de champanhe, mas de renovação pela vida, pelas nossas coisas, pelos nossos valores; que não sejamos preconceituosos com os menos favorecidos, com os motoboys, com os deselegantes, com os mal arrumados e com as pessoas que não nos são simpáticas, pois somos todos um. Vamos dar lugar ao novo sem ter medo da reação que o novo nos causa. Vamos lá olhar de frente o nosso armário e ver que ele não era pequeno e, sim, existia muita coisa dentro dele parada e sem vida; nossa estante não era pequena, muito livro sobrava nela; nosso quartinho ou depósito é imenso, só estava saturado de coisas.

E assim é. A nossa vida é imensa, grandiosa e só está saturada de coisas que já não usamos. Então, vamos parar e fazer esse balanço, abrindo espaços em nossas vidas.

Muita paz, felicidade, saúde e prosperidade.


Publicado em 04/12/2009


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