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Espiritualidade
Auto-aceitação: um meio de conquistá-la
por Teresa Cristina Pascotto
Quando olhamos para nossa realidade interior e conseguimos descobrir os aspectos negativos que carregamos, deparamos com uma grande dificuldade: aceitarmos que carregamos essa negatividade e, o pior, nos aceitarmos verdadeiramente depois dessa constatação. Isto ocorre por conta de um grande equívoco: passamos a
nos identificar com esses aspectos negativos e a acreditar que
somos esses aspectos, que
somos esse ser "abominável e cruel" que acabamos de descobrir dentro de nós. Nos identificamos tanto com eles e ficamos tão decepcionados, que acabamos nos rejeitando duramente, e nos fechamos na crença de que, por sermos maus e culpados, não somos merecedores e dignos da luz e do
amor de Deus, e não temos o direito de reivindicar a felicidade.
A culpa nos atormenta e nos faz crer que merecemos punição; com isso, nosso psíquico dispara mecanismos de autopunição e autodestruição. Isto ocorre porque acreditamos, inconscientemente, que Deus nos punirá e que Seu castigo será muito mais destruidor que o nosso, assim antecipamos a punição esperada na intenção de mostrar a Ele que "não precisa nos punir, pois nós mesmos já estamos nos encarregando disso". Acreditamos que a punição que nos damos será mais leve do que a D´Ele, ao mesmo tempo que tentamos provar a Ele que estamos nos redimindo, na tentativa de conquistarmos Seu amor.
Com isto, transformamos nossa vida em um mar de insatisfação e estagnação. Passamos a atrair somente situações negativas que fazem com que tudo em nossa vida comece a "dar errado" e, em determinadas situações, chegamos ao ponto de desenvolvermos doenças físicas.
Se perseverarmos em nosso propósito de descobrirmos quem somos de verdade - Luz e sombra - conseguiremos superar esta fase. Porém, precisamos ficar atentos ao nosso Ego, que teme perder o poder para o Eu Real, e fingirá que está agindo a nosso favor - na aceitação -, na tentativa de ganhar poder, manipulando a situação, fazendo com que tudo fique de forma segura e confortável a ele. Portanto o que precisamos fazer, é apenas conhecer nossos aspectos negativos e ACEITAR que os contemos e, principalmente, nos ACEITARMOS integral e verdadeiramente, mesmo contendo nossa sombra, e isto fará com que fiquemos livres de nossas crenças limitantes e das garras de nosso Ego.
Isto precisa ser compreendido e aceito em nosso coração:
não somos esse ser negativo e destrutivo que descobrimos em nós, mas
somos seres divinos e de Luz, existimos também em várias outras dimensões, que compõem a totalidade de nosso ser integral e estão muito além da nossa ilusória e limitada existência humana na terceira dimensão. Em verdade, somos Seres Espirituais que, ao mergulhamos na terceira dimensão, entramos na dualidade que traz a condição de contermos a Luz e a sombra. Porém, continuamos a ser o mesmo Ser de Luz que éramos antes de encarnarmos. Portanto, essa negatividade faz parte da existência humana, dentro da dualidade e são apenas aspectos que
carregamos, mas
não somos. Nossa verdadeira identidade é a do nosso Eu Real, é com este que devemos nos identificar.
Somente com esta consciência conseguiremos nos aceitar de verdade. Se conseguirmos nos permitir fazer esta descoberta, aos poucos conseguiremos compreender esta realidade, e a auto-aceitação poderá acontecer gradativamente. Não adianta querermos que a auto-aceitação ocorra num passe de mágica, só porque conseguimos conhecer esta verdade. Isto é algo que se conquista aos poucos, pois a auto-rejeição é muito antiga e arraigada dentro de nós, ela é proveniente de nossas
vidas passadas e nos influencia intensamente na vida presente. Precisamos também aceitar esta realidade.
A aceitação plena será conquistada com muita auto-observação, comprometimento e responsabilidade, pois o Ego tentará se manter no poder e nos sabotará, nos arrastando para a culpa sempre que viermos a conhecer mais de nossa sombra, pois esta será sua arma para que não acreditemos que
somos nosso Eu Real. Sempre que o Ego se perceber novamente desmascarado e diante de nossa aceitação ele se sentirá em perigo e tentará distorcer os fatos, fazendo-nos encontrar na "tal aceitação", uma justificativa para nossa maldade ou qualquer atitude negativa que venhamos a cometer.
Vou dar um exemplo: se descobrimos que somos arrogantes e que devemos
aceitar esse fato, ele tentará nos fazer crer que aceitação significa termos "licença e permissão" para darmos vazão à arrogância, sem nos preocuparmos com os outros. É aqui que está o perigo, pois, obviamente, isto não é verdade. Aceitar a arrogância, significa que não devemos negar ou rejeitar essa realidade. Se, diante de uma situação em que nos pegamos em flagrante sendo arrogantes, poderemos nos dizer:
acabo de constatar que fui arrogante neste momento e que feri essa pessoa, eu aceito a minha arrogância, apesar de não gostar de detectá-la em mim, e vou fazer de tudo para encontrar o equilibrio dentro disso, para que eu consiga reconverter a arrogância na energia da qual ela é proveniente: a energia de puro amor, pois sei que tudo é Luz. Vou fazer de tudo para modificar esse aspecto em mim.
Este não é um tipo de aceitação passiva e permissiva, mas, sim, uma aceitação dinâmica, que implica em simplesmente compreendermos que apenas são aspectos negativos que carregamos, que a negação só nos destruirá, e que, apesar de não gostarmos de encontrá-los em nós, deveremos aceitar, pois
é fato, eles existem. A partir disto, poderemos partir para a busca de meios e recursos internos para que possamos modificar esses aspectos, reconvertendo-os em sua origem: corrente de puro amor.
Ao exercitamos a aceitação, conseguiremos cada vez mais nos aprofundar na busca e descoberta de nossos aspectos negativos ocultos e isto fará com que nos libertaremos cada vez mais da culpa e da necessidade de dispararmos mecanismos de autopunição e autodestruição. Isto nos trará um relaxamento, que nos ajudará a permitir que a vida flua de forma saudável e satisfatória.
Texto revisado
Atualizado em 1/31/2011
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