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Espiritualidade
A UNIFICAÇÃO DOS ESPÍRITAS
por Euckaris Guimaraes Mendes
Devido ao nosso passado repleto de interesses particularistas, desviamo-nos facilmente da tarefa essencial. A fraternidade real pode ser substituida por velhas ilusões de projeção pessoal quando deixamos de escutar os chamados da consciência.
Fico me perguntando, diante dos fatos, por qual razão o mundo Espiritual coloca tantos enfermos em um mesmo lugar. Refiro-me ao movimento espírita de modo geral, nele me incluindo evidentemente.
Tomando por base as lutas atuais do movimento espírita que apenas engatinha, fico imaginando o que será daqui a algumas décadas, quando contar com milhões de adeptos. Não seria mais prudente, ou mesmo util, preservar certa distância ou a ausência de contato? Por que reunir tantas almas falidas em uma só estrada? Não retornariam ‘as mesmas ações?
Será boa para o futuro de nossa causa esse preocupação que cada dia mais ganha destaque e adesões pela divulgação correta do Espiritismo? Terá tanto valor assim pelo bem de nossa causa divulgá-la a qualquer custo, e nos guiarmos pelo desamor uns aos outros em nossas casas? O que é mais importante: a casa enquanto instituição difusora da causa ou a própria causa aplicada a nós outros na convivência? Divulgar algo que ainda não vivemos não seria insensatez? Até onde a causa necessita realmente desse arrimo de nossa parte?
Não seria melhor priorizar a qualidade em detrimento da quantidade?
Fala-se muito no meio espírita de unificação, virou moda a expressão: unificar a Doutina, as Casas...
Muito bem, analizando as questões acima, o que talvez nos falta é compreender que unificar é uma terefa de todos nós. Não se restringe a uma organização. Dr. Bezerra nos recomenda a solidariedade aos caminhos dos espíritas ressaltando que quem assume compromissos dessa envergadura deverá ser o exemplo vivo da União, e que seremos cobrados nas responsabilidades a nós entregues.
Portanto cuidar dos destinos da causa na ótica evangélica significa muito mais que zelar pela pureza doutrinária. A tarefa que nos compete é zelar pela pureza de nossa convivência. Sem união legítima de homens não teremos unificação no ideal. Unidade de sentimentos e diversidade de opiniões.
Uma comunidade que se ergue em nome de Jesus é reconhecida pelo interesse cósmico, e seu centro de atraçao é a consciência.
O homem impediu a si mesmo de se conectar com a consciência. Mais ênfase a religião que aos fenômenos interiores da consciência. – ponto elementar da ligaçao do ser humano com a Verdade, essência divina da vida.
A eleição de uma instituição que tenha uma postura de rigidez hierárquica no seio da comunidade, para ditar o que é ou não concebível em nome do Espiritismo, terá como consequência mais nociva à causa, a formação de um movimento de massa, afastando o ser humano nela inserido do uso de sua capacidade individual de pensar e criticar. Isso seria extremamente lamentável em se tratando de uma doutrina cuja origem foi a postura iluminada de Allan Kardec na qual devemos nos espelhar, onde a razão é seguida pela tolerância e fraternidade.
À Luz da Leis Divinas, não só as instituições reponderão no plano Espiritual por seus desvios, mas quem aceita ser massificado abdica do direito divino de escolher, refletir e crescer, e por efeito, prejudica seu desenvolvimento pessoal. Muitos companheiros quando têm a coragem de se expor, e dizer o que pensa, sofre um descaridoso processo de discriminação. A liberdade de pensar, nesses ambientes é inaceitável.
Jesus nos convocou a uma preregrinação muito mais profunda e desafiante, que está no Evangelho de Matheus, cap. 10, ‘A Missão dos Doze’ . Nessa passagem encontramos tudo de que necessitamos para cumprir nossa missão na condição de cristãos autênticos.
Aceitamos os processos massificadores por medo. Medo de enfrentar nossa realidade pessoal. No nosso estágio evolutivo, com raríssimas excessões, as estruturas de grupo são atrativos para o nosso egoísmo.
Quando há massificação há idolatria, ainda que neguemos.
Nossa unica e confiável referência é Jesus, nosso Guia e Modelo
Traimos a nossa conciência para atender as soluçoes e propostas da maioria. Não sabemos ainda como falar do mal-estar que sentimos diante de certas decisões e rumos nos agrupamentos. E por isso mesmo, agimos em desacordo com nossa aspiração mais profunda o campo íntimo. A tarefa em grupo, nesse prisma, causa a sensação de realização, crescimento. Muitas vezes isso não passa de uma vertigem de nosso orgulho. Muito mais fácil assim, do que ter de se olhar, ser contra, saber discordar sem amar menos, contrariar os rumos sem o
medo de perder cargos e passar pelo olhar discriminativo e de reprovação daqueles que se dizem trabalhadores de Jesus.
É incrivel admitir mas tem muita gente trabalhando pela Doutrina sem estar fazendo nada por si mesmo!!
Os grupos Espíritas ainda deixarão de ser a soma de muitas cabeças pensando igual, para serem uma diversidade que aprende a convergir para um único ideal, segundo Bezerra de Menezes.
E não importa o tamanho das Casas, pois Jesus na sua Augusta Obra, convoca servidores para todos os gêneros de tarefa. Primeiro convocou os doze apóstolos, depois convocou os setenta, e mais adiante na Galiléia reunio os quinhentos, deixando claro que existem espécies diferentes de atividades e compromissos particulares. Entretanto, é o tamanho da tarefa que proporciona ou não os valores morais que devem norteá-la. Há casas pequenas com severos problemas de relacionamento. Quanto maior a tarefa maior deverá ser a capacidade de conduzí-la. Quanto maior mais responsabilidade. Sabemos que há tarefas de todos os tamanhos e o maior problema dentro delas continua sendo nós mesmos.
A formula para essa situação dos Espíritas, não das casas espiritas haja vista que as casas refletem quem as dirigem, é que: Jesus chamou os doze, depois setenta e mais tarde os quinhentos, mas deixou bem claro que onde se reunissem dois ou três, ou quinhentos, em Seu nome, Ele aí estaria. Portanto, podemos ter muitos na tarefa, todavia o que importa mesmo é estarmos reunidos em Seu Nome, sem esperar nenhum destaque ou engrandecimento pessoal externo, ‘O Reino de Deus não vem com aparência exterior’. Afirmou Jesus emLucas, cap. 17, v. 20. Os impulsos para obrarmos para fora de nós ainda são muito intensos.
Eurípedes afirma que: Espíritos como nós com essa carreira milenar de fascínio pela grandeza com a qual procuramos dilatar a importância pessoal, facilmente podemos nos entregar aos braços de Maia (ilusão) fugindo dos verdadeiros compromissos conscienciais.
Por essa razão, a tarefa espírita deve ser analisada por nós como oportunidade. No início de nossa adesão ao Espiritismo, seguimos as recomendações de participar e colaborar em qualquer campo de serviço. Com o tempo todavia, compete-nos descobrir em qual quadro de atividades podemos ser mais uteis, tomando por base as próprias necessidades de aprimoramento. Até esse momento de maior maturidade, busquemos servir e aprender sem condições. Com o tempo, mais dotados de discernimento igualmente vamos verificando se o serviço por nós prestados está sendo util também para o nosso crescimento intimo.É muito fácil nos envolvermos com a obra de fora e protelarmos a obra interna de libertação pessoal. PENSE NISSO...
Atualizado em 10/17/2011
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