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Autoconhecimento
Caminhantes
por Maria Lúcia Pellizzaro Gregori
A vida é uma estrada única com muitos, muitos caminhantes.
Uns vão a pé, outros de carroça, muitos de carro, de avião, uns aceleram, outros param, outros retrocedem mas, o ir e vir não para.
Infinitos são os meios de transporte nesse itinerário que sempre tem sua chegada semifinal no mesmo ponto. Quer acreditemos ou não nesse movimento todos chegamos na mesma verdade, ela é única e não depende das nossas crenças.
Subidas íngremes exigem força, vitalidade, bons pulmões, persistência e o sério compromisso de alcançar determinada meta. O alto da montanha de cada um, em cada situação está lá, aguardando para premiar os esforçados que não desistiram.
Descidas fortes também dificultam nossos passos, muitos escorregam e rolam ladeira abaixo e aparentemente ganham tempo, mas nem sempre é assim pois, nesse tobogã alguns se machucam e ficam pra trás.
Estradas de terra são agradáveis mas embaçam um pouco o horizonte com sua poeira, falseiam nossos passos com os buracos e pedras no chão.
Nós, os caminhantes, temos também, momentos em que o caminho é lindo, arborizado, florido, com sombras preciosas, um sol que nasce, um sol que se põe, cores no céu, pássaros cantando, cenário este que nos reorienta, nos enche de prazer e fortalece nossa certeza de que a impermanência é favorável pois, embora transforme os passos leves e cheios de alegria também interrompe o andar exigente que quase esgota nossas forças.
Nessa diversificação de estradas, em todas as suas ocorrências, nos deslizes, nos esforços, nas interrupções muitas vezes repentinas que nos fazem acreditar que algo deu errado, em todas elas deve existir uma consciência clara de que todas são estradas de todos nós. Os momentos da vida estão ligados a algo muito Maior que está dentro de nós naquele momento. O que precisamos é a clareza do que nos move para aquela direção e ter o firme propósito de chegar no nosso objetivo.
Quando os pés doem é momento de parar e olhar em torno, de valorizar cada passo, de descansar para adquirir mais resistência para seguir em frente. Quando os pés doem, é momento de sentir a forte Energia Criadora, aquela que nos carrega no colo mas que só pode ser manifestada se esta consciência está desperta. Quando dentro de nós existe a certeza de que existe Algo Maior que nos move aí está a cura para os pés cansados, aí está o colo que nos dá a certeza de que está valendo a pena.
A vida ocorre em ciclos e a cada ciclo podemos atualizar aquela edição que já foi apresentada antes. As estradas que percorremos fazem parte da continuidade de caminhadas anteriores. Toda aquela poeira que encontramos, as subidas íngremes, as descidas escorregadias, os voos mais altos, o andar rastejante, as dores, as alegrias, as perdas, os ganhos, tudo isso não passa de mais uma chance de refazermos nossos trajetos para alcançarmos um ponto superior que, no fundo, todos nós buscamos.
As mágoas, os ressentimentos e muitas outras emoções que nos aprisionam estão presentes em cada estrada e se realmente estamos aproveitando essa maratona da vida nós vamos nos libertando aos poucos e agradecendo, sim, agradecendo pela paciência unificadora da criação.
Quando a gratidão for nossa respiração, quando a gratidão estiver na sístole e diástole, quando a gratidão estiver dentro do nosso pulmão nós entenderemos o que é ser um caminhante verdadeiro, não vamos mais depender do chão no qual pisamos.
Tudo é caminho.
Todos fazem parte.
A vida é infinita e pode ser melhor a cada edição.
Texto Revisado
Atualizado em 12/10/2024
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