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Autoconhecimento
O Resgate da Luz
por Willes S. Geaquinto
A teoria comportamental de Carl Jung
[1], o criador da psicologia analítica, entre outras coisas nos remete aquilo que se convencionou a chamar de “lado sombra” da personalidade do indivíduo. O que vem a ser, de modo sintético, a parte do inconsciente que é rejeitada, escondida ou desprezada, por representar o aspecto negativo da sua estrutura psíquica. É, de certo modo, o submundo da psique humana que contém os sentimentos mais primitivos, os egoísmos exacerbados, os instintos mais reprimidos, desejos negados, raiva, inveja, e outros sentimentos assemelhados. Jung também definia o lado sombra como a “coisa” que a pessoa não quer ser ou externar. Um verdadeiro “barril de pólvora emocional” que se acionado por algum gatilho poderá explodir e causar transtornos e danos, às vezes irreparáveis. Levando para o lado prático, a ideia é de que, através de algum processo analítico, devemos reconhecer o nosso lado sombra, já que na ausência desse reconhecimento ele poderá vir à tona a qualquer momento e sabotar sonhos, projetos e propósitos ou, a vida em seu conjunto.
A título de informação, a referência a “psicologia analítica” foi usada por Jung pela primeira vez em 1916, e a denominação “lado sombra”, em 1945. Sendo assim, com o passar do tempo, é possível afirmar atualmente que a configuração do que vem a significar o lado sombra possa ser ampliado, inclusive no que se refere a origem de certas ocorrências psicopatológicas.
Um exemplo pessoal sobre o assunto. Estava em Belo Horizonte lá pelos meus 29 anos, quando num sábado à noite eu voltava com amigos de uma festa, onde havia bebido além da conta, e o acontecido se deu. Ao chegarmos na pensão onde morávamos, “assim do nada”, fui tomado por uma fúria incontrolável e, com uma pedra, passei a riscar a lataria e o para-brisa de um carro estacionado em frente. Os amigos não conseguiram fazer nada para impedir, pois o acontecimento deu-se num piscar de olhos. No outro dia pela manhã logo fui chamado a atenção pelo o ocorrido, o dono do veículo era um rapaz que se declarou meu admirador, por eu ser uma pessoa muito tranquila. Envergonhado, pedi desculpas e comprometi-me a arcar com os prejuízos. Passado o acontecimento, me pus a analisar o ocorrido que para mim fora algo inédito. Em resumo, a conclusão foi que aquela explosão resultara dos tantos sentimentos negativos alojados dentro de mim, como raiva, frustração, ódio, resultantes de acontecimentos precedentes baseados tanto em minha infância como adolescência. Daí pude constatar que o meu “lado sombra” se fez presente dado à situação de desequilíbrio emocional exacerbado pela qual eu passava naquele momento. O positivo foi que a partir dali passei a observar melhor as minhas ações e reações, pautando a minha existência por maior consciência e racionalidade.
Bem, esse é um lado da moeda, ou seja, existe mais a saber sobre as constatações de Jung. Digo isso porque nos tempos atuais, com o advento da internet, existem pessoas comuns e até mesmo alguns estudiosos ou profissionais da área comportamental que se apegam apenas a examinar um lado da teoria de Jung, ou seja, fixam-se tão-somente em digressões ou análises do lado sombra. E o que pouco se comenta ou se discute é que Jung acreditava que o objetivo de uma vida equilibrada e saudável é o de encontrar luz em meio à escuridão. O que significa dizer que o ser humano traz em si o elemento que contradita o lado sombra ou escuro, que é o que denomino o “lado luz”.
Uma das leis herméticas, a da polaridade, tem como enunciado que tudo é duplo, tem dois lados que são opostos, embora interdependentes, ou seja, são partes de um todo. Sendo assim, nada mais claro que se temos um “lado sombra”, também possuímos um “lado luz” que devemos potencializar. Pressupondo que Jung sabia disso, é possível dizer que, de algum modo, ele preconizava a necessidade de impulsionar a luz para neutralizar a sombra. Sendo assim, conhecer ou reconhecer o nosso lado sombra é um processo de autodescoberta, onde “jogamos” luz sobre uma parte da nossa psique antes ignorada e inconsciente. Trata-se também, de certa forma, de uma busca para integrar ou equilibrar os opostos, com vistas a restabelecer a totalidade do nosso ser. Conhecer o lado sombra no sentido desta busca integrativa também pode ser considerado uma espécie de libertação. Uma vez que ao confrontarmos a sombra, trazemos à luz aspectos da consciência que poderão nos nortear para vislumbrarmos novas possibilidades na vida, novos aspectos criativos e construtivos.
Falando um pouco mais sobre o nosso “lado luz”, creio ser importante saber que o ser humano em sua essência traz consigo uma gama de potencialidades positivas que devem ser descobertas e transformadas em ferramentas para alavancar o seu desenvolvimento e evolução nos mais variados setores existenciais. Daí, vale pontuar ainda que quanto mais nos empenharmos em conhecer os meandros da nossa esfera psíquica, maiores serão as chances de obtermos uma existência saudável, harmônica, criativa, iluminada e bem-sucedida.
Autor: Willes S. Geaquinto
Willes S. Geaquinto - Psicanalista,Psicoterapeuta, Consultor Motivacional.
Trabalha com a Terapia do Renascimento promovendo o resgate da autoestima, o equilíbrio emocional e solução de transtornos, fobias,etc...
Palestras e Cursos Motivacionais(relação de palestras no site).
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Atualizado em 12/11/2024
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