Desde a antigüidade o homem, levantando a sua cabeça para o céu, começou a indagar o que significavam todos aqueles pontos brilhantes que apareciam desde o momento que o Sol se punha. E, para guiá-los na noite, os homens das primeiras civilizações abriram mão de um artifício.
As chamadas estrelas fixas estão a uma tão grande distância da Terra que seu movimento fica imperceptível aos olhos humanos, de forma que sua posição no céu leva milhões de anos para se modificar. A humanidade que desde sua origem, sentiu a necessidade de perpetuar imagens de seu cotidiano, assim deixou gravados os primeiros desenhos de animais que são vistos nas cavernas paleolíticas. Movidos por sua necessidade de se guiarem durante a noite escura do deserto, os povos da antigüidade - especialmente aqueles que viviam entre os rios Tigre e o Eufrates - acharam conveniente ligar entre si aqueles pontos luminosos representados pelas estrelas fixas e que, aparentemente, poderiam tomar formas de animais ou mesmo de seres legendários. Esta identificação ou classificação feita pelos povos da antigüidade, ainda hoje faz parte de nossa tradição e ajuda os seres humanos a se localizarem, seja em terra que no mar. É lógico que as constelações representam o céu a partir de um determinado ponto de observação da Terra. Se nos localizássemos na Lua ou em Marte o mesmo desenho não poderia ser aplicado às constelações.
De fato, elas são ‘desenhadas’ sobre a abobada celeste, que é representada como um grande globo estelar imaginário em volta da Terra. Das 89 constelações, somente doze são tocadas pelo Sol em seu caminho aparente em volta da Terra. Aliás, treze. São elas:
Áries (o bode): que o sol toca por volta de 18 de Abril
Touro (o touro): que o sol toca por volta de 13 de Maio
Gêmeos (os gêmeos): que o sol toca por volta de 21 de junho
Câncer (o caranguejo): que o sol toca por volta de 20 de julho
Leão (o leão): que o sol toca por volta de 10 de agosto
Virgem (a virgem): que o sol toca por volta de 16 de setembro
Libra ou Balança (a balança): que o sol toca por volta de 30 de outubro
Escorpião (o escorpião): que o sol toca por volta de 22 de novembro
Ophiuchus (o portador de serpente): que o sol toca por volta de 29 de novembro
Sagitário (o arqueiro, meio cavalo e meio homem): que o sol toca por volta de 18 de dezembro
Capricórnio (meio cabra e meio peixe): que o sol toca por volta de 19 de janeiro
Aquário (o portador de água): que o sol toca por volta de 16 de fevereiro
Peixes (os peixes): que o sol toca por volta de 11 de março
Estas constelações estão colocadas no caminho aparente do Sol, ou seja, por causa do movimento e da inclinação da Terra no seu eixo, o Sol descreve em volta desta um caminho aparente, chamado elíptica, formando um circulo que é chamado pelos astrônomos e astrólogos de círculo zodiacal. Este circulo, por tradição, a astrologia determinou que fosse dividido em doze constelações, descartando assim a possibilidade de considerar Ophiucus, o portador de serpente, cujo desenho somente tem "um pé" na roda zodiacal. Ophiuchus era associado na mitologia Grega ao Deus Esculápio (ou Asclépius), deus da Cura. Ainda hoje vemos uma serpente em volta de um bastão como símbolo da medicina. Ele parece ter se incorporado ao signo de Escorpião (de fato existem muitos psiquiatras neste signo, ou seja médicos do subconsciente e Marte, o antigo regente de Escorpião é associado aos cirurgiões).
Descartado Ophiuchus, às doze constelações restantes foram dados 30 graus cada, de forma a que a divisão em Casas permanecesse igual para todos. A convenção estabeleceu assim um valor igual para todas as doze casas zodiacais. A primeira constelação, Áries, inicia-se em 20 ou 21 de Março, quando o Sol em seu caminho corta o Equador Celeste. Ali se inicia a Primavera no hemisfério norte e o Outono no hemisfério sul. Este é chamado de ponto vernal, ou 0º de Áries. O horário em que o Sol corta o ponto vernal é diferente em cada fuso horário.
Ao associar as constelações zodiacais com os mitos e arquétipos da antigüidade, especialmente aqueles ligados à mitologia grega, o astróloga deu um significado profundo à interpretação de seus símbolos, que são usados até hoje em nossa astrologia moderna. Assim, devemos sempre buscar o significado de uma casa zodiacal - ou seja - de um signo, em sua significação profunda baseada nos arquétipos da humanidade.
O nome zodíaco não é exato, pois as figuras consideradas não são formadas somente de animais, como o nome sugere. De fato, algumas são representadas por pessoas (Aquário, Gêmeos, Virgem e metade de Sagitário), uma é representados por um objeto (Balança), conforme podemos ver na figura abaixo:
Em nossa ‘Pequena História da Astrologia’, (ainda em fase de elaboração) estaremos descrevendo um pouco o caminho percorrido pela astrologia para ser reconhecida como ciência. Na descrição dos Signos Astrológicos, fazemos apelo ao sentido mitológico dos mesmos para desvendar o mistérios das personalidades que caracterizam as pessoas nascidas nestes signos zodiacais.
Em matéria separada consideramos a simbologia das Casas Zodiacais e seu significado astrológico. Apesar da polêmica recentemente causada por uma astróloga inglesa que resolveu incluir Asclepius em suas considerações, a astrologia ainda não reconheceu a sua inclusão. A astronomia o fez desde 1930. Partindo do princípio que os arquétipos não mostraram ainda ter se modificado ao longo da história da humanidade, não acreditamos ser necessário, pelo menos de imediato, modificarmos aquilo que a astrologia tradicional nos ensina. O sistema astrológico que denominamos de ocidental, é usado desde o antigo Egito e está fundamentado nos 360º elípticos a partir do Equinócio da Primavera no Hemisfério Norte, dividindo-se a órbita em 12 partes iguais de 30º cada uma, que denominamos de Casas.
O caminho efetuado pela Terra em seu giro heliocêntrico é o determinador da mudança das estações, assim como a rotação da terra é determinadora dos dias e das noites. A nossa tradição é baseada na Astrologia do hemisfério norte porque a sabedoria dos povos antigos lá residia.
Os astrônomos (e alguns astrólogos) consideram que os signos zodiacais estão deslocados na elíptica solar, por causa da Precessão dos Equinócios. Isto é, o ponto vernal boreal, ou ponto 0º de Áries, retrogada sobre a elíptica 50’’26 por ano, fazendo com que o Equinócio da Primavera no Hemisfério Norte, e o Outono no Hemisfério Sul, aconteçam em anos sucessivos, antes do que ocorreria se o ponto de Áries permanecesse fixo. Da mesma forma a precessão de longitude acontece porque o eixo da terra não é fixo, fazendo com que os Pólos Celestes sigam uma trajetória circular, completando um ciclo aproximadamente em 26.000 anos. Desta forma, o movimento de longitude elíptica das estrelas vai aumentando gradualmente com o tempo porque o ponto zero de referência não permanece estacionário. O ponto que corresponde hoje à nossa estrela Polar (Alfa da Ursa Maior) era na antigüidade (aproximadamente 5.000 anos atrás como citado no Atlas de Hevelius) marcado pela estrela Alfa (chamada de Thuban) de Draconis (ou Draco de Dragão). Este é o dragão vencido por Hercules num de seus doze trabalhos.
No entanto, a astrologia, baseada nos conceitos herméticos e nos arquétipos, permanece a mesma em suas considerações e, a meu ver, terá que aos poucos ser revista e adaptada, possivelmente dentro de 400-500 anos, quando a Era de Aquário virá trazer cada vez mais conhecimentos à humanidade.
Por enquanto, em nossa experiência, ela continua firme em seus conceitos e todo o bom astrólogo traça sem hesitar o perfil psicológico de seu cliente, estabelece os grandes fatos de sua vida, e o aconselha sobre a melhor forma de efetuar suas escolhas e exercer o seu livre arbítrio.
Deus colocou o céu sobre nossas cabeças para que pudéssemos lê-lo, não somente de forma concreta, mas também nas entrelinhas... Neste grande balé cósmico, onde nada é deixado ao acaso, devemos compreender qual é a relação entre as coisas criadas, não deixando que ‘o grande orgulho’ que invade a humanidade nos faça crer que nós, e somente nós, escapamos à Lei.