Durante a maior parte de nossa vida aprendemos que o coração não era confiável e a mente sim nos levaria a tomar sempre as decisões mais sábias, já que teriam como guia a razão.
Por isso, nos tornamos desde cedo resistentes à idéia de seguir o que nos sussurrava nosso coração, por entendermos que ele era direcionado por uma base pouco sólida, os sentimentos.
Quanto mais avançávamos na jornada, íamos descobrindo que nossa mente, o conhecimento e as crenças por ela acumulados, eram de pouca utilidade nos momentos verdadeiramente desafiadores.
Em inúmeras circunstâncias, por mais que tentássemos, não conseguíamos encontrar em nossa racionalidade, um direcionamento que nos garantisse a conquista do equilíbrio e da paz.
Fomos, aos poucos sendo apresentados a uma nova dimensão de nosso ser, os insights intuitivos, uma voz misteriosa que insistia em se manifestar sempre que nos sentíamos sem rumo.
O mais surpreendente é que, vencida a resistência inicial, quando seguíamos o que a voz nos dizia, o resultado era sempre algo que nos levava ao melhor, às ações mais adequadas para o nosso próprio bem-estar.
Aos poucos fomos reconquistando a confiança na fonte de conhecimento e sabedoria que direciona a existência, e está presente em tudo o que há, mesmo nas expressões mais simples e primitivas do poder criador do Universo.
Agora é chegado o momento da afirmação definitiva e aqueles que já avançaram no desenvolvimento da consciência sabem que o coração é a bússola, a única ferramenta capaz de nos levar definitivamente ao encontro de nosso verdadeiro ser.
"O coração como método
O homem pode funcionar a partir de três centros: um é a cabeça, outro é o coração e o terceiro é o umbigo. Quando você funciona a partir da cabeça, você produz pensamentos e pensamentos e pensamentos. Eles são muito insubstanciais, da matéria dos sonhos - eles prometem muito e não entregam nada.
A mente é uma tremenda trapaceira, tem uma grande capacidade de iludir, porque ela pode projetar. Ela pode lhe dar grandes utopias, grandes desejos, e vai sempre dizendo: "Amanhã vai acontecer" - e nunca acontece. Nada acontece na cabeça - a cabeça não é o lugar para as coisas acontecerem.
O segundo centro é o coração. É o centro do sentir - sentimos através do coração. Você está mais perto de casa - não ainda em casa, mas mais próximo. Quando você sente, você é mais substancial, você tem mais solidez; quando você sente, há a possibilidade de algo acontecer. Não há nenhuma possibilidade com a cabeça, há uma pequena possibilidade com o coração.
A coisa real não é o coração ainda. A coisa real é mais profunda que o coração - é o umbigo. É o centro do ser. Pensar, sentir e ser - esses são os três centros. Mas certamente o sentir está mais próximo do ser do que o pensar, e o sentir funciona como um método.
Se você quiser descer da cabeça, precisará passar pelo coração - esse é o ponto de cruzamento onde as estradas se separam. Você não pode ir diretamente ao ser, não é possível; você precisará passar pelo coração. Assim, o coração deve ser usado como um método.
Sinta mais e você pensará menos. Não lute contra os pensamentos, porque lutar contra os pensamentos significa novamente criar outros pensamentos de luta. Então, a mente nunca é derrotada. Se você ganhar, foi a mente que venceu; se você for derrotado, você é o derrotado.
Nunca lute contra os pensamentos; isso é inútil. Em vez de lutar contra os pensamentos, mova a sua energia para o sentir. Cante em vez de pensar, ame em vez de filosofar, leia poesia em vez da prosa. Dance, olhe a natureza, e tudo o que você fizer, faça-o através do coração.
Por exemplo, quando você tocar alguém, toque com o coração, toque sentindo, deixe seu ser vibrar. Quando olhar para alguém, não olhe simplesmente com olhos mortos como pedra. Deixe sua energia verter através dos olhos e, imediatamente, você sentirá que algo está acontecendo no coração. É apenas uma questão de experimentar.
O coração é o centro negligenciado. Quando você começa a prestar atenção nele, ele começa a funcionar. Quando ele começa a funcionar, a energia que estava automaticamente indo para a mente, começa a se mover através do coração. E o coração está mais próximo do centro de energia. O centro de energia está no umbigo - assim, bombear energia para a cabeça é, na verdade, um trabalho árduo.
É para isso que existem todos os sistemas educacionais: para ensiná-lo a bombear energia do centro, diretamente para a cabeça. ...De fato, todo o sistema educacional desenvolvido em todo o mundo é para ensiná-lo a evitar o coração, a como tornar-se mais e mais mental e a como bombear a energia diretamente para a cabeça.
Assim, o amor é negado, o sentimento é negado, condenado - é quase um pecado sentir. A pessoa tem de ser lógica e racional, não emocional. Se você for emocional, as pessoas dirão que você é infantil - de certa forma, eles estão literalmente certos, porque só uma criança sente.
Uma pessoa adulta instruída, culta, condicionada, pára de sentir. Ela se torna quase seca, madeira morta - não flui mais nenhum sumo dali. Daí haver tanto sofrimento: o sofrimento é por causa da cabeça.
A cabeça não pode celebrar, não há nenhuma celebração possível através da cabeça - ela pode pensar sobre e sobre e sobre, mas ela não pode celebrar. A celebração acontece através do coração.
Assim, a primeira coisa é começar a sentir cada vez mais e mais. Torne-se uma morada de amor, um santuário de amor; este é o primeiro passo. Uma vez que você dê este primeiro passo, o segundo será muito, muito fácil.
Primeiro, você ama - a metade da jornada está completa. E assim como é fácil mover-se da cabeça para o coração, é ainda mais fácil mover-se do coração para o umbigo. No umbigo você é simplesmente um ser, puro ser".
OSHO, For Madmen Only.