Muito se fala da sensibilidade como se fosse um sinal de grande evolução pessoal.
Num mundo onde há desumanidade, amplamente divulgada na mídia, é claro que o exercício da sensibilidade traz esperanças de vivermos em um planeta melhor.
Mas há que se ter cautela na conclusão rápida de que ela por si só é sinal de que a evolução pessoal, emocional, psíquica, espiritual está adiantada ou concluída.
A sensibilidade é parte intrínseca da vida na Terra.
Plantas são sensíveis ao clima, ao solo e ao meio-ambiente. Por conta disso, melhor adaptam-se às condições adversas, favorecendo sua sobrevivência.
Animais selvagens também o são, e muitos demonstram sensibilidade às perdas, como por exemplo, os elefantes e as girafas, bem como aos reencontros, como os pinguins.
Os animais domesticados são sensíveis percebendo rapidamente mudanças no humor dos habitantes da casa onde vivem.
Animais, quando maltratados, vítimas de abusos, abandonos e violência, têm sua integridade e sensibilidade feridas e traumatizam-se, adoecem, deprimem-se, podendo ficar violentos.
Igualmente as pessoas ao sofrerem maus tratos, quando rejeitadas ou excluídas, especialmente na infância, com raras exceções, também, traumatizam-se, deprimem-se, adoecem, podendo desenvolver mecanismos de defesa, na tentativa de sobrevivência. Assim, buscam não sentir a dor que as corrompe, acabando por se tornarem insensíveis ao sofrimento alheio ou, no sentido inverso, na busca de melhor se protegerem, acabam hipersensíveis a tudo e a todos, mantendo-se vitimizadas, necessitadas de cuidados emocionais por longo período, expressando-se, inúmeras vezes, com retraimento excessivo ou violência perante a sociedade.
Ser sensível é uma condição natural da vida orgânica do planeta. Já a pessoa que apresenta hipersensibilidade ou insensibilidade, por sofrer de um excesso, ou de uma distorção da sensibilidade natural, requer tratamento adequado.
Ao observar o desenvolvimento humano, desde o seu início, notamos que num primeiro momento, que vai da concepção até o final da primeira infância, a sensibilidade continua a serviço da vida, como em toda a natureza, pois é parte dos instintos básicos humanos, mas seu trabalho também é o de promover o despertar da inteligência e da afetividade. Por isso, na primeira infância, a sensibilidade é amplamente voltada para si mesmo, para a autoproteção, para a autopercepção, quando notamos o surgimento do egoísmo, tipicamente infantil.
Deste modo, a criança, por ainda não ter desenvolvido amplamente seus potenciais de inteligência e de afetividade, vive a sensibilidade mais intensamente e quando sofre abusos ou quando não recebe os cuidados necessários, sente-se mais aflita, ansiosa, traumatizada, estressada e tensa, do que a pessoa adulta e amadurecida. Isso irá alterar o desenvolvimento saudável da sua autopercepção e da compreensão já no presente, mas também, no futuro, do mundo em que vive, bem como de sua sensibilidade, de suas emoções e das suas múltiplas inteligências, incluindo aí a inteligência afetiva.
Boa parte de nós, todavia, leva essa forma de viver para a vida adulta, sem se dar conta de que não superou a infância emocional e psíquica.
Imaginemos, entretanto, um desenvolvimento saudável da criança como um todo. Pois bem, isso levará naturalmente a um ligeiro amadurecimento da sensibilidade que evolui, ampliando-se agora do mundo interior para o mundo exterior, quando ela pode se tornar sensível a alguém em especial, à família, aos amigos.
Isso pode levar à observação e à admiração do belo que há no outro, quando se entra num estado de simpatia para com a vida fora de si ou em outra instância que mobilizará a antipatia.
Quando simpáticos, somos mais agradáveis e sorridentes, importamo-nos com o outro. Mas continuamos, nesta fase, ainda bastante ligados ao nosso bem-estar. A referência básica continua sendo o Eu Interior; sente-se simpatia ou antipatia de acordo com crenças e valores apreendidos no núcleo familiar, na escola, na comunidade onde se vive.
Não me refiro à simpatia forçada, que não passa de uma maquiagem social, do tipo "Ajo desta forma e sou aceito pelos outros". Pois, quando por trás da aparente simpatia há a intenção de obtermos uma certa vantagem, temos a ação do egoísmo e da manipulação e não a ação da verdadeira simpatia.
O exterior é o da simpatia, mas a motivação é bem outra.
A simpatia genuína demonstra estarmos realmente interessados no outro, e é quando se inaugura um espaço emocional para o surgimento da empatia.
Pensando no desenvolvimento humano, é de se esperar que quando a empatia surge é porque estamos andando, a passos largos, pelo segundo setênio de vida.
A empatia é uma capacidade mais profunda do que a simpatia ou do que a sensibilidade, porque é a habilidade de olharmos a vida com os olhos do outro, de sentirmos a vida com a pele do outro.
Aqui começamos a sentir o sofrimento alheio como se nosso fosse. Bem como, compartilhamos da alegria dos outros como se nossa fosse.
Mas se na fase da sensibilidade, totalmente voltada para si mesmo, o estresse pode ser gigante, os empáticos também sofrem do mesmo mal. Abusos e violência contra si ou contra alguém deixam traumas e sofrimentos nos empáticos e a angústia é compartilhada intensamente.
Isso porque, ao sentirmos em nós o que o outro sente, mantendo a referência no nosso próprio Eu, experienciamos muita dor, excitação, angústia, desespero, aflição, tristeza, desânimo, impotência e raiva, ficamos misturados com o outro e isso desencadeia em nós processos que comumente nos levarão ao esgotamento físico, emocional, mental e nervoso.
Ao continuar a olhar as idades humanas e compará-las, percebemos que a empatia é uma condição natural na adolescência.
Entretanto, é bem comum que na nossa adolescência humana, por não termos superado a primeira infância, tenhamos dificuldade de vivenciar a empatia plenamente. Mas nem por isso a adolescência deixa de ser a fase natural do aparecimento espontâneo da empatia.
Algumas pessoas empáticas desenvolvem bastante a capacidade de ressonância empática, e sentem, ainda que à distância, sensações físicas, espirituais, emocionais e mentais de alguém em sofrimento, só de pensar na pessoa ou da pessoa pensar nela.
Quando isso ocorre com frequência, é comum a presença da exaustão, dos traumas, medos inexplicáveis, sentir-se triste, estressado, ansioso ou tenso.
Quando o altruísmo ganha força.
Recentemente, Tania Singer e Olga Klimecki do Instituto Max Planck para Cognição Humana e Ciências Cerebrais, na Alemanha, em colaboração com Matthieu Ricard, fizeram uma pesquisa para distinguir os efeitos da empatia e da compaixão em pessoas que praticavam meditação em compaixão. A pesquisa demonstrou que a empatia estaria associada a um esgotamento emocional, e já a compaixão e o amor altruísta estariam associados a emoções positivas e ao bem-estar.
A compaixão e o amor altruísta surgem na fase da maturidade psíquica e emocional, sinal de evolução emocional, mental, social e espiritual, que se segue ao desenvolvimento da empatia e do amor.
Quando a compaixão se desenvolve em nós é porque já desenvolvemos suficiente força amorosa e resiliência e, para chegarmos a ela é preciso uma prática não só meditativa, mas também de uma ação diligente no mundo a serviço da vida.
Para o surgimento da compaixão, é preciso que todas as fases anteriores tenham sido integradas numa vivência plena, serena e amorosa. Desta forma, não se chega à compaixão sem se passar pela sensibilidade, pela simpatia, pela empatia, pelo desenvolvimento da amorosidade e do altruísmo. Num processo de autodescobrimento e autoeducação, que pode e deve ser conduzido e amparado na vivência familiar, através da educação que pai e mãe oferecem a seus filhos desde a mais tenra idade, bem como incentivados e estimulados no mundo escolar.
A compaixão por si só é também um caminho que se trilha, um caminho espiritual. Ela envolve uma clara compreensão amorosa de que todos os seres têm direito à vida e à felicidade. Geradora de esperança não dita regras, nem aponta culpados, mas sinaliza caminhos de maior bem-estar. A compaixão é altruísta e benevolente, não busca reconhecimento alheio, nem aplausos, segue contente de si mesma, iluminando aquele que a compartilha com o mundo.
Nesse ponto, o Eu respeitoso e bem nutrido cede espaço para o Amor Personificado. Já não há espaço para o egoísmo.
O egoísmo é natural na formação do Ego. Sem Ego não há senso de Identidade, e sem senso de Identidade a personalidade se esfacela, desencadeando graves distúrbios mentais e sociais.
O egoísmo é natural numa certa fase do desenvolvimento da personalidade, quando na falta da autoestima alicerçada no amor e nas potencialidades desenvolvidas, ele age como se fosse uma argamassa que dá liga a estrutura de personalidade central da pessoa.
Mas adiante, o egoísmo passa a ser como que uma inflamação natural para impulsionar o autoconhecimento e, este, o despertar da consciência e do desenvolvimento de estruturas importantes do psiquismo, da amorosidade, da espiritualidade.
Muitos de nós param por aí, nessa fase de estruturação inicial do Ego e envelhecem sem nunca caminhar para o momento seguinte, que é o do reconhecimento das potencialidades a serem desenvolvidas a serviço do outro e da consequente admiração e gratidão pelo outro estar também a serviço de nosso desenvolvimento.
Este estágio pode durar vidas, centenas de vidas, vividas usando apenas os recursos iniciais do Ego, sem ampliação de consciência, sem que se chegue a um estágio de autoiluminação e de lucidez espiritual.
Quando vivemos assim, sofremos sem entender o porquê e buscamos formas de aliviar a tensão e o esgotamento, sem nos darmos conta de que há, ao mesmo tempo, um chamado espiritual na vivência deste sofrimento.
Assim, os sintomas de estresse, tensão, ansiedade, angústia, insatisfação, podem ser lidos, também, como um convite para mudarmos de estágio no desenvolvimento pessoal.
Os que tentam sair do sofrimento reforçando a autoimagem, como tantos fazem hoje, com selfies e autopromoção, achando que isso curará a autoestima, descobrirão que isso pouco ajudará.
Fugir de assuntos que sensibilizem é a atitude de outros e pode trazer um alívio momentâneo, mas não trará a cura. Nem se fechar para relacionamentos, ou fechar o coração, trará a melhora do estado mental ou emocional.
A busca frenética pelo sucesso profissional ou de um relacionamento afetivo pode apenas agravar os sintomas, aumentando o estresse e a angústia.
O que nossa alma quer é crescer. Assim, independentemente de como se escolhe viver a própria vida, promover o autoencontro será mais eficaz, bem como buscar desenvolver em si o amor altruísta e a compaixão.
Nesse caminho, exercícios de meditação e o uso de essências florais dentro de um Programa de Restabelecimento do Bem-Estar será bastante salutar, trazendo melhora na autopercepção, no desenvolvimento pessoal e na ativação de potenciais e de talentos.
Equilibrando a falta e os excessos, seja de sensibilidade, ou aqueles relativos ao esgotamento nervoso típico da hipersensibilidade e da empatia, promovendo assim o desenvolvimento para novos estágios da evolução pessoal.
Nessa jornada, curam-se traumas e o sentimento de vitimização ou ressentimento, para abrir espaço ao novo em si.
A busca passa a ser primeiro a do empoderamento pessoal através do autoamor, para simultaneamente voltar-se para as energias do coração amoroso e compassivo para com os demais, de onde se poderá extrair inspiração, criatividade, bem-estar, esperança e alegria, no cultivo da própria vida.
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Sobre o autor
Thais Accioly é especialista em Terapia Floral pela Escola de Enfermagem da USP.
Professora da Pós Graduação em Terapia Floral na Escola de Enfermagem da USP.
Professora da Flower Essence Society/CA EUA no Brasil.
Professora da Bush Flower Essences/AU no Brasil.
Consultora em Cultura de Paz.
11 3263 0504 Visite meu blog e Conheça o Interativo dos Florais. Email: [email protected] Visite o Site do Autor