Uma das mais difíceis lições existenciais a serem compreendidas é o conceito taoista do wei-wu-wei, que podemos traduzir como a ação que resulta da não-ação.
Para muitos, esta é uma definição obscura, de difícil entendimento. Mas, podemos defini-la de um modo mais simples como a atitude de entrega, ou seja, desistir de tentar controlar a realidade, fazê-la acontecer do modo como queremos.
Ao invés disso, entregar-se plenamente aos desígnios da existência, na confiança absoluta de que tudo o que necessitamos nos será provido por ela.
O aspecto desafiador desta prática é que, ao longo da vida, foi-nos ensinado justamente o contrário disto. Se não agíssemos, não lutássemos, nada conquistaríamos.
Ocorre que, em muitas ocasiões, por mais que atuemos, nenhum resultado é obtido através de nosso esforço, e a realidade insiste em contrariar nossos desejos. Quem já viveu esta experiência sabe exatamente do que se trata.
No momento em que desistimos, e nos damos por vencidos, milagrosamente as coisas começam a acontecer. E, muitas vezes, aquilo que tanto desejávamos vem repentinamente, ao nosso encontro.
A não-ação consiste no mais profundo ato de confiança na existência, pois somente quando conseguimos alcançar este estágio, é que o relaxamento total é possível. Desejamos algo, empreendemos alguma ação para obtê-lo, ou simplesmente focamos firmemente na intenção, e aguardamos de modo otimista e confiante que ele venha para nós.
Nas questões espirituais, isto é ainda mais claro. Quanto mais buscamos a experiência do divino, mais ele se distancia de nós. Quando finalmente nos entregamos e relaxamos, sem nada fazer, ele vem ao nosso encontro.
A iluminação de Buda ocorreu exatamente assim, depois de anos de prática meditativa, e de ansiar pela compreensão do mistério da existência, quando ele decidiu encerrar sua busca e sentou-se pacificamente sob uma árvore, finalmente, a iluminação o alcançou.
"Relaxar não é uma questão simples; é um dos mais complexos fenômenos, porque tudo aquilo que nos ensinaram foi tensão, ansiedade, angústia.
Uma testemunha não é uma espectadora.
Então o que é uma testemunha?
Uma testemunha é aquele que mesmo participando permanece alerta. Uma testemunha está em um estado de WU-WEI. Uma testemunha não é aquele que escapou da vida. Experimente caminhando na rua: lembre-se que você é uma consciência. O caminhar continua, mas uma coisa nova é adicionada, uma riqueza nova.
Você terá que aprender - é uma ação negativa. É uma das coisas mais significantes a serem aprendidas. Sabemos fazer coisas; este é o modo positivo, agressivo, masculino.
Há outro enfoque, mais sutil, mais gracioso, mais feminino: estar em um estado de deixar-se levar, estar em um estado de rendição e permitir a existência fluir por você. Isto é o fazer através do não-fazer. De certo modo é negativo, porque você não está fazendo nada.
Significa permitir que as coisa aconteçam.
Não faça nada, permita acontecer.
E este é o caminho do coração.
O caminho do coração significa o caminho do amor". Osho