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Como você escolhe seu parceiro(a)?

Publicado por Rosemeire Zago em Corpo e Mente

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Você é uma daquelas pessoas que está sempre atraindo o mesmo tipo de relacionamento? Muda o(a) parceiro(a), mas o modo como você é tratado(a) é sempre da mesma forma? Por exemplo, atrai sempre pessoas que a abandonam ou que são agressivas?

Qual foi o motivo que fez você se unir com a pessoa com quem convive? Talvez responda que foi por diversas características que são importantes para você, mas saiba que essas respostas são apenas aquelas a que você tem acesso pelo seu consciente. Se você acredita que a escolha de seu parceiro(a) é feita de maneira consciente, e que você sabe exatamente por que o(a) atraiu, saiba que provavelmente essa não é a resposta correta!

As motivações que levam as pessoas a relacionamentos, em geral, são inconscientes. A mente consciente influencia uma parcela muito pequena de nossas decisões, emoções e ações. Para ser mais precisa, a mente consciente é responsável por apenas 5%, deixando os 95% a cargo da mente INCONSCIENTE. Ou seja, quem escolhe o parceiro(a) é seu INCONSCIENTE!

É importante aqui definir o que é inconsciente: lugar de nossa psique que guarda tudo aquilo que não "queremos" lembrar. No inconsciente, ficam os conteúdos que alteram e influenciam o comportamento, tudo que é considerado agressivo à consciência. Tais lembranças são reprimidas no inconsciente como forma de defesa e censura interna. Pode-se dizer que o inconsciente é semelhante a um porão onde se guarda tudo que não queremos ver e onde há bem mais coisas que imaginamos. É o lugar de despejo e que nem sempre se limpa. Ou seja, as imagens, pensamentos e ideias esquecidas não deixaram de existir, apenas foram reprimidas no inconsciente.

Sim, seu inconsciente escolhe seu parceiro(a) a dedo! E todas as pessoas tendem a padrões repetitivos de relacionamentos. No relacionamento, o aspecto repetitivo da escolha é impressionantemente literal, como por exemplo, quando uma mulher cuja infância foi prejudicada por um pai alcoólatra acaba se casando com um alcoólatra; depois de muito sofrimento, consegue se divorciar e novamente casa-se com outro alcoólatra, repetindo pela segunda vez o padrão. Ou então, um homem cuja infância foi marcada por sua mãe com problemas cardíacos pode se unir a uma mulher com um problema semelhante. Outro exemplo é a menina que teve seu pai ausente durante sua infância e se casa com um homem igualmente ausente.

Um caso interessante que atendi foi de uma mulher com a seguinte queixa: só atraía homens casados! Não querendo mais esse tipo de relacionamento, resolveu fazer análise para buscar a origem dessa repetição de padrão. Durante o processo lembrou que quando criança seu pai teve um caso extraconjugal, e sua mãe se separou ao descobrir, trazendo muito sofrimento a todos. Quando criança, registrou que a mulher com quem seu pai teve o caso foi a responsável pelo seu sofrimento, reprimindo isso no inconsciente. Mas seu inconsciente fez a situação se repetir quando adulta, ao atrair homens casados, e destruir outros casamentos, como fizeram com ela quando criança. Ao se lembrar desse fato que estava esquecido e reprimido por muitos anos, entendeu que sua repetição de padrão se dava por uma tentativa inconsciente de reparar o que quando criança não tinha estrutura emocional para lidar na época dos fatos.

A repetição de padrão é identificada pelo sentimento conhecido que é gerado e, não necessariamente, pela mesma situação original. Isso ocorre porque o inconsciente tende a repetir o que conhece, e como não se atualiza sozinho, faz-se necessário o processo de autoconhecimento, que se dá pela análise.

Mas por qual motivo o inconsciente faz com que vivenciamos novamente situações das quais nos causaram tanto sofrimento? Exatamente para que, agora adultos, consigamos confrontar com tais situações e possamos nos libertar do que não conseguíamos quando crianças. Ao revivermos os mesmos sentimentos gerados pela repetição de padrão, podemos ter a oportunidade de entrarmos em contato com conteúdos reprimidos e que nos fizeram sofrer, para assim nos libertarmos. Ou seja, a repetição de padrão é consequência de conflitos inconscientes reprimidos.

Pense nos problemas que enfrenta em seu relacionamento/casamento. Existe algum padrão que está se repetindo? Quais são eles? Você já os relacionou com as experiências que viveu durante sua infância? Será que os conflitos atuais não são gerados por situações que aconteceram nos seus primeiros anos de vida?

Se você perceber um padrão repetitivo, não se desespere. Se não conseguir resolver sozinho(a), pois nem sempre conseguimos acessar conteúdos reprimidos no inconsciente, busque um profissional qualificado que possa acompanhá-la nesse processo.


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Sobre o autor
zago
Rosemeire Zago é psicóloga clínica CRP 06/36.933-0, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Estudiosa de Alice Miller e Jung, aprofundou-se no ensaio: `A Psicologia do Arquétipo da Criança Interior´ - 1940.
A base de seu trabalho no atendimento individual de adultos é o resgate da autoestima e amor-próprio, com experiência no processo de reencontrar e cuidar da criança que foi vítima de abuso físico, psicológico e/ou sexual, e ainda hoje contamina a vida do adulto com suas dores.
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