Sentir medo é compreensível e até saudável, especialmente se for na dose certa em cada situação. Mas se você vive com medo de sentir medo, daí complica. E bastante. Vale lembrar que o maior medo das pessoas é o de sofrer. É o de doer. Seja dor física ou emocional. E eu arriscaria dizer que a emocional é ainda mais temida, porque para essa não existe curativo ou analgésico.
Acontece que, você já sabe, sofrer faz parte. É impossível viver sem nunca sofrer. Assim como é impossível brincar sem nunca ralar o joelho. Mais do que isso, é impossível se relacionar, crescer e aprender sem nunca sofrer e sem nunca doer.
Mas, veja bem, não estou fazendo ode ao sofrimento sem fim, de forma nenhuma. Quem sofre sem buscar a lição, sofre a toa. Sofre por tempo indeterminado. Dor tem de ter prazo de validade. Senão, vira masoquismo. E daí já é escolha e não contingência da vida.
Pois bem, a pergunta então é: "e quando eu sofrer e doer, o que faço?". Porque quando você se permite esse questionamento, abre espaço para as experiências e para vivenciar também tudo de bom que pode acontecer em sua história. E, sobretudo, aprende a lidar com o que a vida nos oferece, tanto de prazeroso quanto de doloroso.
Note que é muito diferente de quem passa os dias com cara de assustado e sem se permitir viver. Gosta, mas não demonstra. Quer, mas finge que não está nem aí. Nunca pede desculpas e também não perdoa. Erra, mas não aprende. Acerta, mas não celebra. Vive feito "ostra em coma", como diz uma amiga muito querida!
Desperdiça chances e mais chances se escondendo e se defendendo. E nem percebe que sua vida não passa disso: sofrimento por falta de coragem. Dor profunda causada por uma vida vazia. Tristeza por causa de um vulcão que nunca explodiu. Dos erros nunca cometidos. Das delícias nunca experimentadas.
Quer saber o que fazer quando estiver doendo? Doa pra valer. Não negue, nem se desespere. Apenas aceite a sua parte e assimile o recado da vida. E quando menos esperar, terá parado de doer. O sofrimento terá se tornado degrau pra sua subida. Tudo é uma questão de viver um dia de cada vez. E de bem dormir cada noite entre eles.
Como? Contando com os amigos. Chorando quando der vontade. Pedindo ajuda. Buscando fontes de aprendizado. Matando um pote de sorvete, duas caixas de bis e pipoca até não aguentar mais. Afinal, quem nunca? É assim que a gente se dá conta do quanto é forte e do quanto pode mais, mesmo depois de ter jurado que jamais poderia novamente.
Amor não traumatiza. Amor ensina. Se é fácil? De jeito nenhum. Dor de amor é uma das mais, senão a mais difícil que existe de digerir, de processar. Parece que rasga a gente por dentro. Parece que é infinita e maior do que qualquer outra dor de qualquer outra pessoa. Claro! Dor de amor é particular. Ninguém sente pela gente.
Mas, pelo amor de Deus, não viva pelo "se". Viva pelo "quando". Para com isso de ter medo de sentir medo! Sai da ostra. Mostra a pérola. E acredite: joelho sara. Cicatrizes são histórias. Dor de cotovelo passa. Amores são presentes que podem ser passageiros ou duradouros, mas sempre, sempre mesmo, trazem algum aprendizado essencial e indispensável.
Porque é só quando você se arrisca, e aprende, que o melhor acontece. Pode apostar que sim!
Rosana Braga é Especialista em Relacionamento e Autoestima, Autora de 9 livros sobre o tema. Psicóloga e Coach. Busca através de seus artigos, ajudar pessoas a se sentirem verdadeiramente mais seguras e atraentes, além de mostrar que é possível viver relacionamentos maduros, saudáveis e prazerosos.
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Publicado por Rosana Braga
em Almas Gêmeas
