"Soube por uma amiga que o meu ex está com outra e aparentemente muito bem.
"Vi uma foto do meu ex nas redes sociais, com outra, divertindo-se muito".
"Meus amigos convidaram meu ex e a sua nova namorada para um evento e não me chamaram".
Cenas como estas são bastante comuns de acontecerem no dia a dia das pessoas que passaram por relacionamentos abusivos e quando grande parte dos dramas foram vivenciados apenas nos bastidores, sendo que quase ninguém viu ou pôde entender a amplitude do que houve. Em geral, as pessoas do convívio acabam banalizando o que ouviram ou viram e não é incomum que a maioria permaneça sob o véu do encantamento hipnótico, no qual o abusador emocional deita e rola.
O psicopata, narcisista perverso, ou o que quer que seja, por algum tempo literalmente sequestrou a sua alma, ainda depois do seu resgate, por conta desse tipo de movimentação sedutora que faz com todo mundo, pode muitas vezes, mesmo quando a pessoa já se encontra esclarecida, por alguns momentos, ainda fazer com que duvide das próprias percepções a ponto de suspeitar que é a louca da história. Só que não é.
Normalmente, e como regra geral, todos dessa categoria falam demais e absolutamente todos têm sempre o mesmo objetivo, que é o de desqualificar a sua percepção. Uma lavagem cerebral ardilosa que acaba cumprindo a função da inserção da dúvida sobre si mesma, sobre as suas memórias, sobre a legitimidade dos seus gostos e, por fim, sobre tudo o que pode ser justo ou injusto para você.
Apenas por um instante, faça uma reflexão maior e objetive lembrar com precisão dos momentos do seu relacionamento em que se percebeu com clareza absoluta de que estava transitando por uma trama de abuso emocional irracional dele em relação a você. Lembre-se dos fatos e busque símbolos concretos que promovam a ancoragem dessa realidade para que nunca mais se esqueça ou duvide do que passou, mesmo que neste momento toda essa situação por vezes ainda possa aparecer de modo difuso em sua mente.
Exemplo de ancoragem na lucidez dos fatos ocorridos: tenho uma paciente cujo namorado foi morar na casa dela e passado algum tempo ele começou a impor algumas de suas regras de funcionamento dentro da casa. Deixava sua roupa literalmente jogada no chão do quarto e acumulava suas camisas numa cadeira. Não gostava que as lavassem com frequência porque achava que iriam ficar com cara de usadas cedo demais. Muitas vezes, quando ela resolvia arrumar as roupas e colocar algumas para lavar, apesar de encontrar cartões, bilhetes e cheiros suspeitos, não podia reclamar de nada e ainda recebia uma bronca enorme pela sua atitude. Após tudo isso, ainda vinha um gelo afetivo que durava até o tempo dela se humilhar pedindo perdão, inclusive por ter suspeitado dele.
Após a libertação deste relacionamento abusivo, por conta de ainda estar fragilizada e, às vezes confusa, foi indicado a ela que comprasse um objeto que lhe desse uma referência contundente sobre que passou. Ela acabou comprando um gelo de acrílico que carregava sempre consigo e que serviu divinamente para que, com veemência, lembrasse de tudo. E quando, depois de ter se trabalhado bastante em suas percepções e se ancorado no tal gelo-símbolo, viu o tal ex desfilando com outra, não se iludiu e nem se enganou mais. Sabia que era apenas uma repetição de cenário, exatamente o que aconteceu com ela e ele agora apenas variando de pessoa. Apenas isso e nada mais. E ela pôde olhar tudo como num filme que ela não mais integrava e seguiu com sua vida.
Quanto mais despertos, melhor! Sempre.
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Sobre o autor
Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.
Tel. (11) 99938.3142 - deixar recado.
Autora dos Livros: Sequestradores de almas - Guia de Sobrevivência e Projeto Secreto Universos