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Acabou... e agora? Será que vale a pena voltar?

Publicado por Rosemeire Zago em Psicologia

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Seu relacionamento acabou... A dor é profunda e você se sente perdida, triste, sem vontade de nada. Você espera por uma mensagem, um pedido de volta. Continua a acompanhar a vida dele pelas redes sociais, e vai percebendo que ele está perto de todos, menos de você! E a saudade aperta!

Uma voz lhe diz para procurá-lo, passar por cima de suas mágoas e sentimentos, mas nesse momento você lembra do passado com lágrimas nos olhos, que também pode ser o medo de acreditar em si mesma e ser capaz de superar essa dor. Negar o que está acontecendo ou sentindo, com medo de sofrer mais, não ajudará em nada. Separar-se não significa não haver mais nenhuma possibilidade de voltar atrás e reconciliar-se. Significa simplesmente que por enquanto a relação acabou e esta é a única certeza que possui. Nada impede que vocês voltem, superando as dificuldades e, acima de tudo, aprendendo com cada uma delas. Mas agora é hora de pensar!

A decisão e o ato de separar-se sempre tem muitos motivos, e agora é hora de lembrar de cada um. Escreva cada um deles e analise-os um por um. Se haviam brigas constantes, desentendimentos, tristeza, traição, a separação não deveria ser vivida como uma sensação de alívio? E se em lugar do alívio, existe a angústia, opressão? Será que isso indica que houve um engano? Mesmo que a relação não fosse como gostaria, parece que agora falta uma parte de si mesma que foi embora. E quanto mais longa e íntima foi a relação, mais intensa parece a falta que faz. Após uma separação, é comum nos lembrarmos muito mais dos momentos bons e esquecermos das causas que fizeram o relacionamento não mais existir.

Porém, muitas vezes, por carência, solidão, medo de ficar só, algumas pessoas pensam numa reconciliação, esquecendo-se dos motivos reais que as levaram a tomar tal atitude. Viver na esperança e na expectativa da volta, idealizando um relacionamento que não existia mais, poderá causar mais dor. Por isso, é preciso tomar cuidado com esses momentos de recaída, pois voltar sem analisar os motivos que fizeram com que o relacionamento tenha acabado, sem deixar que o tempo lhe traga a certeza de sua atitude, poderá em curto espaço de tempo, estar sofrendo tudo de novo. É essencial viver esse momento como uma verdadeira separação, a fim de que todo o sofrimento tenha algum sentido de existir e que você possa aprender, para que assim, mudanças possam ocorrer.

Os sentimentos que antes eram possíveis disfarçar, agora parecem ficar mais expostos como nunca. A separação de fato machuca tanto, que na escala das causas de estresse, vem imediatamente após a morte de uma pessoa significativa. Tanto isso é verdade que quando esse vínculo é rompido, é necessário um trabalho interior que requer uma enorme quantidade de energia psíquica para recuperar o equilíbrio perdido, tanto que psiquicamente, passamos por um período de luto, da mesma forma de quando perdemos uma pessoa querida pela morte real. Por isso, se a dor estiver muito intensa, respeite seu luto, sua dor, e fique só por um tempo para cuidar de si mesma.

De fato, muitas pessoas têm a sensação de assistir a um enterro, sem flores nem acompanhamentos, no qual se está só com seu luto. Algumas pessoas nesse momento precisam estar na companhia de alguém que as ouçam e suportem com elas sua dor, mas quase sempre a pessoa não se sente uma companhia muito agradável, evitando qualquer contato com outras pessoas, para ter a liberdade de chorar, chorar e chorar. Muitas vezes sequer imaginava que ficaria tão mal e sofreria tanto! Mas ficamos. Algumas pessoas olham fotos de momentos vividos juntos, leem cartas, mensagens que foram trocadas, continuam a acompanhar todas as postagens; outras, no entanto, rasgam tudo, querem se livrar de tudo aquilo que as façam lembrar do passado, afinal, alguns objetos, fotos, são terríveis testemunhas do que se deseja esquecer. O que é ideal? Guardar e rever tudo que foi conquistado junto ou se livrar de tudo o mais rápido possível? Faça o que lhe faça sofrer menos. É comum nos dias seguidos da separação, rever fotos, reler mensagens e tudo que possa lhe garantir que tudo existiu de fato, mas prolongar esse período pode trazer muito mais dor. Caso ainda sinta muita tristeza pelo que ocorreu, o mais indicado é deixar de acompanhar o que o outro faz pelas redes sociais, colocar tudo que é dele numa caixa e deixar guardada até que se sinta mais forte para decidir o que fazer com tudo isso. Tire tudo que lhe faça lembrar esse passado tão recente.

A culpa também é outro sentimento que pode nos fazer querer voltar para refazer o que não foi feito. Algumas pessoas tendem a assumir toda a carga da responsabilidade para si devido ao sentimento de inferioridade ou baixa autoestima, sentindo que não foi capaz de manter a relação; outras tendem agir ao contrário, não se responsabilizando por nada do que ocorreu. Nem sempre a busca por culpados é o melhor caminho, é melhor entender o que aconteceu, evitando apontar o dedo para quem quer que seja. Foram preciso duas pessoas para começar a relação e também para terminá-la. Mas não se deixe esmagar por condenações e culpas, com certeza, cada um fez o melhor que conseguiu fazer.

Ter uma visão clara do que ocorreu não é uma conquista imediata, e para que as primeiras reações emocionais possam ser compreendidas, levará algum tempo. Não é possível determinar quanto tempo, pois cada pessoa reage de maneira diferente, principalmente devido ao seu histórico de vida. Pessoas que quando crianças viveram a experiência do abandono, é provável que encontrarão mais dificuldades para enfrentar esse momento, pois o abandono da infância irá se somar ao atual, podendo fazê-la reviver o último com muito mais intensidade e sofrimento. Por outro lado, aquelas que viveram uma infância com afeto, sem perdas, terão mais recursos para enfrentar a separação. Seja o que for que esteja sentindo nesse momento, saiba ser compreensiva consigo mesma como seria com alguém que lhe pedisse colo. Dê a si mesmo carinho, atenção, e ouça cada um de seus sentimentos, sem desprezá-los ou ignorá-los, para que aos poucos comece a elaborar esses sentimentos e obter condições internas para reconstruir tudo que foi destruído.

E nesse momento, eu lhe pergunto: o que você tem feito por você? Independente do tempo que ficaram juntos, você tinha uma vida antes de conhecê-lo. Que tal começar a fazer coisas que não fazia mais, comer tudo aquilo que deixou de comer porque o outro não gostava, rever amigos que não vê há anos, ir a lugares que deixou de ir, enfim, fazer tudo diferente? Ou ainda, começar a academia ou aquele curso de dança que estava adiando?

Pense em quantas coisas deixou de fazer, pense como pode ser positivo ter sua liberdade de volta, quanta coisa poderá realizar e que de alguma forma, havia desistido. E nos momentos de tristeza profunda, se quiser, escreva tudo que sentir para que possa colocar para fora, chore tudo que quiser chorar, mas tenha certeza que toda essa dor irá passar, ainda que fique uma cicatriz, ela é necessária para lembrar do quanto foi capaz de superar e aprender. E somente depois de estar de bem consigo mesma, irá sentir aquela vontade imensa de viver, mas com alguém que te valorize por tudo que você é. Com certeza, amor não é sinônimo de sofrimento, lágrimas, tristeza, solidão, egoísmo. Amor é acima de tudo transparência, troca, crescimento, e se não foi isso que acontecia, pode ser que aquilo que você chamava de amor, só tinha esse nome porque você não sabia o que era ser amada de verdade, mas você poderá descobrir quando encontrar alguém que em vez de lhe fazer chorar e sofrer, lhe faça sorrir e ser simplesmente feliz! E o que você acha de ter esse relacionamento com você mesma nesse momento?


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Sobre o autor
zago
Rosemeire Zago é psicóloga clínica CRP 06/36.933-0, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Estudiosa de Alice Miller e Jung, aprofundou-se no ensaio: `A Psicologia do Arquétipo da Criança Interior´ - 1940.
A base de seu trabalho no atendimento individual de adultos é o resgate da autoestima e amor-próprio, com experiência no processo de reencontrar e cuidar da criança que foi vítima de abuso físico, psicológico e/ou sexual, e ainda hoje contamina a vida do adulto com suas dores.
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