A visão fragmentada do corpo humano como se fosse uma máquina vai cedendo lugar para uma visão holística. Nesta, compreende-se que existe uma inter-relação e dependência essencial de todos os fenômenos: físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Assim a questão da saúde e dos métodos terapêuticos caminha para uma integração de todas as áreas do conhecimento (física, biologia, psicologia, medicina, sociologia, arte, etc.) numa abordagem completa, sistêmica, do indivíduo em sua relação com o meio em que vive.
Esta “nova” abordagem não é nova. Está de acordo com muitas concepções tradicionais não só de outras culturas, como a oriental, como também encontra raízes num antigo sistema da medicina ocidental: a medicina hipocrática. A saúde, de acordo com os escritos de Hipócrates (Grécia, 400 Ac) requer um estado de equilíbrio entre influências ambientais, modos de vida e os vários componentes da natureza humana. Dentre estes, alguns eram descritos como “humores” e “paixões”. Os “humores” estariam relacionados com o equilíbrio químico-hormonal e as “paixões à interdependência da mente e do corpo.
Hipócrates também reconhecia que existiam forças curativas inerentes aos organismos vivos, o que chamou de “poder curativo da natureza”. O papel do médico consistia em ajudar estas forças mediante a criação de condições mais favoráveis para o processo de cura. O significado original da palavra terapia vem do grego “therapeuin” e significa “dar assistência a”, “cuidar de”.
O poder de autocura só pode realmente ser admitido dentro de uma concepção na qual se enfatiza o papel da autoconsciência do indivíduo. A autoconsciência que só pode ser recuperada dentro destas “novas” abordagens terapêuticas, que devolvem ao corpo o seu poder de falar; ao indivíduo, a sua capacidade de se auto-observar, compreender seus conflitos e se transformar.