Quanto tempo longe do site, e de vocês!!! Senti muita, muita falta. Mas o que fez com que eu ficasse tanto tempo, exatamente um ano e meio, longe? Vou explicar: tive uma torção no tornozelo e fraturei várias partes dos ossos da perna. Fiz 3 cirurgias, 3 meses sem andar, fisioterapia, hidroginástica, academia, e inspiração zero para escrever. Toda minha energia ficou para minha recuperação e para as pessoas que atendo no consultório e online. Sim, os atendimentos não parei. Mesmo com dor, muleta, depois bengala, continuei firme lá. Mas agora, após a terceira, e acreditando ser a última cirurgia, enfim estou sem dor e com muita vontade de estar perto de vocês novamente! E cá estou! Com muita gratidão por estar com minha perna inteirinha e andando!
No último artigo fiz uma breve reflexão sobre expectativa que temos em nossos relacionamentos. Se você não leu o outro artigo, poderá encontrá-lo no final da página.
E agora vamos para a segunda parte. De onde as expectativas surgem?
Muitas expectativas têm origem na criança que se tornou ferida por não ter suas necessidades emocionais supridas nos primeiros anos de vida.
A expectativa surge quando esperamos conseguir ou realizar algo, certo? Ela está sempre presente; seja quando fazemos uma entrevista de emprego, uma prova, conhecemos alguém, realizamos uma tarefa, fazemos um simples almoço, e em muitas outras situações. Mas o que percebo é que está quase sempre relacionada com a busca de reconhecimento, ou seja, com nossas necessidades emocionais. E de onde essas surgem?
Desde muito cedo somos dependentes daqueles que cuidam de nós. Toda criança precisa receber carinho, afeto, amor, reconhecimento de seu valor, ter seus sentimentos validados, sentir-se importante. E assim aprendemos que são as outras pessoas que suprem nossas necessidades emocionais, o que infelizmente sabemos que nem sempre o fazem. Mas o problema piora quando nos tornamos adultos e continuamos esperando que outras pessoas supram aquilo que não recebemos. Na verdade, o que ainda buscamos quando adultos é o amor de nossos pais que não recebemos quando crianças.
Quer exemplos? Quando espero ser reconhecida por algo que faço, muitas vezes estou buscando o reconhecimento que nunca recebi. Quando espero atenção extrema dos meus amigos, posso estar buscando compensar a atenção que nunca recebi de meus pais. Na verdade, a expectativa é uma tentativa de preencher nossas necessidades emocionais que não foram supridas quando éramos crianças e ainda se fazem presentes, independentemente da idade.
Para facilitar vou citar um exemplo: João, um homem maduro, profissional reconhecido, mostra com muito orgulho o 7º. livro escrito por ele para sua mãe, não recebendo dela nenhum reconhecimento/elogio, e sim indiferença. Sentiu decepção e muita raiva sem saber o real motivo, pois dizia não esperar nenhuma reação dela. Só depois de analisar o ocorrido, lembrou que desde menino buscava o reconhecimento de sua mãe que dava mais atenção ao seu irmão mais novo. A necessidade emocional em receber o reconhecimento da mãe esteve presente desde muito cedo, mas ficou reprimida em seu inconsciente pela dor que isso causaria. Ao mostrar o livro para sua mãe, obviamente existia a expectativa em receber reconhecimento, mas ele a negava para não sentir a dor reprimida desde quando era criança. Percebe como a expectativa é sutil e geralmente tem origem nos primeiros anos? E negamos para evitarmos sentir aquela mesma dor. Ou seja, por trás de cada expectativa há sempre uma necessidade emocional não suprida que causou dor.
Quando somos pequenos não temos acesso a dor que nos causa não termos nossas necessidades emocionais supridas. Toda essa dor fica reprimida no inconsciente para sobrevivermos. Mas quando adultos podemos aprender a identificar essas necessidades e saber que podemos supri-las por nós mesmos! Não somos mais crianças indefesas, apesar de muitos se sentirem como tal.
Quais são as necessidades emocionais que não foram supridas quando você era criança? Reflita se você espera que outras pessoas lhes deem aquilo que sua criança não recebeu.
Continuarei no próximo artigo. Aguardem a parte III. Até lá!
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Rosemeire Zago é psicóloga clínica CRP 06/36.933-0, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Estudiosa de Alice Miller e Jung, aprofundou-se no ensaio: `A Psicologia do Arquétipo da Criança Interior´ - 1940.
A base de seu trabalho no atendimento individual de adultos é o resgate da autoestima e amor-próprio, com experiência no processo de reencontrar e cuidar da criança que foi vítima de abuso físico, psicológico e/ou sexual, e ainda hoje contamina a vida do adulto com suas dores. Visite seu Site e minha Fan page no Facebook. Email: [email protected] Visite o Site do Autor