Certa manhã, inspirada pelo calor do sol, tenho vontade de conquistar o mundo. Sair, ver gente, abraçar, jogar conversa fora... Eu sei, não pode! E não vou! Mas me aproprio desse sentimento e me sinto viva! Mas à tarde estou fugindo até da minha sombra. Dando graças por estar sozinha. Achando um porre as conversas sempre sobre os mesmos assuntos rasos.
Num dia, acordo cheia de ideias, motivada e com esperança. No outro, nem quero levantar da cama e passo as horas me questionando qual o sentido disso tudo. Do silêncio tenho necessidade e medo ao mesmo tempo. Vou para dentro e logo saio correndo! Onde ficar? Em casa, claro! Mas preciso sair, resolver a vida! Não enlouquecer!
Às vezes, tenho pensamentos tão adolescentes e fora de contexto que sinto vontade de dar a periquita até esfolar. Dias depois, a sensação é simplesmente a de que ela está morta! Não sinto nada e, acredite, é constrangedor e cansativo!
Semana passada, tava amando meu marido. Nesta, não quero nem ver a cara! Irritação e impaciência nível hard! Caraca! Já não sei se é pandemia, inconsciente coletivo, quarentena, pré-menopausa, crise de idade ou toda essa cagada junta e misturada!
Quando respiro e me encaixo em mim, a mente justifica: é o momento! "Tá tudo muito estranho mesmo, querida", ela me diz! Ok, eu sei, uma tristeza inédita assola o mundo, uma enxurrada de perdas inexplicáveis e confusões de todas as ordens nos deixam sem horizontes em muitos momentos e em vários sentidos!
Mas, gente, sério, por aqui ando exausta com essa instabilidade dentro de mim! Que sacooo! A psicóloga cogita a teoria dos setênios. Esse ano estou nos 7x7. Isso é mais do que cabalístico. É "fodístico"! Mas, cara, sério, haja autoconhecimento para dar conta de tanta contradição numa pessoa só!
Como não perder o sono? Como não comer demais? Como não descobrir algum vício escondido, nem que seja de algum joguinho inútil e infantil no celular? E falando nisso, não aguento mais essa porcaria de aparelho! Escraviza, desorienta, desconecta, abduz as pessoas! Credo! Mas também não vivo sem ele! Me sinto tão pateticamente dependente!
É isso! Surtada para além da conta! Se 2020 parecia insuportável, 2021 tem me assustado mais ainda! A angústia questiona: se tenho tanto a agradecer, e tenho mesmo, por que me sinto assim, tão esquisita? Não sei! Se você souber, me ajude a entender! No mais, meu lema tem sido "minha terapeuta que lute", porque eu já me rendi! Que seja o que tiver de ser! E que a santa protetora dos indignados na quarentena nos proteja!
Foi mais ou menos o que disse uma paciente minha durante a sua primeira sessão.
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Sobre o autor
Rosana Braga é Especialista em Relacionamento e Autoestima, Autora de 9 livros sobre o tema. Psicóloga e Coach. Busca através de seus artigos, ajudar pessoas a se sentirem verdadeiramente mais seguras e atraentes, além de mostrar que é possível viver relacionamentos maduros, saudáveis e prazerosos.
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