Publicado por Paulo Sergio de Camargo
em Psicologia
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O lado esquerdo sempre esteve ligado a superstições de todo o tipo e por isto muitas vezes os canhotos acabaram "pagando o pato".
Em latim - sinister, origem da palavra sinistro. Cair em desgraça - "ficar à esquerda".
Na língua italiana canhoto é "mancino": sinônimo de trapaceiro. Em espanhol, "zurdo" (de azurdo): errado. No francês, "gauche": deselegante, desajeitado.
Buda, por exemplo, diz que o caminho para o Nirvana, da purificação da alma é o do lado da mão direita e que é o jeito de viver errado é o da esquerda.
No Dia do Juízo Final os Danados estarão no lado esquerdo. Na Idade Média era igualmente fêmea, noturna e satânica.
Até hoje os esquimós acreditam que os canhotos são feiticeiros poderosos.
Este simbolismo se amplia para todos os campos, você deve ter convidado vários canhotos para entrarem o ano com o pé direito.
Esqueça estas bobagens e lembre-se que não existe civilização ou povo que se utiliza somente a mão direita ou esquerda. A própria Bíblia fala da tribo de Benjamin; foram escolhidos 700 homens que "pelejavam igualmente com a mão esquerda que com a mão direita". Como a tribo tinha quase trinta mil homens, quase 2,5% eram destros.
Segundo algumas pesquisas, cerca de 8-15% da população adulta é canhota; e é mais comum em homens do que em mulheres. Ao que parece existe maior frequência em gêmeos idênticos, e em vários grupos de indivíduos com desordens neurológicas (epilepsia, Síndrome de Down, autismo etc).
De acordo com as estatísticas, os filhos gêmeos de uma pessoa canhota têm cerca de 76% de chance de nascer canhoto.
Atualmente a população de canhotos parece aumentar em todo o mundo; no século XIX existiam em menor números, contudo alguns pesquisadores atribuem este fato as pessoas esconderem o fato.
Existem outra interpretação que o canhoto é teimoso; mas isto pode ser explicado em parte pela vontade e impulso natural para utilizar a mão esquerda; enquanto todos pressionam para utilizar a direita; inclusive os pais e professores.
Centenas de brasileiros canhotos ficaram famosos e fizeram sucesso pelo talento e não especificamente pelo fato de serem canhotos. Pelé, Ayrton Senna e Romário estão entre eles.
No mundo: Napoleão Bonaparte, Mahatma Gandhi, Pablo Picasso, Leonardo da Vinci, Albert Einstein e os dois Bill; o Clinton e o Gates puxam uma fila quase infinita.
Leonardo da Vinci é um caso a ser destacado, além de escrever com as duas mãos, também escrevia invertido e "em espelho"; a escrita pode ser lida facilmente quando coloca o papel frente a um espelho. Ele fazia isto com a finalidade de ocultar suas anotações.
Alguns menos cotados também foram canhotos: o pistoleiro do velho oeste - Billy The Kid. Jack, o Estripador... por aí vai.
Ser canhoto tem algumas vantagens, especialmente em esporte com o baseball no qual existem mais destros. Na escrita a dificuldade para se enfrentar o canhoto é notória. Em resumo, na maioria dos esportes que existem contatos físicos os atletas estão acostumados com os destros; quando tem pela frente canhotos habilidosos tendem a se complicar.
Os canhotos também não são fáceis, perdem o amigo, mas não perdem a piada, como sempre disse meu professor de química canhoto, por sinal. Criaram o Dia do Canhoto, na sugestiva data de 13 de agosto. Melhor impossível.
Pelas leis da probabilidade os seres humanos metade dos seres humanos deveria ser canhota. O antropólogo inglês Desmond Morris diz que cem a zero seria aceitável; mas isto não acontece. Como até hoje não foi encontrada uma explicação científica para isto, essa divisão continua a ser um dos mistérios secundários da vida humana.
Para finalizar. Em termos de escrita não existem grandes diferenças entre as letras dos canhotos e dos destros, muito embora o especialista em grafotecnia possa observar com boas doses de acerto a mão diretora.
Paulo Sergio de Camargo é Escritor, grafólogo, especialista em Linguagem não verbal e RH, consultor de empresas nacionais e multinacionais. Palestrante internacional. Membro de Honra da "Agrupación Grafoanalistas Consultivos en Espanã" (Barcelona) e da SOBRAG, Sociedade Brasileira de Grafologia. Membro de Honra da Sociedade Espanhola de Grafologia e da Sociedade Mexicana de Grafologia Científica. Email: [email protected] Visite o Site do Autor