Uma internauta que enviou uma pergunta ao nosso portal me estimulou a escrever sobre os símbolos astrológicos. Talvez, compreendendo melhor como eles foram se formando ao longo dos milênios, possamos compreender também seu significado profundo na nossa mente coletiva.
Os símbolos não são criações arbitrárias de uma ou de poucas pessoas. Eles são inerentes à própria consciência coletiva da alma humana e estão enraizados em nosso subconsciente naquilo que Jung considerava sendo os Arquétipos. C. G. Jung afirma que o inconsciente humano se encontra, de alguma forma, estratificado em diversas zonas. As mais superficiais, mas nem tanto superficiais assim, correspondem ao inconsciente individual e as mais profundas correspondem ao inconsciente coletivo.
Em minha opinião, o Inconsciente Coletivo é como um enorme banco de dados, um disco rígido onde ficam todas as impressões da humanidade, desde o início dos tempos. Assim, podemos consultar esse banco de dado à medida que pesquisamos em profundidade um determinado assunto. Nos sonhos, visões, êxtases e devaneios espirituais, podemos ter acesso aos cantos mais profundos do banco de dados desse HD.
A humanidade usou partes desses arquétipos para elaborar as imagens que usamos, por exemplo, nos Arcanos Maiores do Tarô. Os Deuses egípcios, gregos, romanos, etc. também são baseados nesses arquétipos. Exemplo: todos esses povos usam símbolos como um Deus Pai, uma Deusa Mãe, um Deus Filho, uma Deusa sedutora, etc. Não importando o nome, seu significado pode ser facilmente compreendido por todos. Faz parte do saber comum.
Os arquétipos impessoais ou mandálicos (como os círculos ou outras formas geometricas) representam um fato psíquico autônomo, conhecido por manifestações que tendem a se repetir de forma idêntica em qualquer lugar do planeta. Essa simbologia é uma ‘patente realidade interior ‘ (segundo Rudolf Steiner) e constitui um processo fundamental da mente humana, pois se encontra em todas as manifestações psíquicas.
Assim, os fatores celestes podem ser interpretados de um modo simbólico: o micro refletindo o macro. Podemos deduzir facilmente que o uso do circulo para representar o Sol, a autoridade, o pai, o marido ou o patrão, tem sua simbologia no nosso astro rei, centro e patrão do nosso sistema solar. E aquele ponto que é colocado no centro? O ponto é o Princípio de Tudo, o N.º 1 da Cabala, Keter, do qual tudo se origina. É o Espírito do Éter, o Shin, descendo à matéria. O símbolo da matéria sendo uma cruz. É a crucificação do espírito na encarnação evolutiva. Então vamos analisar:
Sol: Um círculo com um ponto central. Representa o íntimo do homem, seu Eu Superior, é o espírito divino sendo encarnado. Pai.
Lua: Representa a alma, reflexo do espírito divino, representando a percepção, a imaginação e a sensibilidade. Mãe.
Mercúrio: Aqui temos reunidos os três símbolos básicos: a alma sobre o espírito dominando o corpo físico. A alma ainda domina o espírito e consequentemente a matéria, indicando a imperfeição do pensamento humano. Razão.
Vênus: O círculo superior, força do espírito, procura dominar a matéria e vencê-la. Filha.
Marte: A princípio a seta deveria ser indicada como uma cruz inclinada, expressando o domínio dos impulsos físicos e materiais sobre o espírito. Filho.
Júpiter: O meio-círculo (da alma) procura se elevar acima da matéria (cruz). Expansão da alma.
Saturno: A matéria (cruz) domina a alma (meio círculo). O corpo material é uma limitação aos anseios de elevação da alma. Limite, carma.
Urano: Dois semicírculos, uma cruz central sobre um círculo. São as duas almas; a divina e a humana se juntam com o corpo para conseguir a expansão espiritual. Alguns astrólogos lembram também que Herschel, o descobridor de Urano, tem em seu nome um H que lembra o símbolo de Urano: será coincidência?
Netuno: Semicírculo (virado para cima) sobre a cruz, indica que a alma está em atitude de recepção das forças espirituais para a sua evolução sobre a matéria.
Plutão: é o espírito dominando a alma e a matéria. O espírito (círculo) está acima, dominando a humanidade. Sem dúvida nossa meta derradeira.
Terra: É o círculo com a cruz dentro. O símbolo também pode ser um círculo com um traço vertical e dois cortes horizontais, um em cima do outro. As vezes, a Terra é representada também com um circulo dominado por uma cruz. Aqui a matéria está acima e limita a ação do espírito.
Os signos do zodíaco também respondem a essas mesmas interpretações arquetípicas que podemos explicar assim. A observação da dinâmica da energia da água nos mostra que três fatores são característicos dessa ação e possuem propriedades particulares:
1- A pressão normal da quantidade do fluxo líquido;
2- A pressão, no caso da aceleração, face aos declives da corrente;
3- A pressão violenta como conseqüência da formação de rodamoinhos.
Então podemos pensar nos Signos como um fluxo de energia fluida, como um rio que corre para o mar: Áries: representa o curso d’água que jorra, se eleva, chega ao auge e se precipita para baixo num movimento contínuo.
Touro: representa o rodamoinho, permitindo que o homem utilize o potencial da energia gerada.
Gêmeos: é a água canalizada numa direção pela intervenção da engenhosidade humana.
Câncer: representa a elevação da água, os círculos representando os cubos d’água como ondas revoltas. Para retirarmos a água do rio, imergimos um recipiente contra o sentido da corrente e então retiramos a água contra a corrente. Câncer simboliza a retirada da água, seu uso e o retorno da água não usada para dentro da correnteza.
Leão: representa o rodamoinho que se forma no meio da correnteza, com seu ápice de potencial. Se eleva em vórtices para precipitar de novo rio abaixo.
Virgem: representa a diminuição da velocidade da correnteza por causa dos obstáculos encontrados sob a superfície. É a água represada, o estancamento do líquido que, sob a pressão da corrente, tende a voltar à superfície mediante um movimento retrógrado.
Libra: representa o equilíbrio hidráulico conseguido com vasos comunicantes. Canalizamos as forças energéticas buscando complementos.
Escorpião: representa o potencial de volume líquido, a pressão máxima da correnteza que, canalizada, não agüenta a pressão e explode na direção da flecha. É como a válvula de uma panela de pressão.
Sagitário: representa a velocidade com que a água se desloca e sua direção primária. Procura seu destino final, passando por cima dos obstáculos materiais.
Capricórnio: representa uma queda d’água, uma cascata, um lugar alto de onde a água se precipita. Ela gera energia pela força de seu próprio movimento.
Aquário: representa o aumento de velocidade provocado pela queda, com todo seu potencial de energia. A água está revolta, mas já procura uma nova estabilidade.
Peixes: representa a mudança de velocidade, porque a direção da corrente mudou pela ação da queda d’água. Essa modificação de curso causa novas turbulências. E o rio continua na direção do mar.
É dessa forma que o sábio da antigüidade sintetizou no curso d’ água as doze modificações da energia universal. Podemos assim afirmar que a simbologia astrológica nos indica do ponto de vista histórico-evolutivo a própria evolução do mundo matemático-físico. Em nossa personalidade, esses cursos d’água são as próprias emoções e energias que motivam nossas ações e reações.
O astrólogo, ao interpretar os significados dos signos e dos planetas, e sua interação, não está fazendo nada mais do que ‘interpretando símbolos arquetípicos’, usando as leis universais ensinadas pela própria observação.
Quanta sabedoria existe nessa simbologia, não é? Cada um de nós pode tentar compreender a sua própria natureza interior na simbologia de seu signo e de seu planeta regente e descobrir assim de que forma pode contribuir para a evolução energético/espiritual de toda a humanidade. Afinal é para isso que serve a Astrologia, não é?