Ao longo de nossa vida nos deparamos muitas vezes com encruzilhadas e bifurcações, lugares onde precisamos fazer escolhas cruciais para nossa vida. Nestes momentos recorremos muitas vezes aos “bruxos de plantão”. São aquelas pessoas que, por possuírem dons inatos e uma vocação especial para ajudar os outros, se dedicam à função de servir de “veículo”, de intérprete astral, para auxiliar a pessoa a fazer sua escolha. Com o tarô, a astrologia, a numerologia, as cartas, a vidência, a leitura das mãos, a borra de café, enfim, não importa com qual meio, cada um desses profissionais do oculto procura esclarecer dúvidas e indicar caminhos. Mas é - porém - claro que essas pessoas, cada uma com sua especialidade, somente podem servir de conselheiros, já que a escolha, afinal, precisa ser sua. Sabemos que ninguém pode trilhar o caminho por nós.
Neste período do ano podemos aproveitar o conselho dos cabalistas que aconselham a re-programar nossa vida aproveitando o momento posterior ao Pesach – a Páscoa judaica. A Cabala nos ensina que, quando Moisés procurou tirar o povo judeu da escravidão do Egito, em sua caminhada precisou enfrentar o Mar Vermelho. O Mar Vermelho representa os obstáculos que se apresentam à nossa frente sempre que procuramos atingir uma meta, alcançar um objetivo. Moisés “abriu” o Mar Vermelho com a ajuda de Deus. Da mesma forma podemos fazer nossa escolha se a Luz estiver conosco: abriremos assim nosso “mar Vermelho” se acreditarmos firmemente que não estamos sozinhos em nosso caminho.
Antes de tudo, para re-programar nossa vida procurando um direcionamento correto, precisamos avaliar nossos propósitos e ver se eles são realmente indicados para nós, caso contrário a Luz não poderá fluir. Uma forma fácil para fazer isso pode ser esta:
- Faça uma lista de tudo o que é importante para você (namorado, trabalho, carro novo, viagem, filhos, etc.)
- Numa coluna escreva tudo o que você ama e aprecia a respeito desta coisa escolhida
- Em outra coluna escreva tudo o que você não gosta e deseja eliminar desta coisa escolhida
Verifique a sua lista e analise as coisas que você quer levar consigo no caminho da vida, sabendo quais dentre estas lhe trarão o verdadeiro progresso espiritual, ou seja, quais o ajudarão a alcançar sua meta. Descarte aquelas coisas que, apesar de agradáveis e amadas, não servem como veículo de crescimento espiritual.
Outra coisa: ao fazer suas escolhas, faça-o com alegria, com excitação. “A excitação cria apreciação que cria conexão”, ou seja, se você não acredita em sua escolha não continuará em seu caminho até o fim. Quando perdemos a excitação, perdemos também a força de vontade que nos mantém no caminho escolhido. Assim, abandonamos nosso propósito no meio do caminho e acabamos nos perdendo.
Vejo isso o tempo todo em volta de mim e confesso que muitas vezes isso aconteceu comigo. Um exemplo: ficamos entusiasmados com um novo curso, por exemplo: desejamos aprender a ler tarô. Começamos cheios de entusiasmo, fazemos nossas primeiras lições e depois, pouco a pouco, buscando resultados imediatos, andamos zigue-zagueando, mudamos nossa rota, passamos de um assunto a outro e... perdemos nosso objetivo primordial. A excitação acabou e nós abandonamos nossa meta! E este é somente um exemplo.
Em nossa vida tudo acontece dessa forma: perdemos a excitação da novidade, perdemos o interesse, perdemos nosso caminho e não alcançamos nosso intento. Isso me lembra um livro maravilhoso que li muitos anos atrás, quando me iniciava no caminho espiritual. Este livro chama-se “A arte cavalheiresca do arqueiro zen” (Editora Pensamento). Nele, um sujeito ocidental vai para o Oriente e quer aprender o tiro ao arco, por isso procura um mestre zen. Logo, ele se fixa na idéia de alcançar o alvo em poucas lições (este é um comportamento muito ocidental), mas aprende pouco a pouco, com o sábio mestre zen, que ele precisa primeiro conhecer o arco, conhecer a corda, conhecer a relação entre o esforço, a corda e o arco, entre o arco e a flecha, entre seu braço e a força necessária para estender o arco, enfim, ele precisa avaliar todos os componentes em jogo. Então, depois que ele dominar profundamente tudo isso, o alvo virá facilmente, sem esforço como “conseqüência” do seu trabalho. O objetivo não é o “alvo”, mas sim “o caminho”. Bonito, não é?
Assim devemos fazer na vida: trilhar nosso caminho sempre atentos a todos os elementos envolvidos e necessários para alcançar nossa meta, descartando todos aqueles que não são necessários. A Luz então se manifestará em nós levando-nos ao nosso objetivo final.
E uma vez alcançado este objetivo, não devemos perder nossa excitação. Não devemos começar a achar defeitos, a perder o interesse naquilo que foi alcançado. (Isso acontece também no amor, não é mesmo)? Antes de nos fixarmos naquilo que “não temos”, devemos buscar apreciar aquilo que “temos”. Uma de minhas clientes veio me perguntar se devia ou não deixar seu namorado. Pedi-lhe para fazer aquela lista indicada acima. Depois de algum tempo ela veio a mim com um sorriso: a lista das coisas positivas, daquilo que ela amava no namorado era bem maior do que a lista das coisas que ela não amava. Então... ela resolveu trazer um pouco de excitação em sua vida amorosa, renovando o relacionamento, iniciando um novo caminho sem repetir o comportamento do passado que estava matando o amor entre os dois. É claro que, às vezes, aquela lista fica mais pesada do lado negativo, e então, não há o que fazer, é melhor cortar tudo e seguir outro caminho.
Assim é também em relação a um trabalho: estamos desempregados, buscamos desesperadamente um emprego, e ficamos felizes e excitados assim que conseguimos um emprego. Logo, passada a excitação da novidade, começamos a reclamar do colega, do chefe, do papel e do computador, dos horários, do salário, etc. etc. Aos poucos a excitação acaba e nos sentimos esvaziados, sem objetivos. Perdemo-nos no “caminho”.
Vamos então fazer este exercício assim que perdemos a excitação: vamos re-programar nossa vida, fazer uma avaliação, sempre que enfrentamos uma escolha por fazer. E neste caso, se desejarmos buscar uma orientação, devemos seguir nossa intuição na escolha de um bom profissional que nos ajude e indique em qual caminho a Luz terá mais chance de se manifestar e nos guiar os passos. Mas não esqueça: você está no controle, você faz suas escolhas. Elimine tudo o que não revela a Luz. E diga a si mesmo: “Meu coração e minha mente continuam focalizando a meta com os olhos no caminho”.