Estou andando numa praia do Rio de Janeiro. Céu azul, mar perfeito. Brisa leve tocando meu corpo com respeito. Quantas maravilhas ao meu redor. Quanta beleza revelada a cada passo que dou nesta areia fofa e branca como neve tropical. Olho para cima. Para o alto como quem quer ver o céu mais de perto. E avisto na minha frente uma gigantesca pedra no formato de um ovo. Olho fixamente para ela e sinto a eternidade. Penso: por que uma pedra me traz a sensação de eternidade? Uma idéia salta à minha mente: esta pedra sempre esteve aqui. Os nativos olharam para ela. Os colonizadores, meus antepassados, meus avós, meus pais olharam para ela. Eu olho agora. Meus filhos vão olhar no próximo verão. Meus netos, meus bisnetos, meus tataranetos, um dia, vão olhar também. Vão olhar para esta mesma pedra impassível, imóvel, cheia de dignidade. Nestes nossos quinhentos anos esta pedra foi olhada por bilhões de olhos: verdes, azuis, negros, castanhos, cor de mel... Antes destes quinhentos anos nem me atrevo a calcular quantos olhos, e de que dimensões, olharam - e ainda olham - para ela.
E ELA NUNCA SE IMPORTOU COM ISSO!
ELA CONHECE A IMPERMANÊNCIA DE TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS!
Continua lá firme, imponente, alheia aos tiros e à miséria que povoa Copacabana Século 21. Não é com ela! Isso também vai passar... ela deve pensar na sua movimentada imobilidade! Ela sabe que tudo que surge desaparece!
Sentada ao pé da floresta ela simplesmente acolhe o tempo, suas mazelas, seus excrementos. Nada a incomoda. Nada abala sua eternidade.
Eu até acho que ela ri de nós. Ri lá do alto e devemos parecer, para ela, formiguinhas correndo de lá para cá aflitos com nossas contas para pagar, com o ônibus que não chega, com a roupa que ficou na corda. E se chover? E se nevar? E se uma tsunami vier nos devorar? A pedra ri de nós...
Quantos milhares de vezes num minuto na linha do tempo ela não assistiu a estas mesmas cenas? Vai ver não era um ônibus que as pessoas esperavam. Era uma carruagem... uma liteira... um trem de madeira... um cavalo... um riquexó! Sabe Deus!
A pedra só vai acabar quando o mundo acabar. Não é curioso constatar isso? Ela só vai desaparecer quando o planeta desaparecer.
Será que então, nesta altura, existirá algum ser humano para admirá-la? Para olhar para ela e agradecer? Não sei. Ninguém sabe nada. Só ela!
Olhando para a pedra criei um exercício que me restaurou as forças. Se você quiser tentar, deixo aqui para você.
Sentado, olhos fechados, respire longa e vagarosamente três vezes e veja, sinta ou imagine-se olhando para esta grande pedra no meio da floresta. Imagine que vai andando em direção a ela, cruze a floresta sentindo as folhas das árvores tocando seu corpo. Entre pela pedra afora e encontre o centro dela. Permaneça imóvel no centro da pedra, torne-se único(a) com ela. Sinta a vibração que ela transmite para todo o seu ser. Sinta a força que você tem sendo esta pedra. Perceba então a impermanência e a eternidade. Então respire uma vez, saia da pedra trazendo consigo estas sensações, perceba-se novamente sentado na cadeira, e só então abra os olhos. Faça sempre que sentir que está perdendo o chão ou se envolvendo demais com as coisas da vida.
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Sobre o autor
Izabel Telles é terapeuta holística e sensitiva formada pelo American Institute for Mental Imagery de Nova Iorque. Tem três livros publicados: "O outro lado da alma", pela Axis Mundi, "Feche os olhos e veja" e "O livro das transformações" pela Editora Agora. Visite meu Instagram. Email: Visite o Site do Autor