Em junho deste ano, na intenção de começar um novo ano, troquei de agenda. Ao sentir a leveza das páginas em branco do primeiro semestre, logo vi que, para manter o equilíbrio, precisaria criar novos espaços também para o segundo!
A necessidade de remover os excessos era evidente. Comecei, então, a fazer um levantamento de como e onde havia me excedido. Procurei reorganizar minha vida como quem arruma seu armário de roupas: o que eu não estava mais “usando”, mas ainda ocupava espaço em minha vida?
Foi quando comuniquei ao Sergio Scabia que iria parar de enviar semanalmente os artigos para a página do somostodosum por um período indeterminado. Afinal, precisava reciclar também os artigos já escritos...
Separei, então, alguns dias da semana só para ler, meditar e escrever. Desta forma, além de ter concretizado minha proposta de criar novos espaços, nasceu um novo livro: “Mania de sofrer”, que será lançado pela Editora Gaia no dia 22 de novembro na Livraria Cultura do Conjunto Nacional!
Mas as novidades são ainda melhores: nesse mesmo dia, meu filho Lama Michel Rinpoche estará presente para lançar (também pela Editora Gaia) o seu livro “Coragem para seguir em frente”, mais um produto deste meu período de recriação... Pois este livro surgiu a partir da transcrição de uma palestra que ele deu em junho na Sede Vida de Clara Luz. O trabalho final ficou maravilhoso. Creiam, vocês irão gostar não apenas de ler este livro, mas de vê-lo também!
Para nossa grande alegria, esse dia será premiado com a presença de nosso mestre Lama Gangchen Rinpoche. Portanto, aqueles que quiserem conhecer os protagonistas de meus textos, terão nesta noite uma excelente oportunidade!
Enfim, nestes meses percebi que podemos eliminar nossos excessos para fazer “algo” a mais.
Lama Gangchen certa vez nos disse: “Fazer muito não é problema, se soubermos fazê-lo com paz”. Segundo ele, paz não significa ter uma atitude necessariamente calma ou contemplativa, mas sim energética. A paz é tanto ativa quanto passiva. Rinpoche nos explica que se tivermos uma postura agradável, poderemos fazer muito. O que tira nossa paz são nossos gestos violentos de corpo, palavra e mente. Para Lama Gangchen, agir com paz é ter uma mente saudável: relaxada e acordada ao mesmo tempo. Neste sentido, o corpo pode correr, mas a mente não...
É interessante saber que segundo o Webster’s International Dictionary a palavra stress tem sua origem do inglês medieval distresse, oriundo do latim districtus que quer dizer "puxado para um e outro lado, esticado aqui e ali". A imagem de estar esticado é bem clara quando nos damos conta do excesso de demandas que confrontamos todos os dias.
Portanto, parte do segredo para agirmos com paz, isto é, sem nos estressarmos, consiste em reconhecermos quando nos tornamos violentos conosco, na medida em que nos deixamos ser exigidos pelo excesso de estímulos que atraem nossa atenção de todos os lados!
Outro dia, tive um exemplo claro do quanto até mesmo a sala de espera de um laboratório de exames clínicos pode nos deixar exaustos. A TV estava ligada no noticiário enquanto que nas caixas de som escutava-se música popular brasileira. Assim, enquanto lemos um artigo de revista sobre um assunto qualquer, nossa mente registra as mensagens de um pedido de amor das letras musicais e as notícias de que nosso mundo está desabando! Pedi a um dos funcionários se era possível diminuir o som do rádio ou da TV. Ele me respondeu: “Não, não é possível. Já estamos acostumados com o som ligado assim. Mas, se a senhora quiser, pode deixar sua queixa na caixa de sugestões...”. Como poderemos, então, nos envolver com a realidade imediata se precisamos nos desligar dela para sobrevivermos ao seu excesso de estímulos? Dizer “não” aos excessos é um desafio para todos. Mas se não podemos diminuir o ritmo do mundo externo, devemos, pelo menos, buscar eliminar os excessos de nossa vida. Assim, com menos poderemos fazer mais com paz.
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Sobre o autor
Bel Cesar é psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. É também autora dos livros `Viagem Interior ao Tibete´ e `Morrer não se improvisa´, `O livro das Emoções´, `Mania de Sofrer´, `O sutil desequilíbrio do estresse´ em parceria com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz e `O Grande Amor - um objetivo de vida´ em parceria com Lama Michel Rinpoche. Todos editados pela Editora Gaia. Email: [email protected] Visite o Site do Autor