Os símbolos aparecidos em sonhos ou a Intuição são um claro sinal de que houve uma ativação da nossa conexão com o Inconsciente. Esta assim chamada “ponte” serve para que os conteúdos do Inconsciente transitem através dela e que sejam então reconhecidos pela consciência de vigília. Quando este elo está ativado nós “sabemos das coisas” com uma força e clareza incomuns ainda que, nem sempre a gente tenha uma noção clara do “como sabemos”. Deste modo lidamos com os sinais e os presságios que estão presentes sutilmente em toda a nossa experiência cotidiana.
Cabe a cada um de nós perseguir, de modo deliberado e consistente, o fortalecimento do elo de conexão da nossa “cabeça pensante” e o Inconsciente profundo. Quando cometemos enganos na interpretação dos “toques e sinais” do Inconsciente, estes são devidos ao apego aos nossos “sempre os mesmos” pontos de vista; às necessidades pessoais e carências particulares; aos interesses conscientes e às falsas expectativas nutridas. Todos estes “componentes” servem de RUÍDO e de ATRITO na comunicação entre a nossa mente intelectual e o “pensamento silencioso”. Tais ingredientes prejudicam o livre trânsito de conteúdos na ponte consciente/inconsciente. Eles mascaram de subjetividade e de projeções a nossa percepção da realidade. Daí se explica que o nosso poder de interpretar as manifestações de nosso “outro lado” seja, em geral, carregado de incompreensões e subterfúgios, pois resistimos a aceitar que alguma OUTRA FUNÇÃO dentro de nós, de uma maneira estranha e surpreendente, lide também com nossa vivência do mundo e influa decisivamente na própria experiência individual. Contudo... esta é a verdade...
As pessoas que mais renegam seu universo subjetivo são as que mais se tornam vítimas inconscientes de sua subjetividade inerente.
Se nosso “piloto automático”* está dominante, nosso elo de conexão com o Inconsciente sofre um processo de CORTE e de CENSURA contínuo, acabando por fazer com que nossa experiência individual torne-se tímida e retraída. Quando isto está estabelecido perdemos a criatividade e a originalidade infantis e nos tornamos cada vez mais repetitivos, previsíveis e “coerentes”. Com o tempo não precisamos mais de ser supervisionados, pois nós mesmos passamos a cuidar de “guardar“ nosso plano consciente de qualquer “invasão” indesejada do “desconhecido”. Neste caso, pensamos, agimos, explicamos e justificamos tudo e todos de acordo com o REGULAMENTO* que nos foi ensinado e que se ENCONTRE VIGENTE em nosso “PILOTO AUTOMÁTICO” consciente. A perda da qualidade individual da experiência nos torna deprimidos, conformados e auto punitivos.
Todos somos, sem exceção, um veículo para a manifestação do “espírito universal” mas não o sabemos ou, melhor dizendo, SOMOS ENSINADOS e exigidos para que deixemos de sê-lo. Esta vitalidade e força apontam para experiências incomuns de nós mesmos, contudo o “piloto automático” nega tão ferozmente a simples existência de um plano desconhecido que quase todas as possibilidades de conscientização das experiências vitais se esgota por falta de atenção e de elaboração adequadas.
Para alguns de nós há uma voz interior; para outros surgem fórmulas matemáticas e estruturas geométricas; a música ou a pintura; a poesia ou a dança; o trabalho continuado ou o esforço concentrado; a capacidade estratégica ou o poder de materializar suas visões... mas, nós, esquecemos que, sendo veículos para a manifestação de nossa vitalidade psíquica devemos nos fazer disponíveis, em um estado de soltura e de leveza.
Com a maioria de nós ocorre justamente o contrário e nos censuramos e não permitimos o toque do espírito em nossas vidas. Depois, nos queixamos de nossa vida sem GRAÇA* ou, pior, enchemos nossas vidas de tranqueiras desnecessárias (entulhos) e que não traduzem necessariamente uma melhor qualidade de vida.
Cabe a cada um de nós, quando adultos, fazer um aceno para o “espírito vital” que habita nosso mundo íntimo, de modo a resgatar nosso elo de conexão com ele. É devido ao fato de que a maioria de nós age com relutância e medo perante este elo que nosso Inconsciente acabe sendo forçado a se servir de representações, às vezes complicadas, para se fazer perceptível e compreensível à nossa consciência de vigília.
Glossário:
Piloto automático: campo consciente, consciência de vigília, pensamento linear e intelectual etc...
Regulamento: conjunto de crenças e de explicações convenientes a um determinado tempo histórico; padrões de explicação e de crenças comungadas por toda uma comunidade histórica e geograficamente situada. O conjunto de axiomas nutridos pelas crenças compartilhadas de uma comunidade.
Graça: Ela pode ser definida como o espírito universal que atua dentro do corpo. A graça é um estado de pureza, de inteireza, de conexão com a vida e de unidade com o divino. É também um estado de saúde que gera uma amabilidade nas atitudes da pessoa para com ela mesma e para com tudo que a cerca.