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Mitologia Nórdica - Parte 3

Mitologia Nórdica - Parte 3
Publicado dia 4/8/2020 11:34:53 AM em Espiritualidade

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Nesta última parte veremos os seres e a escatologia do povo Viking, o famoso Ragnarök.

AS VALQUÍRIAS

Valkyrja (As escolhedoras de mortos) são belas jovens que, montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoam os campos de batalha, escolhendo quais guerreiros, dentre os mais bravos recém-abatidos, entrariam no Valhala. Elas o faziam por ordem de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha vindoura do Ragnarök. As Valquírias adquiriram certa ambiguidade, pois ao mesmo tempo em que todo guerreiro aspira ir ao Valhala, nenhum quer ser o "escolhido da vez" no campo de batalha. Elas foram eternizadas na música de Richard Wagner A Cavalgada das Valquirias, da ópera "O Anel do Nibelungo".

OS HUMANOS

Nós somos uma criação dos deuses Odin e seus irmãos. Um dia os (O número três tem uma grande importância na mitologia nórdica/germânica, assim como o nove.) três(*) percorriam Midgard, quando se depararam com duas árvores - um Fresno e um Olmo - arrancadas pela raiz. Os deuses colocaram-nas de pé, e então Odin deu-lhes o alento e a vida, Vili deu-lhes um cérebro e sentimentos e Vé deu-lhes ouvidos e visão. E assim foram criados o homem e a mulher. Puseram no homem o nome Ask, e na mulher Embla, e deles descenderam todos os seres humanos.

OS ELFOS

Eram espíritos menores que os homens, formosos e bem formados. Viviam em sociedade e tinham reis aos quais eram muito fiéis. Eram em geral serviçais (Daí os elfos domésticos do mundo de Harry Potter), mas às vezes podiam ser malignos. Temiam a luz solar e fugiam dos homens. Dançavam à luz da lua, e se algum homem via esta dança ficava para sempre prisioneiro da beleza das elfas, incapaz de afastar a vista.

OS ANÕES

Sua inteligência e habilidade como ferreiros e artífices eram prodigiosas, sendo capazes de construir objetos mágicos, como o martelo de Thor, e belas jóias. Fisicamente não eram formosos. Viviam sempre perto dos lugares onde havia metais preciosos. Acreditava-se que possuíam importantes tesouros ocultos nas profundezas da terra, onde viviam.

OS GIGANTES

Os gigantes estavam distribuídos por todo o mundo, como os anões. Podiam viver na terra, junto ao mar, e havia também gigantes do fogo (a quem se atribuía os fenômenos vulcânicos) e do gelo. Podiam metamorfosear-se e não hesitavam em enfrentar até mesmo alguns deuses, enquantos outros eram seus amigos ou colaboradores, como Mimir. A crença entre os germânicos em anões, gigantes, trolls e demônios subsistiu e se mesclou aos símbolos cristãos.

A ALMA

Os germânicos acreditavam que a alma era algo material, que podia falar, mover-se, agir e inclusive tomar formas distintas. Esse "outro eu espiritual" era chamado Fylgja, e ainda que permanecesse em íntima relação com o corpo, podia separar-se dele e adotar outra forma, por exemplo animal. Mas, se alguém ferisse ou matasse esse animal, a pessoa apareceria ferida ou morta em sua casa.

OS ESPÍRITOS DOS BOSQUES

Os bosques para os germânicos estavam povoados de numerosos espíritos. Os que viviam nos árvores eram imaginados como seres peludos, cobertos de musgo e com a cara enrugada como a casca de um tronco (Como a criatura do filme "O labirinto do Fauno", ou os Ents de "O Senhor dos Anéis"). Em geral eram pacíficos e serviçais, mas se tentava prejudicá-los, tomavam a forma de insetos e molestavam (ou mandavam enfermidades para) os homens.

AS NORNAS

No centro da árvore Yggdrasil há um buraco oco, onde habitam 3 sábias que passam os dias a fiar em suas rocas o destino da humanidade. São as Nornas, responsáveis pelo passado, presente e futuro, respectivamente. São representadas pela anciã, a mãe (mulher madura) e a virgem. Urd é muito velha e vive olhando para trás, por sobre os ombros. Verdandi é uma mulher madura e olha sempre para o presente, e Skuld é a virgem que vive encapuzada e possui um pergaminho fechado que contém os segredos do futuro. São simbolizadas pela roda em movimento, e possuem uma tremenda semelhança com as (São as senhoras do destino, e tão poderosas que nem mesmo Zeus podia interferir em suas ações. Determinam especialmente a duração da vida de uma pessoa e seu quinhão de atribulações e sofrimentos. Clotho (do grego Fiar), segura o fuso e puxa o fio da vida. Lathesis (Sortear) enrola o fio e sorteia o nome dos que vão morrer, e Átropos (Não voltar, Ser inflexível) corta o fio.) Moiras(*) da mitologia grega.

AS FADAS

Além da idéia de que o destino em geral era algo decidido pelas Nornas, os nórdicos/germânicos acreditavam no destino individual. E este destino seria regido pelas fadas. Ao nascer uma criança as fadas vinham à cabeceira da cama dela para cobri-la de venturas ou de desgraças, e para dar-lhe um porvir de acordo com sua própria sina já traçada. Esta idéia seguiu vigente e se instalou nos contos populares, como em "A bela adormecida".BALDUR

Deus da luz, filho de Odin e de sua esposa Frigg, era o mais amado dos Aesirs. Era tão belo que sua presença enchia tudo de claridade, e era a alegria de todos. Mas um dia começou a ter pressentimentos funestos. Sua mãe, para acalmá-lo, fez todos os seres jurarem que nenhum deles jamais faria mal contra ele, o que tornou-o invulnerável a tudo e a todos. Para demonstrar isso, os deuses, estando em uma festa, começaram a lançar-lhe todos os objetos que encontraram, inclusive suas próprias armas, sem que nada lhe fizesse dano. Loki então se transformou em mulher e perguntou a Frigg se era verdade que havia convencido todos os seres da Terra. Frigg, incauta, lhe disse que fizera jurar todos, menos uma pequena planta (visgo), que lhe pareceu tão débil que não acreditava ser necessário submetê-la a juramento. Loki saiu da sala, arrancou o visgo, e com ele fez uma flecha. Voltou a reunir-se com os deuses e, aproximando-se de Hod (irmão de Baldur e único dos deuses que, por ser cego, ainda não havia atirado nada), animou-o a arremessar a flecha com um arco. Hod o fez, e a débil flecha atingiu Baldur no peito, deixando-o morto ali mesmo. Todos os deuses ficaram tristes e só não mataram Loki por estarem em um lugar consagrado à paz. Louca de dor, Frigg perguntou aos deuses se algum deles queria descer ao mundo dos mortos para tratar de convencer Hel (a deusa da Morte) a lhe devolver o seu filho. Hermod desceu e Hel lhe disse que, se todos os seres do mundo estivessem de acordo que Baldur voltasse, o deixaria ir. Os deuses começaram a perguntar a todo mundo, e todos os seres derramavam lágrimas por Baldur. Todos, exceto uma giganta chamada Thonkk, que vivia em uma cova. Os deuses lhe rogaram que concordasse, mas ela disse que nunca havia recebido favor algum de Baldur, e que Hel conservasse o que tinha. A giganta sem coração era na verdade o fdp do Loki disfarçado (eu falei que esse cara não prestava!). Baldur então não pôde voltar ao mundo dos vivos. Os deuses colocaram o corpo de Baldur em seu gigantesco barco e fizeram um funeral viking. Quando os deuses descobriram que a giganta era Loki eles acorrentaram o safado às rochas, onde ficou até a época do Ragnarök, um evento equivalente ao nosso Apocalipse.

RAGNARÖK

Esta expressão significa, originalmente, destino fatal, fim dos deuses. Mas a partir do século 12 os escritores nórdicos substituíram esta expressão pela de Ragnarökkr, que significa Crepúsculo dos deuses. Os germânicos não acreditavam na eternidade das coisas: mesmo os deuses tinham de morrer. E a destruição deles estava prevista dentro da própria história, ou seja, os personagens sabiam mais ou menos o que ia acontecer, por meio de profecias.
O ocaso dos deuses começa com a decadência moral dos mesmos, o que desencadeará um período de violência e guerras tanto para os homens como para eles. Diz-se que irmão matará irmão, e os homens não terão nenhum traço de piedade entre eles. Outros sinais marcarão o período: Midgard passará por 3 invernos rigorosos, que se seguirão sem nenhum verão entre eles; então, o "inverno dos invernos" estabelecer-se-á; isto será o começo do fim. Os lobos Skoll e Hati finalmente conseguirão devorar Sól e sua irmã Máni (Lua). A escuridão passará a reinar; as estrelas se desprenderão do céu e cairão; todos os mundos tremerão; as árvores serão arrancadas pela raiz e todos os materiais serão desfeitos. Assim Loki conseguirá fugir de seu cativeiro e irá buscar refúgio junto aos gigantes de gelo, convencendo-os, juntamente com os demônios de fogo e o exército de mortos de Hel, a uma peleja travada contra os deuses. O lobo Fenrir também conseguirá fugir da mágica corrente Gleipnir, e se juntará ao pai na mais temível batalha de todos os tempos.

Essa batalha começa ao som de Giallar, a trombeta de Heimdall - o guardião da ponte Bifrost - que ecoa nos 9 mundos, alertando os deuses e Heróis do perigo iminente. Numa ação furiosa dos demônios de fogo de Muspelheim, a ponte Bifrost é destruída. Os deuses Aesir, Vanir e (O exército das almas vivas, os valorosos guerreiros mortos em batalha que se preparavam para o Ragnarök no Valhala.) Einherjar(*) se unem para deter a onda de ataque na planície de Vigrid, que se estende diante do Valhala. À frente deles está Odin, empunhando sua lança, mas eis que ele se torna a primeira vítima dentre os deuses, encontrando a morte nas mandíbulas do temível lobo Fenrir. Furioso, seu filho Vidar corre para vingá-lo, e rasga ao meio a boca da fera, matando-a instantaneamente.

Os opostos se enfrentam e se anulam. O deus Feyr morre nas mãos do gigante Surt, e Thor, que se atraca com a serpente Jörmungandr, consegue afundar o crânio do monstro com o poderoso Mjolnir, mas só consegue dar 9 passos após a batalha, morrendo sufocado por conta do veneno expelido pela serpente moribunda. Loki e Heimdall matam um ao outro no campo de batalha. A Tyr cabe a tarefa de matar Garm, e consegue, mas à custa de muitos ferimentos, vindo a morrer logo em seguida.

Surt, o gigante de fogo, transforma todos os 9 mundos num inferno de chamas, que consomem deuses, gigantes, anões, elfos e homens. A Terra afunda no oceano, e o Universo se torna um imenso braseiro. Este é o fim de um ciclo e o começo de outro. Dos restos do velho mundo surge um novo. As águas baixam, e do grande Fresno Yggdrasil novos raios de luz virão dos céus, pois Sól conseguiu dar à luz uma filha, antes do lobo Skoll engoli-la. Os filhos dos Aesir e Vanir sobreviventes ao Ragnarök se encontrarão em conselho na planície Ida, onde antes havia Asgard. Lá estarão Vidar e Vali, os filhos de Odin, e os filhos de Thor. O amado deus Baldur e seu irmão Hod retornarão de Hel e se unirão aos outros, enquanto (Ironicamente, um deus cuja maior característica era a incapacidade de tomar decisões, sempre confiando em Mimir para tudo.) Hoenir(*) predirá o que irá acontecer ao novo mundo. Os filhos de Bor, Vili e Vé serão enviados aos céus para reger com os outros. Gimlé (ou (Sim, o nome do anão de `O Senhor dos Anéis´.) Gimli(*)) - descrito como o mais belo lugar da Terra - será o novo lar dos deuses, que viverão em paz e prosperidade.

Entretanto o bem e o mal não deixarão de existir, e no Hel ainda haverá uma região chamada Náströnd, a praia dos mortos, pra onde irão os assassinos e adúlteros. O dragão Nidhogg, que sobreviverá à destruição, chupará os corpos dos mortos despedaçados.

E quanto aos homens, apenas um casal sobreviverá ao Ragnarök: Líf e Lífþrasir (Vida e Remanescente), que se abrigaram dos acontecimentos no (Estudiosos acreditam que fique dentro da árvore Yggdrasil, em algum lugar pertencente ao sábio Mimir (embora não seja especificado). É interessante notar uma certa semelhança com o Jardim do Éden, que é um `lugar´ diferente da Terra, onde um casal (do qual todos nós descenderíamos) permanecia abrigado de todas as dores e intempéries da vida.) bosque Hoddmímis(*), e depois repovoarão a nova Terra, que será fértil e produzirá seus frutos em abundância sem necessidade de esforço ou preocupação.

E assim tudo recomeça, até que o delicado balanço das coisas seja quebrado novamente e sobrevenha um novo Ragnarök.

por Acid

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Sobre o autor
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"Não sou tão careta quanto pareço. Nem tão culto.
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