O que é Livre-Arbítrio? Temos realmente este tão falado Livre-Arbítrio?
Esta questão volta constantemente nas conversas com meus clientes. De fato, quando apresento um Mapa Natal, e ainda mais quando faço a interpretação de Previsões astrológicas, o cliente me questiona sobre o fato do determinismo. As minhas previsões funcionam? Qual a margem de acerto? Essa é uma questão freqüente.
Eu costumo responder com uma frase famosa: "Os astros inclinam, mas não obrigam". Mas a questão deve ser examinada com mais cuidado. Na minha experiência como astróloga, ao longo dos anos, compreendi uma coisa: nosso livre-arbítrio é muito pequeno! Muito reduzido! Dificilmente quando um fato está marcado em nosso Tema Natal ou nas Previsões ele deixa de acontecer. O que muda, ao longo da vida, é a forma como este fato - marcado de forma clara no Tema Natal ou nas Previsões - irá mudando à medida que nós vivenciamos o nosso Mapa, à medida do transcorrer de nossa vida e na medida em que, com nossa experiência adquirida, caminhamos no caminho de nossa evolução pessoal espiritual. De fato, a Mandala Astrológica, como uma verdadeira Roda da Vida, não é vivenciada sempre no mesmo plano: nós subimos numa espiral, 'sutilizando' o efeito do fato, desde o plano físico até os planos cada vez mais sutis, mais espiritualizados.
Carl G. Jung, o famoso psicólogo, costumava dizer que 'Livre Arbítrio é fazer bem feito o que nos somos obrigados a fazer'! Para compreender esta frase, precisamos partir do princípio que, para acreditarmos na veracidade dos fatos apresentados pelo Mapa astral ou pela Previsão Astrológica (que nada mais é do que uma progressão dos astros sobre o próprio Mapa Natal), devemos supor que acreditamos em reencarnação. Não faz sentido acharmos que o fato de nascermos num determinado momento cósmico seja simplesmente um mero acaso! Não existe coincidência no universo, mas somente sincronicidade. Tudo é cíclico na matéria, e nós somos também matéria. Em algum momento estamos num plano, em outro momento estamos em outro, com ou sem matéria. Portanto, precisamos partir do pressuposto que escolhemos o momento exato de nosso nascimento, em relação com a tarefa que teremos que cumprir durante nossa jornada na terra. Para cumprir de forma adequada esta missão, nos é dado escolher um veículo e um meio para fazê-lo. O veículo é nosso corpo físico, com suas características, sua personalidade única. O meio é o ambiente onde teremos que desempenhar nossas funções: família, meio social, etc. Segundo os espiritualistas, esta escolha depende de nosso merecimento, adquirido ao longo das várias encarnações.
Todos nós chegamos a este mundo com uma bagagem. Uma maleta cheia de coisas boas e também de coisas ruins. Nosso padrão de identificação, que é representado pelo signo solar em nosso mapa, nos indicará de que forma o condutor (Sol) conduzirá o veículo (corpo) e de que forma ele irá usar os instrumentos contidos em sua bagagem. Eu costumo comparar o ser humano ao Arcano VII do Tarô: O CARRO. Nesta lâmina, vemos representada uma carruagem, puxada por dois (ou quatro) cavalos ou esfinges - representantes dos quatro elementos da natureza - e conduzida por um homem. Em minha opinião, a carruagem representa o corpo (ou seja, o veículo) ou Ascendente da pessoa, os cavalos representam a parte anímica e emocional de nossa personalidade, puxados, movidos pelo EGO (Mercúrio para a comunicação e respiração, Vênus para o prazer e satisfação física, a Lua para as emoções e necessidades sexuais, Marte para a ação e impulso básico de sobrevivência). Podemos observar que esses ‘quatro cavalos’ são comuns a todo o reino animal, em maior ou menor grau de atuação. O homem que conduz o veículo representa nosso Sol, ou seja, o padrão de identificação solar, e portanto o condutor real do veículo, o Eu Interior. Se o condutor se deixa levar pelas emoções, pelas paixões e pelas necessidades físicas, não conduzirá seu veículo ao seu destino. Serão então as emoções, as necessidades físicas e as satisfações materiais, ou seja, os cavalos, que conduzirão seu veículo pela vida afora. E se ele não conhecer bem seu veículo/corpo e não fizer a manutenção correta, respeitando suas necessidades básicas, tampouco chegará ao seu destino, pois a “carruagem” irá quebrar antes. Portanto, a única forma de chegarmos de forma adequada ao nosso destino é aquela que nos proporciona o CONHECIMENTO de nós mesmos. Precisamos conhecer o veículo e o meio de propulsão, respeitarmos seus limites, e buscarmos chegar ao nosso destino da melhor forma possível, conduzindo nossa vida conscientemente.
Neste caso a Astrologia nos servirá de grande ajuda. Conhecendo profundamente nosso veículo-corpo, seus anseios e emoções, poderemos desenvolver nosso Sol e "fazermos bem feito aquilo que somos obrigados a fazer". O signo solar é o indicativo de nosso potencial, do nosso padrão de identificação. Temos 'como obrigação' fazer brilhar este Sol nesta vida. Não importam os percalços que encontremos no caminho. Discordo dos astrólogos que dizem que com o tempo o Ascendente acaba se tornando ‘mais forte’. Mas é claro que ele tem sua importância.
Alguns fatos são determinados e marcados em nosso Mapa Natal e deles se serve o astrólogo para levantar o horário exato de nosso nascimento, quando este não é conhecido. Assim, fatos importantes como casamento, morte de pai, morte de mãe, nascimentos de filhos, mudanças de residência ou de país, formatura, recebimento de honrarias, e também nossas doenças e nossa própria morte, como tantos outros fatos estão marcados em nosso Mapa como se fossem aquelas pequenas marcas dos minutos que contornam o mostrador de um relógio. À medida que os ponteiros do relógio andam, eles se tocam, se encontram, formam ‘aspectos’ entre si, e os fatos acontecem. Ao examinar o Mapa Natal de uma pessoa o astrólogo determina (especialmente pelos vários métodos de progressões) em que momento da vida estes fatos irão ocorrer (ou ocorreram). Então, voltamos aqui a pensar em Livre Arbítrio. Se estes fatos estão 'marcados' eles irão acontecer, não é? Não podemos evitá-los? Eu acredito que é somente com o aprendizado, acumulado ao longo da vida, que começamos, de fato a evitar que os 'fatos' nos atinjam com toda a sua intensidade, pelo menos no plano físico. Ao tomarmos consciência de um determinado aspecto que provocará um determinado acontecimento, e ao assimilarmos a lição contida naquele símbolo, poderíamos (em tese) evitar o desencadeamento de um fator físico. Aqui entra um dos conceitos herméticos que nos ensina que podemos transmutar de estado em estado qualquer vibração. A este propósito vale a pena ler 'O Caibalion' (Três Iniciados - Editora Pensamento), para compreender melhor este conceito, chamado de Principio da Vibração. Ver também os artigos sobre Os princípios Herméticos no nosso site.Imaginemos que estamos com um aspecto tenso de Marte, e imaginemos que em nosso mapa natal temos indicado um aspecto de tensão entre Marte, planeta maléfico e violento, e os luminares (Sol e Lua). Sabemos que em algum momento da vida este planeta acabará determinando um acontecimento sangrento ou violento. Poderemos evitar que isto aconteça? É uma questão muito difícil. Mas acredito que a resposta seja 'sim'. De fato a energia deste planeta (e de qualquer outro) pode ser utilizada para o bem ou para o mal, isto é, de forma positiva ou negativa. A pessoa que tiver este aspecto poderá usar a energia marciana para ser um esportista, um cirurgião, um açougueiro ou... um assassino! Ou sofrerá um acidente, ou uma cirurgia! Este é o Livre Arbítrio. Mas não posso afirmar que isto evitará, por exemplo, que a pessoa em algum momento de sua vida venha sofrer esse acidente ou uma cirurgia.
No entanto, nenhum de nós consegue evitar a morte de um membro da família (pai, mãe, filho etc.) e nem mesmo nossa própria morte, apesar de que alguns esotéricos acreditam que é possível 'barganhar' nosso tempo de vida com o plano espiritual. Eu, pessoalmente, não acredito nisso. Acredito que tempo de nascer e tempo de morrer não dependem de nosso livre arbítrio. Outro fato que me chama atenção é que, em Astrologia Mundial, os povos quase não têm livre arbítrio. Ou seja, se um determinado País precisa passar por um determinado acontecimento, pouco poderá fazer o indivíduo para evitá-lo. Como evitar catástrofes naturais como os terremotos, ou até mesmo, períodos políticos negros, ou a fome, ou a miséria ou a guerra? O 'povo', que é representado pela Lua em astrologia mundial, é levado pelos fatos indicados pelos movimentos dos planetas sobre o Mapa do País onde vive, e pouco pode fazer se não seguir o destino coletivo. Portanto, ao destino individual se sobrepõe o destino coletivo. Por essa razão a cada fim de ano os astrólogos se debruçam sobre o Mapa do Brasil e publicam as Previsões para o ano seguinte. Para interpretar o mapa coletivo!
Bem, por hora vamos parar por aqui, pois o assunto é muito extenso e levaria muito tempo para ser discutido. Voltaremos sobre o destino coletivo em outro artigo.