Na correria de final de ano se aproximando, vi-me diante de um dilema entre duas coisas que eram muito importantes para mim e que queria muito fazer... mas que não teria como... porque não tinha tempo... e, portanto, eu teria que abrir mão de uma delas. Mas como queria muito fazer as duas, fiquei triste tentando buscar um jeito... sem conseguir.
Depois de muito tentar encontrar uma solução em vão... olhei para a imagem de uma das Avós que desenhei, e que tem me levado a experiências muito fortes e a muitos ensinamentos... e falei assim:
- Que ruim essa situação, Avó!
Essa Avó me responde como uma voz interior. Na verdade, acredito que essas imagens das Avós são uma ponte para a nossa sabedoria ancestral... E dessa vez não foi diferente e Ela me disse:
- Não existe bom nem ruim, só existe o que "é". Bom ou ruim é o seu julgamento sobre o que é. E você quase sempre fica só no julgamento.
Na mesma hora entendi aquilo profundamente e me acalmei... percebi como era mesmo o meu julgamento sobre as coisas que me deixava bem ou mal... e como esse julgamento me impedia de aceitar a realidade e de ficar no simples... no fato em si, e a partir daí buscar as soluções que às vezes já se encontram bem claras e a gente não percebe...
Nesse caso, a resolução veio tranquila porque, uma das coisas eu não teria como deixar de fazer... a partir dessa aceitação tudo se resolveu... Percebi que eu estava resistindo à minha realidade e isso se dava pelo meu julgamento de achar que se eu não fizesse qualquer das duas coisas seria muito ruim.
Percebi como o julgamento estava me levando a tentar moldar uma realidade e colocá-la dentro de um espaço onde ela não cabia...
E isso se revelou precioso para mim, desde então... comecei a observar as situações que aconteciam e sempre me lembrava do que a Avó havia me falado sobre ficar com o que "É"... sem julgar... e os problemas de uma forma quase mágica deixavam de ser problemas porque, uma aceitação profunda da realidade, como ela se apresentava, instalou-se em mim e consequentemente as coisas se resolviam com mais facilidade... e mesmo as que não se resolviam estavam resolvidas porque entendia que estava tudo certo como estava... e a minha própria ação para fazer o que podia ser feito, quando era esse o caso, tornou-se muito mais precisa...
Me lembrei de uma vez que um Lama Tibetano me falou algo sobre eu ter uma ligação com o povo das estrelas e eu perguntei se aquilo era bom ou ruim. E ele me repondeu... Isso não é bom nem ruim, é apenas a sua realidade.
A Avó, muitos anos depois, trouxe-me de novo esse ensinamento de aceitar a realidade como ela é... Entendi que esse é um ponto-chave que preciso aprender.
Muitas vezes nem damos oportunidade para que a vida flua sem interferência dos nossos julgamentos... porque tentamos moldar uma realidade que já se manifestou, quando resistimos a ela para que caiba dentro dos nossos conceitos de "bom" ou "ruim"
Sempre quando perco o fio e me deixo levar pelo turbilhão que tenta me tirar do centro, lembro-me do que a Avó me falou:
Paro... observo... vejo o que é julgamento e o que é realidade... assim como se passasse tudo em uma peneira... na peneira ficam os julgamentos e, do outro lado, a realidade mais pura e simples flui... Dessa forma fica mais fácil ver onde posso fazer algo e onde a solução já está implícita.
Se existe algo que posso fazer, faço... senão aceito que ali não existe mais problema...