Já notaram como às vezes a gente se apega a um fato que aconteceu em nossas vidas e causou sofrimento e congela toda aquela parte da nossa história, acreditando nas coisas que interpretamos ali...
E carregamos essa crença pelo resto das nossas vidas, sem nem nos darmos conta que aquela interpretação dos fatos pode ser equivocada, ou só um ponto de vista entre tantos outros. Poucas vezes, quando estamos diante de um sofrimento, conseguimos ser imparciais nos nossos julgamentos porque as nossas partes, afetadas pela situação, reagem guiadas por memórias de medo de experiências passadas.
Isso fica cada vez mais claro para mim, na medida em que me observo agindo algumas vezes com os mesmos medos e inseguranças de quando era criança. E olhando bem de frente para esses medos, posso ver que eles vêm de uma interpretação errada de alguma situação vivida no passado. Mas isso vai muito mais longe e a nossa criança já vem com crenças muito mais antigas que só se manifestam nessa vida como uma oportunidade de cura...
Outro dia, assisti a uma cena que me mostrou como essas interpretações podem nos marcar e fazer com que a gente sempre reaja às situações, pela interpretação que um dia demos a ela.
Nessa cena, uma criança muito linda falou uma palavra errada de uma forma tão bonitinha que os adultos riram... de tanta fofura. Na mesma hora, a criança escondeu o rosto e ficou triste e brava e correu para os braços da mãe. A Mãe toda amorosa abraçou a criança tentando acalmá-la, mas a criança, agora triste e completamente diferente, falou com a mãe para não rirem dela... A mãe explicou que não era isso, que eles riram porque acharam bonitinho a forma que ela falou, mas não adiantou... a criança falou que eles estavam rindo porque achavam ela feia... fechou-se naquela crença de que riam dela porque ela era feia e não se alegrou mais por um bom tempo.
Mesmo que fosse visível que as pessoas mostrassem muito amor pela criança, ela reagiu ao riso daquelas pessoas como um tipo de agressão. Ela pode ter experiências de vidas passadas que a fizeram reagir daquela forma e interpretar a situação, segundo esses registros. Ela reagiu não àquela situação, mas às memórias que aquela situação remeteu. E isso pode moldar a forma como ela vai reagir a certos tipos de situação durante o tempo em que tiver a crença...
Assim, fazemos com muitas coisas, nas quais crenças cristalizadas passam a guiar nosso comportamento. Como nesse caso, a criança provavelmente tinha a crença de que quando riam dela é porque a achavam feia, mesmo que não fosse verdade e, pelo contrário, provavelmente aquelas pessoas a acharam linda, falando errado de forma tão bonitinha. Mas nossas memórias nos impedem de enxergar os fatos como eles são e só nos deixam ver através do filtro das nossas crenças.
Nestas horas, Ho'oponopono é uma bênção... e sempre que me vejo diante de uma situação assim, seja comigo ou que, de alguma forma entrou na minha realidade, recorro ao Ho'oponopono.
Podemos até perceber que temos determinados padrões e crenças que nos limitam, mas como não temos como saber o caminho que percorremos até aqui, desde que eles foram criados e alimentados ao longo de muitas experiências e vidas passadas, racionalmente só vamos conseguir administrá-los... e só administrar um problema é o mesmo que fugir de enfrentá-lo. Administrar problemas e entender tudo sobre eles é coisa mais do ego... No Ho'oponopono, entendo que o ego se rende... ele sabe que não consegue resolver o problema porque é algo muito mais abrangente do que o que podemos observar só com nossos recursos da razão... mas, a Divindade em nós pode resolver, ao limpar a causa...
Por que viver sujeitos a ser guiados por nossas crenças limitantes se podemos ser guiados por Inspiração Divina?