O medo, segundo o dicionário Aurélio, é um "sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça; susto, pavor, temor, terror".
Todos nós humanos, considerados normais, temos incrustrado em nós algum tipo de medo. Importante observar que, na definição da palavra, vemos que o medo pode ser diante de um perigo real ou imaginário, porém, na vivência de medo que uma pessoa tem ante um evento temeroso, para ela o perigo nunca é imaginário, é sempre real. Por mais descabida que seja a associação de perigo que ela faça de uma situação, e mesmo ela tendo consciência da impossibilidade de perigo em tal situação, ainda assim vai se sentir e vivenciar o medo como se o perigo fosse real.
Por isso, o significado de perigo varia de pessoa para pessoa com a mesma diversidade da impressão digital. Para o alpinista escalar altas escarpas ou montanhas íngremes é uma prática prazerosa, uma aventura agradável; já para quem tem fobia por altura, o simples fato de se pensar em tal prática é motivo de insano desequilíbrio. Para os mineiros que trabalham em profundos túneis e galerias onde há pouca ventilação e claridade, esses ambientes lhes são naturalmente familiares, enquanto que para um claustrofóbico o simples fato de adentrar em uma sala de espetáculos para assistir a um show, pode se afigurar como algo impensável.
Vamos, como exemplo, analisar a partir de diversos parâmetros possíveis a seguinte situação: "Alguém que tem medo de barata".
Primeira análise: A pessoa já vivenciou, em um passado próximo ou distante, alguma experiência traumática com barata e, a partir disso, desenvolveu esse medo, podendo nesses casos ter ou não lembrança do fato ocorrido.
Segunda análise: a pessoa herdou o medo de alguém que participou de sua formação ou educação. Alguém que conheceu tinha medo de barata e ela de alguma maneira incorporou em si a representação de perigo por parte da barata.
Terceira análise: (uma visão holística ou transpessoal): A pessoa teve qualquer uma das experiências acima ou algo semelhante em uma vida passada e ainda traz em sua memória espiritual a sensação de medo relacionado com aquela experiência. Por isso, muitos medos nos parecem totalmente inexplicáveis e sem lógica, porque sua origem não está nesta vida.
Ao contrário do que muita gente pode pensar, o medo não é apenas ruim. Então, podemos dizer que o medo normal é bom e o medo anormal é mau e destrutivo. Porém, como distinguir o medo normal do medo anormal?
Devemos entender como medo normal todo aquele medo que vem do nosso instinto de autopreservação. Ele surge a partir do contato com algum estímulo físico ou mental que gera um alerta no organismo e este dispara uma resposta fisiológica que libera os hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol, preparando o indivíduo para enfrentar ou fugir.
Todas essas reações físicas são involuntárias e têm a finalidade de ajudar o indivíduo a sobreviver a uma situação perigosa. Essa reação de luta ou fuga é um instinto que todo animal possui. A esse medo então chamamos de medo bom, pois ele nos mantém alertas e distantes dos perigos que podem nos prejudicar. Ajuda a pessoa a evitar situações que a expõe a riscos desnecessários.
O medo ruim é todo tipo de medo que vem de distorções de percepções, ou de interpretações anômalas de uma realidade. Esses normalmente geram sintomas de ansiedade, pânico ou fobia que vão causar interferência direta na autoestima, no amor-próprio e na autoconfiança. A característica mais importante nesse medo é o comprometimento da relação que o sujeito estabelece com o mundo que o cerca. Nesse caso o medo não prepara o indivíduo para decidir entre lutar ou fugir, ele o paralisa, impede que se relacione com o objeto de seu medo.
Por exemplo, uma pessoa que não começa um projeto por medo de não conseguir concluir, ela não acredita em sua capacidade, não tem autoconfiança, dificultando automaticamente a possibilidade de reverter esse quadro. Ou uma pessoa que por medo de engordar muda o seu hábito alimentar de tal forma a comprometer seriamente sua saúde (transtornos alimentares), tem antes de tudo um sério comprometimento de sua autoestima e uma séria ruptura no amor próprio.
E mais frequente encontramos medos aparentemente infundados como: medo de elevador, de portas giratórias em bancos, de escuro e coisas assim. Embora pareçam sem sentido, esses medos são tão sérios quanto os outros, pois são igualmente limitantes e incapacitantes.
Esse medo é então considerado ruim pelas consequências limitantes e desestruturais que traz ao seu portador. Por isso a necessidade imediata de tratamento tão logo se perceba sinais dessa presença no comportamento de um indivíduo.
No entanto, para que haja sucesso em um tratamento é necessário antes de tudo que a pessoa admita ser portadora de um distúrbio que a está prejudicando e do qual ela deseja ver-se livre.
Dentre as técnicas de psicoterapia possíveis para o tratamento do medo uma das mais utilizadas e mais eficaz é a chamada Dessensibilização Sistemática, onde a pessoa é colocada em estado de relaxamento e vai gradativamente sendo exposta ao contato com o objeto de seu medo e cada nível de ansiedade vai sendo desestruturado até serem extintos todos os estímulos que estão associados ao medo.
É importante ainda ressaltar que o medo muitas vezes não é percebido de maneira explicita pelo seu portador. Ele pode vir disfarçado de várias outras formas.
Exemplos: como um mal estar sempre que a pessoa vai fazer determinada atividade, aumento incontrolado da ansiedade diante de certos acontecimentos, evitação constante e às vezes inconsciente de praticar certas ações.
Ao medo bom devemos dar atenção no sentido de melhor conhecê-lo e assim usá-lo em nosso benefício. Porém, maior cuidado temos que ter em conhecer o medo ruim, pois não basta identificá-lo é preciso assumir sua existência e buscar ajuda para superá-lo. Esse medo limita e fragiliza a pessoa, impede que ela se realize plenamente e desenvolva seus potencias mais elevados.
por Ronaldo Cardim
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Sobre o autor
Ronaldo Cardim é Terapeuta Corporal e Psicoterapeuta Holístico, formado em psicologia, trabalha com as técnicas: Shiatsu, Zen-Shiatsu, Massoterapia Corporal, Massagem Bioenergética, Massagem de Alongamento, Sei-Tai (manipulação da coluna), Psicoterapia Holística, Relaxamento induzido, Hipnoterapia Condicionativa,
Regressão (TVP).
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