Semana passada, depois de escrever o texto "uma história de coração" me deu uma tristeza profunda... pensei em desligar o computador e me deitar para acessar aquele sentimento e buscar aquela resposta... Antes de desligar, cliquei em algo que me chamou atenção no Facebook, que me levou a clicar em outra coisa... em outra... até que cheguei a uma página que me fez parar pela imagem da capa, onde uma frase em inglês dizia: "Tonight may not to be the night for answers, but to let your heart break open to the wastness of the question". ("Esta noite não é uma noite para respostas e sim para abrir seu coração para a amplitude da questão") Matt Licata.
Depois notei que a imagem do segundo post da página era uma criança diante de uma água... um rio ou o mar... percebi a sincronicidade porque meu texto terminava falando de um momento assim diante de um rio...
"Sonhamos tanto com isso, mas... parece que acabamos acreditando que isso era só um sonho que nunca iria se realizar... Mas o coração bate tão forte que parece querer pular para o rio... para a pedra... para casa... Será que vamos com ele?"
Enfim me deitei e fiquei pensando na amplitude da questão... Será que eu iria com meu coração e soltaria o fio que me prendia ao passado.
Muitas vezes, esse fio nem é perceptível e, mesmo diante da nossa disposição para a mudança, não sabemos o que fazer, o que temos que deixar para traz...
Por algumas noites me vi diante de um dilema... o que sempre busquei parecia estar bem próximo de se realizar e não sabia o que fazer com aquilo... ou como fazer aquilo... a tão sonhada "volta para casa".
E assim a cada noite a partir daí me via na beira daquele rio olhando para a pedra sem me decidir a dar o passo, que implicaria em um caminho sem volta... talvez por não saber ainda como dar esse passo ou do que deveria me desprender...
Mas poucos dias depois me vi em uma situação que me propiciou uma liberação profunda e pude perceber algo que se revelou uma chave preciosa. Não foi fácil acessar aquele sentimento de me sentir presa por não confiar que "eu dava conta" fui seguindo o fio e cheguei a entender como atraía situações que enfatizavam um medo grande que eu já havia descoberto em mim. O medo de dar certo.
Entendi por muitas experiências que, por memórias de já ter sido julgada e punida pelo uso dos Dons, da intuição, tentei a todo custo evitar isso... e já trabalhei muito para essa limpeza, com o Ho'oponopono e o Peça e Receba. Mas parece que algo ainda pedia por liberação. E isso veio de uma forma tão clara que não tive nenhuma dificuldade em identificar o que me prendia e limitava na minha história, desde criança. E, só de tomar consciência senti uma grande liberação...
A cura ficou mais clara quando percebi que algo que me incomodava muito, simplesmente deixou de incomodar, a compreensão foi preciosa e me liberou.
E... finalmente, na outra noite me decidi a dar o passo rumo ao outro lado do rio ao pisar na pedra. Como tenho facilidade para essas jornadas para dentro, assim que pisei na pedra, tudo ficou tão real que podia sentir a atmosfera da névoa que se formou de repente... a umidade e o mistério... a névoa era tão densa que me impediu de enxergar qualquer coisa além... Adoro essa sensação das brumas e parece que isso me deu coragem de dar um passo, mesmo sem a certeza que meus pés se apoiariam na próxima pedra... Mas ela estava lá, assim como a outra... a outra... que me levavam a adentrar cada vez mais no rio. Depois de andar algum tempo na bruma, comecei a imaginar como seria minha casa... um lugar com estruturas azuis... muito encantado, que havia vislumbrado um desses dias. Estruturas formadas por fios de luz que davam o contorno a uma cidade nas estrelas...
As brumas iam sumindo pouco a pouco me deixando ver mais claramente aquela cidade... que agora se revelava no horizonte dos meus sonhos... me sentia muito bem como há muito tempo não sentia...
Foi quando me vi bruscamente transportada para dentro da caverna da Senhora das possibilidades.
Entre o encantado daquele possível planeta onde me sentia em casa e a realidade daquela caverna que já conhecia de outras jornadas, nada mudou no meu estado de estar me sentindo muito bem... acolhida dentro de mim.
Quando uma voz me fala:
Estar em casa é estar em Paz com todas as suas partes.
Só desfrutei de estar em casa em Paz naquela noite... desisti de pensar e de entender.
Mas hoje, quando escrevo, vem-me a compreensão de que essa frase "Estar em casa é estar em Paz com todas as suas partes" talvez seja a primeira pedra que vai me levar de volta para casa... e que, estar em casa não é algo que está longe, em outro planeta, em outra vida... nem fora das nossas possibilidades aqui e agora, é algo que está sempre disponível quando estamos plenamente em Paz.
Fui de novo naquela página para buscar a imagem para ilustrar esse texto, quando vejo que o último post hoje tinha a imagem de um monge meditando na beira de um rio escrito assim: No one can live and die for you (Ninguém pode viver e morrer por você) this journey is yours to make alone (Esta jornada é sua para realizar sozinho) your only guide is the unknown (Seu único guia é o desconhecido) and the only map is found inside the cells of your heart - (E o único mapa é encontrado no interior das células do seu coração) Matt Licata