Sabemos hoje que muitos de nossos comportamentos na vida adulta são estabelecidos durante nossos primeiros anos de vida e, segundo os mais recentes estudos, durante a gestação. A relação da criança com seus pais/cuidadores nem sempre supre suas necessidades de atenção, afeto, carinho, aceitação, reconhecimento, empatia, validação e amor. E necessidades emocionais não satisfeitas podem deixar muitas sequelas, e para nos protegermos da dor que isso causa, inconscientemente, desenvolvemos máscaras e nos afastamos de quem somos em essência. Elas se formam pelas necessidades emocionais não supridas nos primeiros anos de vida.
Quando um acontecimento foi psicologicamente doloroso, como a morte de alguém querido, ou se houve humilhação, maus-tratos, brigas, vergonha, rejeição, abandono, negligência, ou seja, algo que no momento foi difícil para enfrentar a situação, tendemos a bloquear como defesa para suportar a realidade.
Quais as lembranças você têm de sua infância? Você tem conhecimento se suas necessidades emocionais foram satisfeitas? Como saber isso? Um bom indício de como foi tratado é identificando como você se trata hoje. Em geral, o modo como você se trata é exatamente como foi tratado. Quais foram suas necessidades emocionais que não foram atendidas quando era criança ou adolescente?
Você se lembra de ter ouvido: "você é importante, eu te amo, você é lindo, inteligente"? Ou você ouviu: "você não serve para nada, só sabe atrapalhar, faz tudo errado"?
Quando crianças, precisamos dos adultos para nos proteger e nos fazer sentir que somos importantes por aquilo que somos e, principalmente, precisamos de quem valide nossos sentimentos; quando isso não acontece, nossas necessidades emocionais de apoio, proteção, afeto e amor ficam comprometidas e se estendem por toda vida. Esse passado pode se fazer presentes por sintomas físicos e dores emocionais. É como se continuássemos buscando suprir as necessidades que não nos deram, gerando muitas feridas emocionais.
Uma criança só pode expressar seus sentimentos quando existe ali alguém que os possa aceitar completamente, sem críticas, julgamentos, comparações, entendendo-a e dando-lhe apoio, e acima de tudo, validando o que sente.
Se acontece o contrário, é muito provável que a pessoa busque aprovação e reconhecimento em outros lugares, por exemplo, agradando a todos, nunca dizendo "não". Muitas pessoas acabam fazendo coisas que não gostariam de fazer ou sendo aquilo que não gostariam de ser para satisfazer pessoas, a fim de serem aceitas pelo grupo, pela família ou por uma pessoa.
Outras vão buscar através do status ou bens materiais, provar que são melhores que outros, ou que têm valor porque possuem o carro do ano, a casa mais bonita, uma conta bancária melhor. Ou até mesmo, desejam ocupar cargos na sociedade para se sentirem valorizadas. O caso é, que muitas vezes, mesmo fazendo o que fazem, ou chegando onde chegam, ainda se sentem desvalorizadas.
A criança não tendo quem suportasse com ela suas dores, não aprendeu a se ouvir, a se respeitar, como se tudo que sentisse fosse errado, com a sensação que não devia sentir o que sentia, desenvolvendo assim, um falso eu, e quando adulto, passa a ignorar seus sentimentos mais íntimos como aprendeu na infância.
Se você confiasse em você, em seu potencial, sua força e capacidade:
- Com o que você estaria trabalhando?
- O que mais faria por você?
- Com quem você estaria?
- De quem você se afastaria?
- O que você mudaria em sua vida?
- Quem ou quais situações te fazem sentir sem valor?
Reflita sobre isso... Permita-se ouvir o que sua alma pede para que não grite através de seu corpo. O que você pensa a respeito de você mesmo tem influência como você se sente. Às vezes, você se sente um fracasso, porque através da vida, muitas pessoas massacraram sua autoimagem, disseram ou fizeram você se sentir como uma pessoa sem valor. E isso não é verdade!
É importante percebermos que todos nós temos necessidades emocionais, e se quando crianças não tínhamos como supri-las, agora adultos podemos buscar ferramentas e outras formas para suprir essas necessidades. Devemos começar valorizando cada uma de nossas conquistas e ter consciência de nosso real valor. O reconhecimento e aprovação deve vir de dentro, nunca de fora. Você tem valor e isto basta! Não precisa provar isto a ninguém e nem esperar a aprovação de outros para se sentir amado ou valorizado.
Rosemeire Zago é psicóloga clínica CRP 06/36.933-0, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Estudiosa de Alice Miller e Jung, aprofundou-se no ensaio: `A Psicologia do Arquétipo da Criança Interior´ - 1940.
A base de seu trabalho no atendimento individual de adultos é o resgate da autoestima e amor-próprio, com experiência no processo de reencontrar e cuidar da criança que foi vítima de abuso físico, psicológico e/ou sexual, e ainda hoje contamina a vida do adulto com suas dores. Visite seu Site e minha Fan page no Facebook. Email: [email protected] Visite o Site do Autor