"Nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósitos e direção para suas vidas" Rudolf Steiner
Tenho divulgado muito sobre a importância de acolher a criança ferida que foi vítima de abusos/ traumas durante os primeiros anos de vida, mas quero começar a aprofundar sobre os novos estudos sobre a vida emocional do feto, pois muitos traumas posteriores ao nascimento podem ser evitados se novas gerações de pais receberem informações atualizadas. Eu particularmente tenho utilizado essas informações não só para quem pretende ter filhos, casais grávidos, mas principalmente para quem quer entender melhor sobre sua própria experiência intrauterina.
As novas pesquisas estão abalando teorias tradicionais a respeito das primeiras fases do desenvolvimento. Mas vamos começar do início: você sabia que é o ovulo que escolhe o espermatozóide? Sim é o ovulo que abraça o espermatozóide pelo qual se sente atraído. E toda experiência, da concepção em diante, afeta a arquitetura do cérebro! O feto tem necessidades intelectuais e afetivas mais primitivas que as nossas, mas que realmente existem, como as de querer se sentir amado e desejado.
Os primeiros indícios do cérebro da criança por nascer surgem com a aparência do "sulco neural" ao longo do embrião em crescimento, mas ainda minúsculo, cerca de 17 dias depois da concepção. Sim, é isso mesmo que você leu: 17 dias depois da concepção!
No mínimo 50 mil células são produzidas durante cada SEGUNDO de vida intrauterina. Aos 28 dias, quando o embrião mede mais de 0,6 centímetros, as três partes primárias do cérebro já estão formadas. O embrião começa a registrar e a reagir a eventos de nível celular a partir do momento da concepção.
A partir desse momento o cérebro da criança é conectado ao meio ambiente. Isso quer dizer que o cérebro é sim sensível às experiências ao longo de nossa vida, mas o período mais crítico é o período pré-natal e imediatamente seguinte ao parto, e determinado pelo que a mãe sente, sua principal fonte de mensagens. O feto capta os pensamentos, sentimentos e sensações, que irão interferir de modo significativo em sua forma de ser. A ligação entre mãe e filho, que se estabelece após o nascimento, é consequência do que a precedeu. Por exemplo, um sentimento negativo, imenso e duradouro de rejeição à criança pode deixar uma cicatriz profunda. Perdas afetivas, mortes, separações, choques emocionais, grandes catástrofes, acidentes, agressões etc., podem gerar desajustes emocionais na mãe, e o feto sente tudo isso.
Sinais de medo ou amor são transmitidos ao feto via moléculas transportadas pelo sangue e produzidas em resposta à percepção que a mãe tem de seu meio ambiente. Ou seja, o estado emocional e os sentimentos da mãe terão um impacto significativo sobre o desenvolvimento do cérebro do feto. Como em geral, a criança depois de nascer vai passar sua vida no mesmo ambiente em que foi gerada, a programação do recém-nascido por parte da mãe tem um valor adaptativo.
A criança percebe uma ação ou pensamento da mãe e seu cérebro transforma isso imediatamente em uma emoção e comanda o seu corpo a um conjunto de reações. Se a mãe sente medo, ansiedade, depressão ou estresse, ela desencadeia uma descarga hormonal, que se de forma intensa e contínua, pode trazer nessa criança uma predisposição a esse sentimento. Se a atenção da mãe está completamente absorvida pela tristeza, por uma perda e se ela se fecha em si mesma, é provável que sua criança sofra profundamente. E o feto não dispõe de recursos suficientes para tolerar essa sobrecarga.
No ambiente familiar, o pai também tem influência muito importante sobre o feto. O estresse do pai, por exemplo, tem uma repercussão direta sobre o filho em formação, e também indireta através da mãe. Uma discussão entre os pais e o desajuste familiar também podem perturbar intensamente o ser que está no útero materno. Como era o ambiente quando você estava dentro do útero de sua mãe? Deixe seu comentário abaixo, e acompanhe o próximo artigo.
Sugestão de leitura: O Bebê do Amanhã - A vida emocional do feto (2014)
Thomas R. e Weintraub, P.; Barany Editora; São Paulo - SP.
por Rosemeire Zago
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Sobre o autor
Rosemeire Zago é psicóloga clínica CRP 06/36.933-0, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Estudiosa de Alice Miller e Jung, aprofundou-se no ensaio: `A Psicologia do Arquétipo da Criança Interior´ - 1940.
A base de seu trabalho no atendimento individual de adultos é o resgate da autoestima e amor-próprio, com experiência no processo de reencontrar e cuidar da criança que foi vítima de abuso físico, psicológico e/ou sexual, e ainda hoje contamina a vida do adulto com suas dores. Visite seu Site e minha Fan page no Facebook. Email: [email protected] Visite o Site do Autor