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Transgêneros em outras culturas

Transgêneros em outras culturas
Publicado dia 4/8/2020 11:35:19 AM em Autoconhecimento

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Squaw Jim da tribo Crow (Corvo), vestido como mulher, e sua esposa. Possivelmente a primeira foto de um homossexual/travesti da história. Ele tinha grande status social na sua tribo, e obteve sua reputação de bravura após participar como batedor no salvamento de um colega de tribo na "Batalha de Rosebud", em 1876. Foto de John H. Fouch, 1877

Creio que todos os que entram no caminho da religião e da espiritualidade sentem a certeza dentro de si que somos mais do que esses corpos. O QUE somos permanece uma questão de dogma, um mistério solucionável parcial ou totalmente apenas dentro das linhas doutrinárias ou filosóficas. Creio que o termo "alma" se aplica bem pra definir essa coisa externa ao corpo, de forma bem geral. E muitas linhas concordam que essa alma, assim como os anjos, não tem sexo. Assim sendo, a homossexualidade deveria ser vista com naturalidade, como no mínimo um "engano de corpos" cometido pelo Sedex divino.

TRANSGÊNEROS NO ORIENTE
Enquanto o Estado Islâmico atira homossexuais de edifícios fica difícil não associar isso ao Islamismo, mas é preciso abrir mais os olhos e ver que em outros países do oriente - tanto de orientação Islâmica como Hindu - há até hoje a cultura do terceiro sexo, as Hijras. São pessoas transgênero, tendo entre eles eunucos ou não. Nesses países (como a Índia e o Paquistão) sua presença é tolerada e, embora hajam pessoas pra ridicularizá-las e hostilizá-las, também gozam de um certo prestígio entre as mulheres e sua presença é até mesmo incentivada em casamentos pela crença de trazer boa sorte (como visto na novela "Caminho das Índias").

TRANSGÊNEROS NA AMÉRICA
A idéia de uma alma masculina ou feminina num corpo trocado é tão natural que mesmo em culturas que nunca se misturaram ela está presente. Em 1530, o explorador espanhol Cabeza de Vaca escreveu em seu diário sobre machos indígenas nativos "macios", nas tribos da Florida, vestindo-se e trabalhando como as mulheres. Essa variação de gênero não foi tolerada pelos conquistadores, e foi combatida*. As crenças dos indígenas é a de que algumas pessoas nascem com os espíritos de ambos os sexos e podem expressá-los perfeitamente. É como se eles tivessem dois espíritos em um corpo. Algumas tribos Siouan acredita-se que antes de uma criança nascer sua alma fica perante o Criador e deve pegar da mão dele um arco e flechas (que indicam o seu papel como homem) ou um cesto (que irá determinar o seu papel como uma mulher). Para eles, quando nasce um transgênero é porque Deus trocou as mãos e assim a criança pegou um papel oposto ao do seu gênero. É uma Lenda interessante pois fica claro que NÃO FOI UMA ESCOLHA da pessoa nascer assim, algo que até hoje, mesmo com todo a nossa "civilização", muitos se recusam a perceber.

Cada tribo norte-americana tem seu próprio termo pra descrever essas pessoas. Os Navajo chamam de Nádleehí ("Aquele que foi transformado"), entre os Lakota é Winkté (indicativo do homem com compulsão de se comportar como fêmea); entre os Ojibwe, Niizh Manidoowag ("Dois espíritos"); entre os Cheyenne, Hemaneh ("Meio homem, meio mulher"). Em 1989 foi adotado o termo Dois espíritos (ou duplo-espírito) entre as comunidades indígenas LGBT como forma de padrão.

Nativos americanos tradicionalmente não atribuem nenhum julgamento moral para o amor ou a sexualidade; uma pessoa é julgada por suas contribuições para a sua tribo e pelo seu caráter. Também era um costume para os pais não interferir com a natureza e, portanto, entre algumas tribos, as crianças usavam roupas neutras até que chegassem numa idade onde eles decidiram por si mesmos por qual caminho eles andariam e então as cerimônias apropriadas eram conduzidas. As pessoas de duplo-espírito na América nativa foram altamente reverenciadas e famílias que os tinham eram consideradas sortudas, pois os índios acreditavam que uma pessoa que é capaz de ver o mundo através dos olhos de ambos os sexos é um presente do Criador. Tradicionalmente eles ocupavam cargos de grande respeito, tais como xamãs, visionários, guardiões das tradições orais e da tribo. Mas não estavam acima dos perigos que rondavam essa profissão. Na tribo Mojave, por exemplo, duplo-espíritos freqüentemente tornam-se pessoas de medicina e, como todos os que lidam com o sobrenatural, corriam o risco de morte por suspeita de bruxaria ou falha de colheita.

Os nativos associavam sempre os de duplo-espírito com atividades intelectuais e artísticas, e também a uma capacidade excepcional para a compaixão, portanto eram usados como enfermeiros durante expedições de guerra, cozinheiros, casamenteiros e conselheiros matrimoniais, fabricantes de ornamentos pras festividades, ceramistas, tecelões, cantores/artistas, além de adotar crianças órfãs e cuidar dos idosos. Fêmeas de de duplo-espírito eram caçadoras, guerreiras, envolvidas no que era tipicamente o trabalho de homens. Mas isso não impedia os machos de duplo-espírito de participarem de tradições reservadas a homens, como a "Tenda do suor", ou mesmo ir para a guerra. No entanto, eles tinham mais papéis femininos, como cozinhar, limpeza e outras responsabilidades domésticas. Em vez de serem condenados sociais, como na cultura Euro-americana hoje, eles eram autorizados a participar plenamente das estruturas sociais tribais tradicionais. Fêmeas de duplo-espírito (biologicamente feminino, gênero do sexo masculino) da tribo Lakota normalmente só tinham relações ou casamentos com fêmeas, às vezes em um relacionamento com uma mulher cujo marido tinha morrido. Machos de duplo-espírito consideravam-se "irmãs" entre eles, e especula-se que podia ser visto como incestuosa a relação entre um e outro (dentro da cultura Lakota era considerado altamente ofensivo abordar um duplo-espírito para efeitos de executar o papel tradicional do seu sexo biológico).

Em 1712 o Coronel Barnwell da Carolina do Sul atacou os Tuscaroras, na Carolina do Norte. As tropas de Barnwell foram surpreendidas ao descobrir que os mais ferozes dos guerreiros Tuscarora eram as mulheres, que não se rendiam "até que a maioria delas tenha posta à espada." Era um costume Iroquois colocar duplo-espíritos na linha de frente das batalhas para assustar o inimigo. Um homem com roupas de mulher e uma mulher guerreira eram tão assustadores para Euro-americanos da época como ainda são agora.

Com a colonização, o costume cristão foi sendo adotado e os preconceitos de fora, também. O explorador Vasco Núñez de Balboa encontrou homossexuais entre os chefes nativo-americanos em 1594, no Panama. Ele ordenou que esses 40 duplo-espíritos fossem jogados aos cachorros, para serem comidos vivos. A imposição de leis de casamento eurocêntricas invalidou os casamentos homossexuais dos indígenas. No início de 1900 afirmou-se que não havia nenhum gênero alternativo entre a seis nações Iroquois/Haudenosaunee, apesar da documentação e histórias orais. A maioria, se não todas as tribos, foram influenciadas por preconceitos europeus.

Referência:
* George Catlin (pintor estado-unidense que especializou-se em retratos de nativos americanos no Velho Oeste) disse que essa tradição entre os nativos americanos "deve ser extinta antes que possa ser registrada mais profundamente"

Saindo da Matrix: HOMOSSEXUALIDADE;
Saindo da Matrix: AMAI OS HOMOSSEXUAIS COMO A TI MESMO;
Saindo da Matrix: OSHO - HOMOSSEXUALIDADE;
Two Spirits, One Heart, Five Genders;
Two-spirit Native Americans bridge genders on Columbus Day

por Acid

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Sobre o autor
acid
Acid é uma pessoa legal e escreve o Blog www.saindodamatrix.com.br
"Não sou tão careta quanto pareço. Nem tão culto.
Não acredite em nada do que eu escrever.
Acredite em você mesmo e no seu coração."
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