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Por que é tão difícil falar sobre nossa infância?

Por que é tão difícil falar sobre nossa infância?
Publicado dia 4/8/2020 11:35:21 AM em Psicologia

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Poucas pessoas tiveram uma infância feliz, e já que a maioria teve situações que a fizeram sofrer, é natural não querer lembrar. O fato é que ninguém teve uma infância perfeita e por isso mesmo ninguém quer lembrar do que um dia causou tanta dor. Mas o que muita gente não sabe é que essa dor sentida ainda nos primeiros anos de vida pode estar mais presente do que se imagina.

Quais são suas lembranças de infância? Algumas pessoas só lembram da infância após os 10, 12 anos, outras lembram de seus primeiros 2 ou 3 anos, mas é bem difícil as pessoas terem lembranças antes dessa idade. E ainda há aqueles que dizem não ter lembrança alguma da infância. E você, qual é a lembrança mais antiga que tem de si mesmo? Se tiver dificuldade, comece a lembrar da escola, do que gostava de comer, brincar, quais eram os amiguinhos que você tinha, como era casa que cresceu ou o que mais marcou você. Pode ser que tenha sofrido algum tipo de abuso e seja muito difícil falar sobre isso. Eu entendo. Mas enquanto não confrontar esse passado saiba que ele continuará se fazendo presente.

Você pode estar se perguntando: "mas qual a importância disso? Para que pensar no passado se não posso modificá-lo?" Mas você já pensou que esse passado pode continuar muito presente e ao explorar sobre ele poderá compreender melhor seus relacionamentos com os outros e com você mesmo? Sim, você não pode mudar seu passado, mas existem algumas técnicas que trazem muito alívio para feridas abertas quando ainda éramos tão indefesos. E também poderá descobrir que aquela imagem tão distorcida sobre você mesmo não corresponde a quem você é de verdade. E isso pode ser libertador! Descobrir que se você apanhou não foi porque era mau, nem porque merecia e que nenhuma criança merece ser maltratado, pode fazer muita diferença em sua autoestima e no modo como você se trata hoje.

Todos nós carregamos situações de nossa infância que ficaram guardadas em nosso inconsciente, e sem que você perceba, podem se fazer presentes. Como assim? Você já percebeu como você se trata? Sabia que tendemos a nos tratar do mesmo modo como fomos tratados quando criança? Por exemplo, se você se sentiu abandonado quando criança é bem provável que continue se abandonando, ou ainda, tendo relacionamentos com pessoas que te abandonem. Pode ser também que tenha um chefe tão autoritário quanto seu pai era com você. Ou pior, pode repetir com seus filhos aqueles mesmos comportamentos que seus pais tiveram com você. Pode sentir muita dificuldade em se defender como aquela criança que quando chorava ou corria para não levar uma broca ou apanhar, era ainda mais punida. Enfim, muitas situações que vivemos na vida adulta são reflexos de como fomos tratados durante nossos primeiros anos de vida.
Uma das maiores sequelas daquilo que vivenciamos e sentimos durante a infância é a repetição de padrões de relacionamentos e/ou comportamentos. E esse padrão só é rompido quando temos consciência de sua origem.

Alice Miller, que escreveu muitos livros e estudou sobre a importância do rompimento do silêncio do sofrimento da infância já dizia: "A consciência dos sentimentos da infância não mata, liberta". Pura verdade!

As pessoas que atendo no consultório muitas vezes me procuram exatamente para explorarem as dores que foram sentidas e reprimidas na infância porque percebem o quanto o passado continua a contaminar suas vidas. Outras só percebem isso no decorrer do processo. E cada vez mais confirmo a diferença que faz acolher essa criança ferida que ainda mora dentro de nós!

Em breve estarei realizando um workshop presencial em São Paulo para ajudar adultos a identificarem as possíveis causas de suas dores passadas e que ainda se fazem presentes.
Se quiser maiores informações acesse meu site: link lá você encontrará vídeos e fotos dos workshops já realizados ou entre em contato: (11) 9 9950-5095 ou email.



por Rosemeire Zago

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Sobre o autor
zago
Rosemeire Zago é psicóloga clínica CRP 06/36.933-0, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Estudiosa de Alice Miller e Jung, aprofundou-se no ensaio: `A Psicologia do Arquétipo da Criança Interior´ - 1940.
A base de seu trabalho no atendimento individual de adultos é o resgate da autoestima e amor-próprio, com experiência no processo de reencontrar e cuidar da criança que foi vítima de abuso físico, psicológico e/ou sexual, e ainda hoje contamina a vida do adulto com suas dores.
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