Em 2002 eu escrevi aqui no blog: O teletransporte de vários feixes de fótons foi conseguido. É um grande passo no desenvolvimento dessa tecnologia. Aliás, existe uma característica interessante de um certo tipo de fóton criado em laboratório que possui um "irmão gêmeo", que esteja ele onde estiver, assume a mesma posição do outro "irmão". Gire o fóton numa direção em Paris e o outro fóton, nos EUA, vai girar na mesma hora, pra mesma posição. A ciência é uma coisa fantástica!
Pois é. Estamos em 2020 e cientistas da Universidade de Bristol e da Universidade Técnica da Dinamarca conseguiram realizar o teletransporte quântico de informações entre dois chips de computador pela primeira vez. A equipe conseguiu enviar informações de um chip para outro instantaneamente sem que eles estivessem fisicamente ou eletronicamente conectados. Esse tipo de teletransporte é possível graças a um fenômeno chamado entrelaçamento quântico, no qual duas partículas se tornam tão emaranhadas que podem "se comunicar" a longas distâncias. Alterar as propriedades de uma partícula fará com que a outra mude instantaneamente também, não importa quanto espaço as separa. Em essência, as informações estão sendo teleportadas entre eles.
Esse é o primeiro passo para a Internet quântica: Imagine uma empresa como a Netflix, que precisa ter dezenas de datacenters em vários locais do mundo pra poder transmitir seus filmes com velocidade. Ela precisa abastecer eles com novos filmes e informações diariamente, através de caríssimos cabos internacionais de fibra óptica. Imagine precisar atualizar apenas UM servidor e todos os outros entrelaçados se atualizarem no mesmo segundo, sem conexões, sem perigo de interceptação, hackers (esses servidores não teriam porta de entrada, só de saída), etc.
Foram 67 anos pra sairmos da teoria (de Einstein, Podolsky e Rosen) pra prática, e apenas 7 anos pra sair do primeiro teste com um fóton pra uma aplicação prática na computação. O que nos reserva o futuro?
O que vou fazer abaixo não é uma fanfic, um romance de ficção científica e, sim, uma extrapolação da tecnologia que estamos desenvolvendo HOJE:
Existe uma demanda real por comunicação universal. A NASA pretende botar o ser humano em Marte por volta de 2030. As tecnologias pra isso precisam ser desenvolvidas AGORA. E a aplicação do chip entrelaçado nisso tudo é mais do que um luxo: é uma NECESSIDADE. Devido à distância, nossa voz/imagem/dados leva 14 minutos pra chegar à Marte, e vice-versa. Pode parecer pouco, mas receber uma informação importante em outro planeta com 14 minutos de atraso pode ser questão de vida ou morte. A NASA vai investir dinheiro nisso aí. Veja o curto caminho que percorremos desde que soubemos que era fisicamente possível entrelaçar fótons: 7 anos! Não é loucura imaginar uma aplicação científica disso em poucas décadas. E o que isso vai abrir? A possibilidade de robôs nossos em Marte e nos outros planetas do sistema solar, controlados remotamente, SEM delay (ou seja, sem o tempo entre enviar e receber o comando). Poderemos estar presente na superfície de Vênus, com suas altas temperaturas e pesadas nuvens, sem precisar mandar ninguém e sem a necessidade de um robô com partes sensíveis expostas, como por exemplo antenas de um sistema de comunicação.
Só que, por que parar nos planetas do sistema solar? Estamos a cada dia descobrindo novos planetas com capacidade de abrigar vida em outras estrelas. O Ser Humano VAI querer chegar lá. Com o problema da comunicação resolvido, o que vai restar para a exploração espacial resolver é o problema da distância e durabilidade dos equipamentos. Radiação, frio, calor, meteoritos. o espaço é inóspito. E, uma vez chegando no destino, não vai dar pra ficar mandando mais peças de reposição e novos equipamentos (pelo menos não nas próximas centenas de anos, que é o tempo pra chegar em alguns planetas mesmo a velocidades próximas a da luz), então os robôs controlados em tempo real que virão serão apenas o nosso tubo de ensaio para um outro passo, baseado numa tecnologia que estamos dominando velozmente: o DNA. Esse passo vai ser controlar seres biológicos como se fossem robôs. Exatamente como os personagens do filme Avatar. Os seres teriam de ser criados juntos pro entrelaçamento funcionar, e depois separados. O que um fizesse, o outro faria. Exatamente como o Nestor de Mercenários das Galáxias.
Olá, Eu sou o Nestor
Agora imagine que, com a evolução da ciência esse entrelaçamento pudesse ser replicado e expandido através da reprodução das células, exatamente como os midichlorians de Star Wars EP I. E que NOVOS seres, nascidos (ou criados) dos descendentes desses robôs orgânicos (lá nos outros planetas) tivessem uma contraparte aqui na Terra? As vantagens seriam óbvias: os seres controlados remotamente poderiam fazer NOVOS e melhores modelos de onde estão, sem precisar enviar novos lotes de robôs biológicos da Terra, e a matéria-prima biológica pra fazer esses novos seres seria infinita: células-tronco que se reproduzem e assumem qualquer forma/função. Exatamente o que temos hoje em nossos corpos.
Loucura? Fui longe demais? Não. Enquanto escrevo cientistas estão desenvolvendo CÉREBROS, alguns ainda em sua infância, mas o que segura a evolução é justamente a ética de não criar (ainda) uma consciência em laboratório. Mas todos nós sabemos que a ética não vai segurar o avanço da ciência por muito tempo, e combinado ao CRISPR e sua evolução, em poucas décadas teremos a capacidade não só de moldar, mas CRIAR DO ZERO novas criaturas. E isso acoplado a um programa espacial que precisa se deslocar cada vez mais longe no sistema solar, em lugares cada vez mais inóspitos, é essencial. Nada é mais resiliente que a VIDA. Não exatamente a NOSSA vida humana. Temos um corpo adaptado a uma certa atmosfera, somos sensíveis a muitas coisas, mesmo com as carapaças tecnológicas com as quais nos envolvemos. Mas a VIDA na Terra já nos mostrou que sobrevive em praticamente QUALQUER ambiente. E se dominarmos a VIDA, poderemos fazer seres resistentes a radiação, que hibernem por longas décadas sem precisar de muita energia, que enxerguem melhor na escuridão do espaço, e o mais importante: que se reproduzam. E esses seres, completamente desenhados por nós, estariam conectados remotamente, através do entrelaçamento, a nós aqui. No caso, uma interface biológica que recebe as informações e as armazena num computador. Maluquice minha? Não. Já é uma realidade HOJE, com cientistas conectando e dando ordens ao cérebro pela Internet. Elon Musk é outro que está desenvolvendo interfaces com o cérebro humano. Mas um ser que precisasse ser controlado o tempo todo não é muito prático. O próprio filme Avatar mostra isso, quando por um acidente se perde a conexão e o espécime fica vulnerável. Por isso o próximo passo seria desenvolver uma consciência residual, com uma programação básica de autopreservação e manutenção que, quem sabe, vá aprendendo com a interação ao seu redor e desenvolvendo uma personalidade. como o T-800 de Exterminador do Futuro.
Loucura? Pense a respeito, e verá que não. É uma extrapolação natural. Agora imagine isso em ação. será que, após milhares de anos com esses seres isolados de seus criadores, entretidos em sua missão de explorar, saberiam que tudo o que vêem e sentem está ligado a algo ou alguém? Talvez essa informação não fosse tão relevante assim pra ser passada de geração pra geração. Talvez tenham tentado passar, mas ela se perdeu no caminho. Talvez não acreditem.
E se esses seres forem... nós?
Referência: Techtudo: O que é Internet Quântica?
por Acid
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Sobre o autor
Acid é uma pessoa legal e escreve o Blog www.saindodamatrix.com.br "Não sou tão careta quanto pareço. Nem tão culto. Não acredite em nada do que eu escrever. Acredite em você mesmo e no seu coração." Email: Visite o Site do Autor