Eu olho para a noite da grande cidade...
E vejo algo mais.
Sim, eu vejo as montanhas sagradas...
Onde, outrora, eu estive aprendendo.
Lá, naquelas alturas, que só o coração conhece.
E eu também vejo a campina baixa...
Onde, no meio das brumas, eu também aprendi algo.
Lá, os espíritos da natureza cantavam e rodopiavam...
Enquanto a Presença* me envolvia com amor.
Era a iniciação celta, quando eu aprendi a escutar.
Ah, muitas vezes eu voei acima daquelas montanhas...
Sim, nas asas da viagem espiritual.
Outras vezes, eu escutava o sussurro da natureza em torno...
Então, eu deixava o meu coração falar com os espíritos.
E foi assim que eu aprendi a evocar o infinito.
Por isso, eu olho para o negrume da noite chuvosa...
E continuo vendo as montanhas e a campina baixa.
Então, os espíritos vêm novamente, rodopiando em torno...
E eu continuo deixando o meu coração falar com eles.
Enquanto o infinito continua descendo em mim.
Eles dançam em torno...
E me falam de imortalidade da consciência.
Ah, eles me pedem para escrever sobre isso e iluminar a noite.
E também me dizem que lar é onde está a sintonia do que eu sou...
E que as montanhas e a campina baixa moram em meu coração.
P.S.: Ah, eu continuo olhando além...
Pois a Presença continua me abraçando.
Então, o negrume da noite vira infinito...
Pois a iniciação celta não tem tempo, é sintonia espiritual...
E eu não sei mais o que dizer.
- Wagner Borges - mestre de nada e discípulo de coisa alguma.
- Notas:
* A Presença - metáfora celta para o Todo que está em tudo.
Obs.: Música que eu estava ouvindo enquanto editava estes escritos:
Dancing - da vocalista irlandesa Joanne Hogg.