Jordan Peterson esteve no Brasil e palestrou muito bem sobre a morte dos nossos ideais e a importância de falar a verdade como um desafio pessoal, e no meio de tudo isso, contou a história de Caim e Abel, trazendo à tona um contraste entre a agricultura e a caça-coleta.
Este contraste reflete dois modos de vida distintos: a agricultura, com seu cultivo cíclico, perpetuado por gerações, oferece estabilidade, rotina e um sentido de pertencimento territorial. A caça-coleta, por outro lado, é mais nômade e menos fixo.
Abel simboliza o amor e o cuidado pela terra, refletindo valores como patriotismo e amor à família. Esses valores estão interligados, e seu declínio é perceptível em nossa sociedade moderna. A figura de Abel representa a virtude de cultivar e proteger a terra, algo que se estende naturalmente ao patriotismo e ao amor à família.
Caim, por outro lado, é movido pela inveja e pela falsidade. Ele engana Abel e, posteriormente, o mata, destruindo assim o virtuoso. Este ato de inveja e destruição reflete uma tendência contemporânea de perseguição aos valores tradicionais, como a família. A inveja leva à destruição de tudo que é virtuoso, criando um vazio existencial.
A agricultura representa a fixidez, a conexão com a terra e a família, aspectos que Oswald Spengler observou em sua obra O Declínio do Ocidente. Segundo ele, à medida que as megalópoles entram em declínio, surge uma massa urbana despersonalizada, desconectada da terra e da família. Esta desconexão é evidenciada pela visão de que o dinheiro não tem pátria e, portanto, a vida se torna sem raízes e sem a vontade de ter família e filhos.
Após matar Abel, Caim enfrenta a solidão e o vazio existencial. Esta solidão é resultado da desconexão com os valores tradicionais e da destruição dos mesmos. A sociedade moderna, ao destruir a família e os valores tradicionais, cria um vazio que não pode ser preenchido facilmente. A busca por um paraíso terreno, através da tecnologia e de soluções distópicas, não resolve a solidão existencial.
Assim como na história da Torre de Babel, que pode ser entendida como uma metáfora para a tentativa humana de alcançar o paraíso sem o sacrifício necessário. A busca por soluções megalomaníacas e transhumanistas para resolver problemas globais, como a crise da natalidade, leva a um desastre.
A ideia de construir um paraíso na terra através da tecnologia e da centralização global resulta em mais caos e desilusão.