A espécie humana tem se destacado no planeta por sua capacidade de criar e inovar, ultrapassando em muitos aspectos as realizações de outras espécies. Nossa habilidade de manipular recursos naturais levou ao desenvolvimento da agricultura, medicamentos, cirurgias e até vacinas que erradicaram doenças.
Foi Darwin que disse que a sobrevivência depende da adaptação e não apenas da força ou inteligência. Muitas espécies não precisaram desenvolver cérebros complexos porque suas estratégias adaptativas não exigiam isso, como os leões, por exemplo, que mesmo sendo mais fortes e velozes, foram os humanos que dominaram o mundo. Hoje, somos mais de 8 bilhões!
O tamanho do cérebro não é a única medida de inteligência. Por exemplo, elefantes têm cérebros maiores, mas não são mais inteligentes. O cérebro precisa processar muitas funções corporais básicas, o que exige uma central de processamento maior. Em termos de proporção cérebro-corpo, humanos estão fora da curva. Nosso cérebro é 8 vezes maior do que o necessário para funções básicas, permitindo dedicar mais massa cerebral para funções complexas, incluindo a inteligência.
Mas manter um cérebro grande traz desafios. Em algumas espécies tem um aumento do tamanho dos neurônios o que resulta em reflexos mais lentos, mas nos humanos acontece diferente, um aumento do número de neurônios e mantendo-os pequenos, o que preserva a densidade e velocidade de processamento. Temos cerca de 100 bilhões de neurônios compactados em um cérebro de um quilo e meio, contrastando com os neurônios maiores de roedores. Se esse bicho fosse, assim como nós, com cem bilhões de neurônios, baseado no tamanho médio dos seus neurônios de roedor, seu cérebro seria muito grande e acabaria pesando 45 quilos!
Nosso cérebro consome cerca de 25% da nossa energia diária, apesar de representar apenas 2% da massa corporal; em comparação, outros primatas gastam apenas 9% da energia diária em seu cérebro. Esse nosso consumo energético elevado cria um problema que exige uma dieta rica, o que nossos ancestrais conseguiram resolver ao dominar o fogo.
O aumento do volume cerebral e número de neurônios tem limites físicos e a nossa capacidade intelectual já está próxima do limite.
Essa inteligência toda também traz complicações anatômicas. O desenvolvimento do cérebro humano não está completo no nascimento, pois uma cabeça maior seria problemática no parto. Isso faz com que bebês humanos nasçam menos desenvolvidos e dependam dos pais por mais tempo, exigindo mais cuidado e energia.
Um efeito colateral de tudo isso é que esse desenvolvimento nos permitiu explorar os recursos naturais de maneira descontrolada, levando a contaminação ambiental e mudanças climáticas. Esses impactos não afetam apenas humanos, mas todas as formas de vida na Terra.
Se esse nosso superdesenvolvimento cerebral resultar em extinção, a inteligência pode ser vista não mais como uma adaptação formidável, mas como uma verdadeira maldição.