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Niilismo e a busca pela eternidade

Niilismo e a busca pela eternidade
Publicado dia 7/6/2024 11:45:46 PM em Autoconhecimento

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Em uma de suas impactantes aulas, o professor Clóvis de Barros Filho explora a complexa filosofia de Friedrich Nietzsche, focando na crítica ao niilismo e nas forças que regem o mundo. Para Nietzsche, o niilismo não é simplesmente a ausência de valores ou a busca desenfreada por prazeres efêmeros, como comumente se entende. Ao contrário, Nietzsche vê o niilismo como uma negação do mundo da vida em favor de ideais transcendentais, seja em termos religiosos ou ideológicos.

A distinção central na filosofia de Nietzsche é entre forças ativas e reativas. As forças ativas são aquelas que surgem da própria vontade de poder, da energia vital que move os indivíduos a criar, inovar e transformar. Exemplos dessas forças podem ser vistos em figuras como artistas e atletas, cuja expressão é uma manifestação direta de sua vitalidade interna. Em contraste, as forças reativas não criam; elas respondem, obstruem e limitam. São as forças que predominam quando a ação se dá em reação a outra, e não de forma autônoma.

Nietzsche identifica o niilismo com a busca por transcendência, seja ela religiosa ou ideológica. Tanto o cristão que espera a vida eterna no paraíso quanto o comunista que almeja uma sociedade sem classes negam o valor intrínseco do mundo presente, voltando-se para um ideal superior e futuro. Essa negação do mundo da vida é, para Nietzsche, a essência do niilismo. É a recusa de aceitar a realidade tal como ela é, em favor de uma promessa de redenção que nunca se realiza no mundo sensível.

Para Nietzsche, o cristianismo é uma forma de niilismo porque nega o valor da vida terrena em nome de uma existência futura em um paraíso celestial. De forma semelhante, o comunismo, ao idealizar uma sociedade perfeita e sem classes, também nega a realidade presente em favor de um futuro utópico. Ambos são exemplos de como as forças reativas operam na sociedade: desviando a energia vital dos indivíduos para metas transcendentes, que estão além do alcance da experiência imediata.

Uma das razões pelas quais a humanidade sempre buscou a transcendência, segundo Nietzsche, é o medo da finitude. A deterioração, o envelhecimento e a morte são realidades dolorosas que as ideologias transcendentais tentam eliminar. Ao prometer um estado eterno e imutável, seja através da vida após a morte ou de uma utopia futura, essas crenças oferecem uma fuga da transitoriedade da existência humana.

Nietzsche vê a moralidade tradicional como uma criação das forças reativas. As regras morais, longe de serem expressões de uma força vital ativa, são imposições feitas para limitar e controlar a expressão plena da vida. Elas são ferramentas de poder usadas pelos fracos para dominar os fortes. Na moralidade convencional, aqueles que são regidos por forças reativas estabelecem normas que reprimem a vitalidade dos indivíduos, promovendo uma conformidade que nivela por baixo.

De acordo com Clóvis de Barros Filho, Nietzsche vê a democracia e a ciência como expressões da vitória das forças reativas. A democracia, com sua premissa de igualdade absoluta, favorece os fracos ao subordinar os fortes a uma norma coletiva. Da mesma forma, o método científico, ao enfatizar a objetividade e a repetibilidade, elimina a singularidade e a paixão individual, pasteurizando a criatividade e a inovação.

A arte, de acordo com ele, seria um dos poucos domínios onde as forças ativas podem predominar. O verdadeiro artista é aquele que, movido por sua energia vital, cria algo único e irrepetível. A arte, neste sentido, é uma manifestação pura da vontade de poder, uma expressão direta das forças ativas que resistem às imposições das forças reativas.



A IMPERDÍVEL aula de Clóvis de Barros Filho sobre Nietzsche pode ser assistida acima e nos convida a reconsiderar o significado de niilismo e a importância das forças ativas e reativas na sociedade. Essa filosofia nos desafia a abraçar nossa vitalidade e a reconhecer a dinâmica das forças que moldam nossas vidas, promovendo uma compreensão mais clara da condição humana.

por Rodolfo Fonseca

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Rodolfo Fonseca é co-fundador do Site Somos Todos UM
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