Friedrich Nietzsche, em sua obra Aurora, publicada em 1881, inicia uma crítica incisiva à moralidade cristã, abordando preconceitos morais profundamente enraizados na sociedade. Nesta análise, Nietzsche se concentra na psicologia dos indivíduos que aderem ao cristianismo, explorando as motivações e consequências dessa adesão para suas vidas e personalidades. Sua crítica revela o caráter hostil e paranoico da moralidade cristã, que ele considera prejudicial tanto para os indivíduos quanto para a sociedade como um todo.
Nietzsche argumenta que a moralidade cristã, fundamentada em conceitos como pecado e vida após a morte, cria uma visão distorcida da realidade. Esses conceitos, segundo ele, não têm correspondência com o mundo real e colocam os cristãos em uma posição psicológica desfavorável desde o nascimento, quando são considerados pecadores por causa do pecado original. Essa visão depreciativa da vida terrena induz uma paranoia constante, onde o indivíduo cristão vive sob a vigilância contínua de um Deus julgador, que observa cada ação, por menor que seja, com o objetivo de determinar sua salvação.
Essa constante vigilância divina, segundo Nietzsche, gera comportamentos hostis e paranoicos. Os cristãos são encorajados a amar seus inimigos e a seguir uma lei de amor perfeito que ele considera inatingível. Isso cria uma situação de estresse e vigilância contínua, tanto em relação a si mesmos quanto aos outros, levando os cristãos a desejar inconscientemente o mal alheio para aliviar sua própria culpa e elevar-se moralmente.
Além disso, essa moralidade impõe um padrão único de comportamento que reprime as potencialidades individuais, especialmente dos mais fortes e capazes, em nome de um nivelamento que, para Nietzsche, é prejudicial à humanidade.
Em última análise, Nietzsche vê o cristianismo como uma força que adoece a mente e o espírito, argumentando que seus mandamentos e dogmas, ao invés de promoverem a saúde e o bem-estar, criam uma existência marcada pela culpa, vigilância, e repressão. Essa moralidade, segundo ele, não só prejudica o indivíduo, mas também impede o progresso da humanidade, nivelando todos por baixo e sufocando o desenvolvimento das qualidades excepcionais que poderiam beneficiar a sociedade como um todo.