O Eneagrama, um diagrama ancestral de 9 pontos foi introduzido no ocidente por George Ivanovich Gurdjieff, (1872-1949) um bielo russo, místico que nas suas andanças pelo oriente entrou em contato com os sufis através da Irmandade Sarmoun, onde aprendeu com os místicos os conhecimentos por eles recebidos como herança dos sábios da antiguidade.
Recentemente, por volta de 1970, é que se desenvolveu um estudo do Eneagrama voltado para os tipos de personalidade, pois Gurdjieff não abordava o Eneagrama nesta linha de conduta. Foi através do boliviano Oscar Ichazo, que parece ter aprendido com mestres sufis, que fez com que o Eneagrama da personalidade fosse conhecido como uma formação do sistema egóico representado por 9 pontos de fixação do ego e que obedeciam as mesmas leis de formação, trilhando os mesmos caminhos e caracterizados pelo mesmo diagrama. Fundou o Instituto Arica no Chile, onde realizou inúmeros seminários e conferências com pessoas escolhidas e que passaram então a divulgar, escrever livros, criar meios e condições para que o Eneagrama fosse conhecido em todo o mundo, afim de que cada um pudesse reconhecer a sua essência atingindo uma sabedoria superior, uma conscientização divina sobre si próprio e sobre o mundo, uma maturidade espiritual.
Há muitos séculos, estudos são realizados, em várias áreas do conhecimento humano a fim de encontrar uma tipologia que pudesse enquadrar todos os seres humanos. Assim, sabe-se que a mais de 5 mil anos, inúmeras tentativas de criar "tipos de personalidade" existiram. Desde Hipocrates até hoje são realizados estudos exaustivos para fazer um mapa que possa transmitir uma visão geral do comportamento humano. Todas as tentativas encontraram um grande problema que é a de colocar as pessoas em certos compartimentos psicológicos, de forma que pareçam ser, de uma forma ou outra, do tipo: "é assim e pouco pode ser feito". Isto sem falar das definições teóricas serem muito complicadas até para o psicoterapêuta, quanto mais para o cliente poder entende-las e aplicá-las. O determinismo invalida a procura e o encontro, se não há possibilidade de mudança.
O Eneagrama, por não ser um sistema fixo, propicia um movimento dinâmico, impossível de rotular e torna-lo imutável. O melhor deste mapa tipológico é que ele possui uma dinâmica interna que está orientada para a compreensão, conscientização e, principalmente para uma mudança, não só para uma classificação. O que menos importa é colocar um rotulo na testa de uma pessoa... Tudo isto, levando sempre em conta o "material genético" que já vem com programações e direcionamentos específicos. Viemos como uma semente que já traz consigo todas as potencialidades bem como determinados impulsos. A semente gera uma raiz que não pode ser mudada. Está enterrada e produz uma seiva que é enviada ao seu caule, ramos e folhas, os quais, estes sim, podem ser mudados. Podem ser aparados, cortados e até desenhados.
Poucas são as pessoas que se preocupam, realmente, com o seu verdadeiro EU interior e que acham importante se conhecer de verdade, tirar as mascaras, conhecer os seus mecanismos de defesa, seus pontos fracos, os seus pontos pseudofortes e os realmente fortes. Conhecer os seus pontos cegos, aqueles que não queremos ou não gostamos de ver. Na verdade, morremos de medo do que poderemos encontrar se nos olharmos num espelho, sem mascaras, olho no olho. Às vezes o que podemos encontrar não é tão feio assim. Algumas coisas podem ser feias, outras muito feias. Depende o quanto estamos preparados para enfrentar o nosso EU verdadeiro interior. A mente humana percebe o mundo basicamente de três formas: pensar, sentir, atuar. O equilíbrio entre estas três formas é que pode propiciar uma personalidade mais completa e desejável.
Você, basicamente, faz parte de um grupo de pessoas, (quase 700 milhões), que tem, aparentemente, características muito diferentes, mas que, em sua "raiz", são iguais. A diferença fica por conta do tipo de alimentação que ingeriu, da formação da pessoa, onde ela viveu, como foi criada, dos seus estudos acadêmicos, etc. Em outras palavras: um servente de pedreiro pode ser do mesmo eneatipo que um cientista mundialmente famoso. Todos os eneatipos têm aspectos que vão de uma escala de ótimo a péssimo. Nenhum dos 6 bilhões de habitantes da face da terra pode ser considerado de um eneatipo ótimo, assim como nenhum pode ser considerado péssimo. Numa escala, nenhum eneatipo é, especificamente, melhor ou pior que o outro. A questão é: como lidamos com as nossas melhores e piores qualidades. Alguns aspectos fundamentais de um eneatipo, podem estar "perdidos", "camuflados" ou, ainda "mudados" de acordo com as necessidades da vida. Mas uma pessoa pertence somente a um único grupo, um só eneatipo dentre os 9 desta classificação. As características trazidas pela "raiz" e por aqueles aspectos adquiridos do meio ambiente, durante a formação e crescimento, ficam mais claros até os 20/25 anos de idade. Após isso podem se modificar, se adaptar, em função de circunstâncias existenciais, idade mais avançada, mecanismos de defesa muito estratificados, que tornam um pouco mais difícil a tarefa de se achar o eneatipo da pessoa. Então, quando você ler uma afirmação eventual sobre o seu eneatipo e esta for questionável, volte ao passado, antes dos 25/20 anos de idade e procure eventos que possam confirmar alguns aspectos que hoje não são claramente percebidos. Lembre-se, a raiz permanece sempre a mesma. As folhas os ramos e o caule podem ser modificados, aparados, ajustados, cortados mas, podem voltar ao que eram antes com o tempo e as circunstâncias. Algumas pessoas, a maioria, encontram o seu eneatipo com certa facilidade. Outras, têm uma certa dificuldade de apontar um único tipo. Pode acontecer que a própria pessoa se reconheça ou outras pessoas a reconheçam como sendo caracteristicamente de um determinado eneatipo e, após um tempo, o verdadeiro eneatipo aparece. Isto acontece porque em alguns casos, as pessoas podem pensar, agir, atuar, de maneira muito próxima e semelhante de um eneatipo diferente. Similaridades são comuns em função dos subtipos, (são 27 possíveis), dos mecanismos de defesa, que atuam de maneira a bloquear e confundir o encontro do verdadeiro eneatipo. Uma orientação individual e/ou uma vivência grupal pode, em certos casos apontar com segurança o verdadeiro eneatipo da pessoa, pois o seu verdadeiro EU só é encontrado e reconhecido por ela mesma. É um trabalho muito subjetivo e não existe uma ciência exata e nenhum teste que poderá mostrar claramente o caminho a ser seguido. Ninguém poderá dar a uma pessoa aquilo que ela não possui, a não ser ela mesma...
Antes de continuar gostaria de colocar algo que me surgiu, de repente. Muitos leitores podem, neste ponto, chegar a conclusão de que: "shi... lá vem mais um assunto de auto-ajuda... A gente lê, acha bonitinho e depois nada acontece.." É verdade se você, após as informações lidas achar que: "ta bom, muito interessante, qualquer hora eu vejo melhor.." então você tem razão, não vai acontecer nada. A coisa fica como: "é... conheço algo sobre esta coisa que é o Eneagrama..." Se você, entretanto achar interessante, e quiser seguir em frente fique sabendo que esta viagem é muito leve, gostosa, alegre, mas... precisa ter muita coragem. Segundo alguns autores, não é uma viagem para covardes. É uma viagem que pretende chegar até o fundo de sua alma a fim de se vislumbrar por inteiro. Para descobrir a verdade a respeito de si próprio. Para transformar os aspectos negativos em possibilidades positivas e criadoras. Na verdade, é uma viagem que uma vez iniciada e assumida leva toda uma vida... Se você aceitar o convite, vamos lá! Mas calma, vamos devagar, com muito bom humor. Sim porque a medida que você for se reconhecendo, fica até certo ponto, engraçado... e você sabe: rir sempre é o melhor remédio.
Algum dia, em qualquer parte, a esmo
Indefectivelmente, você se encontrará
Consigo mesmo...
E só aí, nesse momento
Talvez, irás te surpreender
Ser esta hora a melhor e mais linda
O que só de ti irá depender,
Ou a pior e mais infinda...