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Psicoterapia eu?? Não sou louco!

Psicoterapia eu?? Não sou louco!
Publicado dia 9/16/2002 11:46:52 AM em Psicologia

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Imagine uma sala escura que você não conhece e vai entrar pela primeira vez, o papel do psicoterapeuta é acender a luz, com a claridade você poderá ver o que tem na sala e decidir o que quer fazer com isso, onde quer sentar, se quer mudar algo de lugar, se vai trocar a mobila ou a cor das paredes, etc... Algumas pessoas acreditam erroneamente, que o psicoterapeuta esta lá para dizer o que você deve fazer com sua vida e por isso não o procuram.

A palavra PSICOTERAPIA vem de therapia - que significa tratar, cuidar e psic.(o) que se refere a mente, portanto, psicoterapia é um processo de busca de conhecimento e desenvolvimento pessoal e principalmente de ajuda. PSICOTERAPIA não é magia, o psicólogo não tem uma varinha de condão que vai alivia-lo de todos os seus males ou resolver todos as suas dificuldades. A psicologia é uma ciência e uma profissão que tem como objeto de estudo o comportamento humano. O que basicamente orienta o psicólogo não é sua forma pessoal de compreender o mundo, o psicólogo não é um professor da vida, é um profissional treinado e habilitado para conduzi-lo nesse difícil processo de AUTOCONHECIMENTO.

O papel do psicoterapeuta é iluminar o caminho para permitir que você faça escolhas, é difícil escolher no escuro. Não é um doutrinador, alguém que vai impor seus valores morais, crenças e verdades próprias. Também não é um juiz que vai decidir entre certo/errado ou dar seu parecer sobre o que pensa a respeito deste ou daquele comportamento. É alguém que fará uma proposta de relação de respeito, aceitando você como é em sua completude, com suas particularidades, incondicionalmente. Lembre-se: aceitar não significa concordar.

Apesar da similaridade humana, as pessoas são diferentes, justamente por isso, cada processo de psicoterapia é único, cada pessoa é especialmente diferente em suas necessidades, em seu ritmo, e em seus potenciais emocionais, físicos e intelectuais.

Psicoterapia è um processo de “mão dupla” onde é necessário alguém que queira ajudar (psicoterapeuta) e alguém que queira ser ajudado, mas principalmente, esteja disposto a se ajudar. Ninguém ajuda ninguém que não queira ser ajudado, já dizia meu avô.

Quem são os Psicoterapeutas? São os profissionais da área da saúde (Médicos-Psiquiatras e Psicólogos) que se especializam no tratamento clínico. É importante que você escolha alguém com quem você tenha um mínimo de empatia, que seja de sua confiança, ou indicado por alguém em quem confie, além é claro, de ser um profissional preparado para essa função.

Porque as pessoas fazem psicoterapia? O ser humano é resultado de sua historia, nascemos com potenciais de saúde (características herdadas) e necessitamos de provisão externa para nos desenvolver. Somos influenciados e influenciamos todo o tempo. Nascemos totalmente espontâneos e criativos e somos moldados para vivermos socialmente, podados de forma mais ou menos severa, dependendo da visão de mundo e principalmente da saúde interna de nossos educadores.

Recebemos modelos sociais todo o tempo, os mais fortes geralmente são os que surgem de nossas primeiras experiências de vida e de vivenciar a sociedade, que acontece através de nossos pais, ou daqueles que fazem esse papel. Você já parou para pensar que toda família tem um código particular? Você já presenciou uma troca de olhares entre dois irmãos que só eles entendem, sem precisarem dizer uma só palavra? Ou regras do tipo: quem se serve primeiro no jantar, as crianças ou os pais?, os da casa ou as visitas? Ou aquela regra que ninguém nunca falou mas que todos na casa sabem?, pois é, isto é família, é código, são alguns dos parâmetros que usamos para nos relacionar com o mundo, consciente e inconscientemente.

Algumas das dificuldades surgem, quando pensamos que todos são iguais, como se todos fossemos da mesma família, com as mesmas regras e hierarquias.

Lembro-me que certa vez, uma cliente chegou muito nervosa para a consulta, por conta de uma pequena briga com o namorado, que havia desencadeado uma certa “crise” na relação. Ela explicou que havia participado do famoso (e sagrado, para aquela família), ”almoço de domingo” na casa dele. Com a mesa posta, a família levantou-se e começou a se servir naturalmente. Ela dizia, ...”considerei uma tremenda falta de educação, parecia que ninguém estava preocupado comigo!”... nem se preocuparam em deixar que eu me servisse primeiro, afinal de contas eu era a visita!... e veja só... o meu namorado, sem entender minha revolta, dizia ...”o nosso objetivo era te deixar a vontade... é horrível quando alguém te trata como visita!”.

Este é apenas um dos inúmeros exemplos que encontramos em nosso dia a dia onde esperamos que os outros tenham a mesma atitude que teríamos nesta ou naquela situação, e que tirem as mesmas conclusões, que tiraríamos dos comportamentos. Neste caso, destacando apenas superficialmente a questão, ser especial para ele era fazer parte da família e para ela, ser especial era ser considerada visita. É claro que existiam outras questões em jogo como sua auto-estima baixa, e sua tendência a dar mais valor ao que não teve, neste exemplo ela não havia se dado conta, que tinha sido convidada para o “sagrado almoço familiar”.

O processo de psicoterapia faz também este trabalho de “pesquisa” e revela esses códigos, nossa forma de nos relacionar, nossas expectativas e desejos, ajudando a traze-los para a consciência, e uma vez conscientes, podemos enfim decidir o que fazer com eles, quais alterar e quais preservar.

Nós somos seres sociais, vivemos em relação todo o tempo e necessitamos do outro para crescer e nos desenvolver fisicamente (nos primeiros anos de vida) e psicologicamente (durante nossa vida toda).

Somos o resultado de nossas características hereditárias e do nosso potencial de saúde acrescido das influencias que recebemos, resultantes das crenças e dos valores morais de nossos pais/educadores.

Nascemos totalmente espontâneos e criativos e temos o potencial para nos relacionarmos afetivamente e intimamente, mas dependemos do aprendizado. As vivências que temos durante nosso desenvolvimento emocional moldarão nossa forma de perceber e ver o mundo, e nos darão parâmetros para nos relacionarmos com ele. São dessas experiências que nascem nossa auto-estima e nosso sentimento de segurança pessoal. O ser humano é dinâmico e sempre tem a possibilidade de crescimento e transformação, portanto as dificuldades emocionais que adquirimos como resultado de nossa historia de vida podem ser superadas.

Estamos continuamente aprendendo com nossas relações, todo o tempo. A relação de psicoterapia torna-se um novo modelo, uma nova proposta, onde passamos a compreender nossa historia, perceber e entender a nossa responsabilidade naquilo que nos acontece e onde contribuímos, mesmo sem perceber, para nossas dificuldades.



por Sirley Bittú

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Sobre o autor
Sirley Bittú é Psicóloga Especialista Clínica pelo Conselho Federal de Psicologia
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
Consultório (11) 5083-9533
Email: [email protected]
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