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O médico missionário

Publicado dia 1/7/2003 5:19:22 PM em Espiritualidade

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Lauro de Souza Lima, pode ser considerado um verdadeiro apóstolo da caridade, pois aplicava a medicina com o coração. Além de assistir aos doentes, não desprezava oportunidades de levar a consolação de amigo ou a esperança de missionário.
Nomeado médico no Sanatório Padre Bento de Guarulhos, numa época em que a medicina brasileira ainda não contava com medicação específica para a hanseniase, acabou assombrando o país, com seu trabalho verdadeiramente cristão.

Os doentes do mal de Hansen, em recuados e tristes tempos, eram escorraçados das cidades, tendo que viver nas matas, onde recebiam escassa alimentação e vestuário de algumas piedosas criaturas. Ninguém se atrevia a chegar perto daqueles homens e mulheres marcados pela hanseniase. Quando algum doente vinha até os lugarejos, a população o detinha, na base de agressão. Os doentes do Mal de Hansen constituíam uma sociedade marginalizada, destinada a sofrer e padecer desastradamente.

Lauro de Souza Lima, logo depois da nomeação, passou a verificar os problemas e os meios de dar uma assistência mais adequada. Era uma novidade a presença de um médico, e ainda jovem.

Numa tarde, fria, o Dr. Lauro andava pelos corredores do hospital recentemente construído, observado de longe pelos doentes, que não acreditavam nos seus bons propósitos. Foi andando até o fim do corredor, quando encontrou um doente seminú. Vendo que estava a sós, retirou a jaqueta que vestia e deu-a ao homem, que tiritava de frio. Lá de longe, os doentes, avistando tal procedimento, renderam graças a Deus, porque agora tinham certeza de que Jesus, o mestre incomparável, houvera de mandar um homem bom para suavizar suas dores.

De inicio a tarefa era ingrata e de pouco êxito. Diante disso, o Dr. Lauro tomou a decisão de viajar até Paris, onde poderia conseguir o remédio denominado Promim, que não existia no Brasil. Viajou decidido, deixando os seus amados doentes, lá no Sanatório.
Os doentes diante da viagem inesperada achavam que ele não retornaria jamais. E qual não foi à surpresa deles quando receberam, dias depois, longa e carinhosa carta do Dr. Lauro, que lhes recomendava para permanecer com esperança, porque se fosse bem sucedido no seu intento, logo retornaria com remédios. Faria alguns cursos, por lá, mas não iria esquecê-los.

O tempo passou, aumentando a amargura naqueles corações abandonados pela sociedade, até que num dia ensolarado, quando o pensamento de toda aquela malsinada comunidade se voltava para Jesus, numa oração triste, como a suplicar uma benção, eis que surge o Dr. Lauro de Souza Lima.

Retornara da França e tão logo pôde, se dirigiu ao Sanatório, em busca dos seus doentes queridos. Lá chegando, deu a boa notícia. Havia trazido o remédio que os salvaria.
Meses depois, com a aplicação segura e carinhosa daquela medicação, pelas mãos abençoadas do médico-missionário, vários doentes foram se recuperando. E contam os biógrafos deste médico, que no prazo de um ano, 500 doentes foram curados, ficando livres da doença.

Hoje, a hanseniase não assusta mais, porque há medicamentos adequados para conter o desenvolvimento da doença, caso exista numa pessoa, mas a dor da separação, tanto quanto o desespero criado pela indiferença, continuam a martirizar estes corações. O caso é que os doentes que ainda vivem em sanatórios, agora, precisam de outro e muito mais raro remédio. Eles precisam de amor, para acreditarem que Deus é bom e que a dor, realmente, é uma benção que o Criador envia a seus eleitos, conforme está assinalado no Evangelho.

Eu escrevi este artigo em Novembro de 1978, tendo sido publicado no jornal O Semeador da FEESP. Na época, atuávamos junto do Venâncio, Nércio, Dr. Rezende e muitos outros dando assistência espiritual e material para os hansenianos residentes em hospitais, como Pirapitingui em Itú, Padre Bento em Guarulhos, Santo Ângelo em Jundiapeba. Em janeiro do ano seguinte, eu estava lendo a Folha de São Paulo e fiquei assombrado com a notícia de que na região de Passos em Minas Gerais os doentes estavam sendo tratados de forma desumana.
Na época o governo iniciara um projeto com o objetivo de ressocializar o doente ou como se diz atualmente, fazer a sua reinserção social. Em Três Corações havia um hospital que abrigava por volta de 1.500 doentes. As verbas de manutenção foram retiradas e os doentes desalojados. Uma instituição mantida por freiras veio em socorro, assumindo a administração e manutenção do Hospital, mas abrigando apenas 500 pacientes. Os outros viviam pelas ruas ou em bairros construídos pela prefeitura nas periferias das cidades circunvizinhas.

A impossibilidade de trabalhar, no entanto, levava os doentes e seus filhos a praticarem a mendicância.

Pois bem, logo que li a reportagem, reuni alguns amigos de Guarulhos, a Jacinta e João. Eles tinham um parente, o Sr. Rachid, em Passos. Fomos para lá e as cenas que vimos eram monstruosas. Em São Sebastião do Paraíso, os doentes que perambulavam pela cidade eram capturados e jogados na carroceria de um caminhão e despejados fora da cidade. Notem bem, não estou aumentando nas expressões, não. Era isso mesmo que acontecia, porque as pessoas tinham medo de tocar neles. Outras viviam pelas estradas, em cabanas. Na região não havia médico, nem qualquer espécie de atendimento. Estavam banidas da sociedade e mais do que isto, do direito de viver.

O esforço hercúleo de Valter Venancio, capitaneando a Caravana da Fraternidade Jesus Gonçalves, mais a corajosa colaboração de todos que a integravam, fez com que se restaurasse o direito de viver àqueles cidadãos. Após várias palestras, entrevistas, campanhas e orientações os médicos e a sociedade aceitaram a presença dos doentes. E o Dr. Carlos Alberto (morava em Guarulhos e não era espírita), como que a reviver a presença do Dr. Lauro de Souza Lima, foi o pioneiro, organizando e colocando para funcionar o primeiro posto de saúde especializado em hanseniase naquela região.

Por isso tudo, mais uma vez, eu insisto em falar do sincronismo universal e da disponibilidade que deve sempre estar em nosso coração. Vieram até as minhas mãos uma pesquisa e informações sobre o Dr. Lauro, eu escrevi. O Semeador publicou e naturalmente isto criou uma atmosfera, um campo de energias propicio para as conexões. O outro jornal, Folha de São Paulo publicou a reportagem/denuncia, eu li a noticia e os amigos de Gaurulhos atenderam o apelo, se disponibilizando para ir até Passos. E daí, a vontade e humanidade dos integrantes da Caravana completaram a missão.
E atentem para os detalhes: O Dr. Carlos, de Guarulhos, os meus amigos de Guarulhos e justamente aqueles que se dispuseram a ir tinham um parente em Passos, facilitando nossa ida para lá.

Eu acredito que tudo isso tenha um sincronismo e que as mãos espirituais e o coração do Dr. Lauro de Souza Lima, estiveram presentes nesses fatos.

por Wilson Francisco

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Sobre o autor
wilson
Wilson Francisco é Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projeto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projetos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente. Participe do Projeto Mutação confira seus artigos anteriores
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