O momento de transição entre o ficar e o de só ter intimidades físicas com um namorado é extremamente importante, pois nos ensina muito a respeito da sexualidade adulta. De repente, as moças descobrem suas dificuldades em lidar com uma sexualidade que parece não se saciar e ficam com medo de se perderem, exatamente como lhes é dito.
Percebem outra coisa importante: que são desejadas pelos rapazes de um modo mais intenso do que os desejam. Ao mesmo tempo que se conscientizam de que é necessário tomar cuidado para não ficarem submetidas a um desejo muito intenso e contínuo, observam também que despertam um forte desejo em um grande número de homens de todas as idades. Isso faz bem à vaidade feminina, que se aguça de modo visível.
As moças, então, passam a viver uma espécie de obsessão pela perfeição física, pois isso lhes traria ainda maior número de admiradores. Junto com esse tipo de estímulo à vaidade, de alguma forma, percebem que a maior parte dos rapazes se tornam humildes e inseguros diante delas. Isso ocorre porque, nesse mesmo período, eles se frustram ao perceberem que não são desejados visualmente do mesmo modo.
Costuma-se dizer que as garotas amadurecem mais cedo do que os rapazes. O que ocorre, na verdade, é a descoberta de que há um jogo erótico entre os sexos. Ao contrário do que pode ter parecido às primeiras feministas, ser objeto do desejo sexual caracteriza uma condição de superioridade, o que poderá ser exercido de modo autoritário ou de forma delicada. As moças podem até mesmo abrir mão do poder que dispõem, mas sua sensualidade é percebida claramente como uma arma e as mulheres a usam até mesmo para se proteger contra os próprios desejos.
Poderão se valer dela para atingir outros objetivos, tanto de natureza prática e material como de caráter sentimental. Isso é uma vantagem apenas por um lado, pois acaba comprometendo a capacidade de vivenciar o sexo como simples fonte de prazer. Quando a sensualidade se transforma em arma, o prazer deixa de ser a prioridade.
O que acaba acontecendo? Muitas moças, especialmente as mais belas e atraentes, ficam totalmente escravizadas pela gratificação da vaidade assim obtida e não raro se desinteressam por outras coisas da vida – como estudos e trabalho. Também percebem que o poder sensual se atenua, quando não se extingue por completo, ao terem intimidades afetivas e prazer nas trocas de carícias.
As mulheres acabam tendo sua função sexual inibida e não raramente são incapazes para a resposta orgástica, agora percebida como o fim do poder, como se jogassem fora a arma que possuem. O resultado final desse encaminhamento tão comum é catastrófico. Melhor seria seguir a rota do prazer e abandonar a idéia do sexo como arma.