Publicado dia 2/17/2003 12:06:17 PM em Corpo e Mente
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O corpo é o grande aliado no caminho do autoconhecimento.
Preste atenção agora em como você respira, como se sente ou em que ritmo bate o seu coração. Abrindo-se para essas percepções você certamente identificará mensagens que remetem a outras instâncias da sua vida: a psíquica, emocional, afetiva, os relacionamentos, etc. O corpo sempre nos remete a instâncias que falam dos aspectos subjetivos da nossa existência: aspectos impalpáveis, difíceis de se lidar, conflitos e cisões internas que surgem no confronto com a nossa realidade externa. O corpo é o espelho de nossa vida anímica e portanto nos fala dos aspectos essenciais da nossa existência.
Mágico é o processo pelo qual ele nos leva a compreender, superar e transcender as limitações que trazemos ou desenvolvemos em vida.
Nossos valores culturais nos cindiram ao meio. Vivemos numa completa dissociação entre o corpo e a mente. Esta é valorizada em suas funções racionais, intelectualmente voltada para a objetividade de valores essencialmente materialistas. O corpo, por sua vez, é valorizado enquanto objeto estético. Por isso freqüentamos as academias, fazemos esteiras, musculação, ginástica aeróbica e toda série de exercícios mecânicas e automáticos, para deixar o corpo “sarado” (*), enquanto nos afastamos ainda mais da autoconsciência.
Entre o corpo e a mente, paira o difuso mundo dos sentimentos. E quando tentamos lidar com eles sob a mesma ótica, tratando-os como uma instância separada, nos damos mal. Caímos nos processos neuróticos, no circulo vicioso de uma abordagem fechada em si mesma, no dualismo do plano mental racional e dificultamos as possibilidades de crescimento e expansão de nossas potencialidades.
Somos seres complexos e mesmo que nunca possamos atingir, enquanto seres humanos, a clara visão do mistério da nossa existência, podemos ao menos aprender a desfrutar desse maravilhoso manancial de vida que é o nosso corpo.
O corpo fala. Expressa a nossa subjetividade. Quando nos deixamos ser ensinados por sua linguagem, quando aprendemos a ouvi-lo, desvendamos novas paisagens e caminhos, nos fortalecemos diante do cenário exterior.
O primeiro resultado é a autoconfiança. Você se sente em paz na própria casa. Você sabe como e onde pisa.
A respiração, quando sentida e experienciada com consciência, clarifica nossas relações com o que está fora, criando uma ponte com o nosso mundo interior. Nos redirecionamos porque ela nos revela quando nos deixamos influenciar por valores alheios, que não são genuínos do nosso ser mais profundo. Aprendemos a não fazer concessões nefastas, ao mesmo tempo em que adquirimos um novo olhar e vibramos sinceridade aos outros.
Os potenciais adormecidos começam a despertar. As limitações passam a não ser mais aceitas como condição inerente ou peculiar e são transpostas para que novas limitações possam ser desafiadas, trazendo novas questões. O mundo se alarga.
Múltiplas e variadas são as técnicas e abordagens no trabalho corporal e a veracidade de cada uma delas se sustenta na profundidade com que, quem a desenvolveu, tenha se permitido vivenciá-la. Mas quase todas, pode-se dizer, se apoiam ou se desdobram a partir de técnicas milenares, legadas por muitas gerações, desde que a humanidade surgiu e as grandes questões essenciais levaram o homem a pesquisar em si próprio os mistérios da existência, com o intuito de transpor seus conflitos, angústias e medos, em busca da transcendência da sua limitada condição humana.
Nesta trajetória, o corpo é o grande e principal aliado, por que o corpo não é só corpo físico. Os pensamentos não são produtos derivados de um processo exclusivamente bioquímico do sistema nervoso central. Os sentimentos não podem ser qualificados exclusivamente como processos hormonais. A vida inteligente não é algo que possa ser condicionada por processos puramente biofisiológicos e a vida psíquica um resultado direto e unilateral destes processos. Nossas teorias científicas não podem explicar o mistério essencial da vida, mas o nosso CORPO é fruto da magnitude deste mistério.
É VIAMAGIA, para quem souber colocar-se como aprendiz de suas fabulosas lições.